Aljezur e o seu folclore
Folclore em Aljezur
Grupos Etnográficos, Tradições e Atividades no Concelho
Grupo Recreativo Folclórico Amador do Rogil
Fundado em 1983, o Rancho do Rogil conta com um auditório, uma biblioteca, várias salas e diversas atividades.
Morada: Rua do Mercado, 23
8670 – 440 ROGIL
Telefone: 282 998 935
FOI NOTÍCIA
A 4 de novembro de 2017, o Barlavento – Semanário Regional do Algarve noticiava que Rancho do Rogil andava à procura de acordeonista, mas nova direção traz ideias e esperança.
Se não há quem dê uso ao acordeão, não há Rancho Folclórico. A história até se conta em poucas linhas e é com alguma emoção que Rosa Tomé, presidente da Direção da Sociedade Recreativa do Rogil, freguesia do concelho de Aljezur, traça a realidade. Há quatro anos que o grupo procura um acordeonista mas tem sido difícil encontrar quem tenha carolice suficiente para ajudar a manter vivo o projeto, o que levou à decisão de suspender, por tempo indeterminado, o rancho em 2013.
«Acredito que se tivéssemos acordeonista, o rancho voltava a ser constituído, porque há interesse por parte das pessoas. Começaríamos do zero. Há adultos que andaram cá, quando eram mais jovens, e que hoje já têm crianças. É o caso, por exemplo, dos meus filhos, que têm à volta dos 45 anos, e eu já tenho netos» que podiam ingressar na aventura. Aliás, foi assim que o Rancho Folclórico do Rogil deu os primeiros passos nos longínquos anos de 1981/1982.
Na altura, não era só treinar os passos para as atuações. O espírito de partilha também dava alento e levava a que se criassem laços de amizade naquelas paragens. À medida que o tempo foi passando, angariaram verbas para construir uma sede. «Tivemos muitas ajudas, quer da Câmara Municipal de Aljezur, da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Algarve, porque fizemos uma candidatura a fundos comunitários. Fomos construindo aos poucos. Comprava-se o material e todos vinham para aqui ao fim de semana ajudar. Toda a gente deu serventia», destaca. Seguiram-se mais de duas décadas de bailes e atuações. «O rancho continuou por 26 ou 27 anos, mas um dia o acordeonista morreu num acidente e ficámos sem ninguém. Mais tarde, arranjámos outra pessoa e foi aí que começou o descalabro», admite. Na verdade, ser acordeonista de um Rancho Folclórico exige força de vontade e empenho, e o grupo ainda não encontrou o candidato com o perfil adequado. Por isso, deixaram de soar os tons que servem de ritmo às danças naquela sede do Rogil, erguida com voluntariado e o esforço da comunidade.
Caso apareça um novo candidato, há apenas uma condição. «Teria que aprender as nossas músicas. Não temos a pauta, só a letra. Tem que ser uma pessoa que saiba aprendê-las de ouvido», explica. Ainda assim, a tarefa não seria complicada, pois Rosa Tomé tem fama de ser uma ótima maestrina, e em boa verdade, sabe os tons de cor e salteado. «Aos que por cá passaram, eu dizia-lhes que a nota tinha de ser mais abaixo ou mais acima. Sem saber tocar, já lhes dizia quais os tons que tinham que tocar. E era assim que se fazia», orgulha-se em afirmar.
Reativar o Rancho do Rogil não é uma questão de peneira, nem vaidade. Está inserido numa pequena comunidade que precisa de atividades culturais e recreativas quase como do pão para a boca. Antes, conseguia reunir 30 a 40 residentes, sendo que apenas dançavam dezena e meia a uma vintena. Os outros eram figurantes, mas participavam. O problema, esse, foi sempre a falta do acordeonista. Pessoas para bailar, dançar e rodopiar sempre houve e continua a haver. Sem salários, remunerações, pois é assim que, regra geral estes coletivos se mantêm. «O acordenista era o único elemento que ganhava dinheiro. Até março de cada ano, no máximo, tínhamos que ter os contratos das saídas, as chamadas permutas. Têm que estar feitas para recebermos os outros ranchos e também para irmos nós participar nas atividades dos outros grupos folclóricos. No início eram seis ou sete permutas, mas tivemos de nos limitar a quatro, que com a nossa fazia cinco, porque depois tornava-se demasiada gente para estar aqui. Não conseguíamos colocar todos na sede para servir o jantar», recorda.
A Sociedade Recreativa não vivia, porém, apenas do Rancho, mas até nisso não houve muita sorte. «Também fazíamos bailes», mas houve quem começasse a organizar eventos particulares deste género «e nós, com a falta de verbas para fazer frente, fomos obrigados a deixar de promovê-los», reafirma.
Dona Rosa carregava o peso da Sociedade Recreativa às costas, ainda que com um sorriso. Por isso, a nova ajuda foi bem-vinda. «A nova direção surge, porque a cada dois anos isto tem de mudar. E chega a um ponto que as pessoas também saturam, assim como eu», ironiza, pois apesar de o afirmar, o olhar é de quem não consegue ignorar a falta que um projeto destes, fundado também por si, faz à comunidade. Apesar de parecer um meio pequeno, afinal de contas o Rogil parece ser pouco mais do que uma estrada ladeada pelas típicas casas algarvias, há mais de 800 pessoas a residir na freguesia (isto tendo em conta aqueles que estão recenseados na freguesia, pois haverá muitos mais, estrangeiros inclusive).