Câmara de Lobos e as suas filarmónicas
Filarmónicas de Câmara de Lobos
Bandas de Música, História e Atividades no Concelho
- Banda Municipal de Câmara de Lobos
- Banda Orquestral de Câmara de Lobos “Os Infantes”
- Banda Recreio Camponês
Banda Municipal de Câmara de Lobos
A Banda Municipal de Câmara de Lobos, também conhecida por Música Velha, foi fundada em 1872, com o nome de Filarmónica Recreio dos Lavradores, com 12 executantes. Foi seu fundador João de Nóbrega Noronha, do Porto Santo e que ficaria, após o serviço militar, a viver em Câmara de Lobos. Em 1930, foi-lhe atribuído o título de Banda Municipal.
Na procura de melhores condições para as suas instalações sociais, a banda passou por quatro sedes. A primeira, que foi também o local da fundação, situava-se no sitio da Saraiva, próximo ao convento de São Bernardino. Depois mudar-se-ia para o sítio do Serrado da Adega, onde ocupou uma loja de um prédio. Em 1930 procedeu à inauguração da sua terceira sede localizada à rua Principal da vila e a que atualmente correspondem os números 98 e 100 da rua São João de Deus. Finalmente, mudou-se para as instalações que hoje ocupa ao sítio da Torre.
Regida desde a fundação por João de Nóbrega Noronha, em 1908 ocupou o cargo de regente, como seu sucessor, João Rodrigues de Nascimento. Contudo admite-se que antes dele, João de Nóbrega Noronha Aguiar, filho do fundador, tenha exercido durante algum tempo, em simultâneo ou depois do seu pai, funções de regência. Nos finais de 1910 novo maestro assume a chefia artística da banda, o sargento músico de infantaria Artur Maria Lopes e que pela primeira vez iria ministrar aos executantes as primeiras aulas de solfejo.
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Destas aulas sairia aquele que o viria mais tarde a substituir, Francisco Fernandes da Silva Júnior, e que iniciando funções em 1916, nelas permaneceu durante cerca de cinquenta anos. Em 1967 por motivos de saúde, Francisco Fernandes da Silva viu-se obrigado a abandonar o seu cargo, no que foi substituído pelo sargento músico Raúl Gomes Serrão que se manteria na banda até meados de 1980. Em 1973 e 1974, período durante o qual esteve a fazer uma comissão de serviço em África, ocupou o seu lugar José da Costa Miranda. Em 1980, entrou para o lugar de regente José António Nunes de Faria, e que se manteve em funções até 1986. Sucedeu-lhe Virgílio Vieira Marques dos Ramos, que se manteve em funções até 1990, altura em que dá lugar a Alberto Cláudio Sousa de Barros.
Com origem na Banda Municipal de Câmara de Lobos duas outras coletividades musicais se constituíram. Em 1910 a existência de desentendimentos no seu seio levaria a uma cisão e à criação da Filarmónica Recreio Camponês de que foi seu fundador José Gonçalves de Freitas, um dos músicos dissidentes. Em 1986 nova cisão ocorre e pela mão de José António Nunes de Faria surge a Banda Orquestral de Câmara de Lobos «Os Infantes».
Como momentos de particular significado ao longo da sua existência destacam-se a atribuição de um Diploma de Honra com o segundo prémio ganho no Concurso Regional de Bandas Civis 2ª categoria, em 1929; em 1959 o apuramento na 1ª. eliminatória do 1º Grande Concurso Nacional de Filarmónicas e Bandas Civis promovido pela FNAT, no Funchal; em 1960 a participação na 2.ª eliminatória do mesmo certame em Setúbal; em 1968. O 2º lugar na eliminatória (2ª categoria) ao II Concurso Nacional de Bandas Civis promovido pela FNAT e realizado no Funchal; em 1984 a realização de uma digressão à Venezuela, a convite do Centro Social Madeirense de Valência; em 1986 o lançamento do primeiro disco e em 1988 a participação no 2º Festival de Bandas da cidade da Amadora.
Banda Orquestral de Câmara de Lobos “Os Infantes”
A Banda Orquestral de Câmara de Lobos “Os Infantes”, foi fundada em 1986, tendo como seu principal fundador José António de Faria, que ocupou as funções de maestro. Outros músicos fundadores foram João Ferreira dos Santos, Victor José Góis Gonçalves, Ivo Xavier Hilário de Júnior, José Manuel Abreu Petim, Marcelino Abreu Petim, Fernando Saúl de Barros Azevedo, Fernando Cândido Vieira da Silva e Norberto Maurílio de Barros Gonçalves, todos eles então ex-músicos da Banda Municipal de Câmara de Lobos.
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Tal como havia acontecido em 1910 com a Banda Recreio Camponês, Os Infantes surgiram na sequência de desavenças no seio da Banda Municipal de Câmara de Lobos. Em resultado de um litígio existente entre a Direcção Artística da banda e um grupo de nove músicos liderados por José António Faria, então maestro e, perante um ultimato recebido do grupo contestatário, a Direcção Administrativa decidiu em 1986 prescindir dos serviços de José António Faria e convidou os restantes músicos a ponderarem a sua posição, ou seja a optarem pela permanência na Banda, aceitando a disciplina existente ou então a abandoná-la.
Com exceção de um, todos os músicos contestatários decidiram-se pelo abandono e viriam logo de seguida e, em redor de José António Faria, a constituir o núcleo do novo agrupamento musical. A este grupo de músicos juntar-se-iam depois outros que pertenciam ou pertenceram a outras bandas ou ainda provenientes do Conservatório de Música da Madeira. A estreia ocorreu a 27 de Julho de 1986, no coreto da vila de Câmara de Lobos, Os Infantes.
Na constituição desta nona formação musical que a 9 de Abril de 1987 veria os seus estatutos publicados no JORAM e que posteriormente ver-lhe-ia ser dado o Estatuto de Utilidade Pública, teria importância fundamental João Martinho Faria, empresário da construção civil e primeiro presidente da Direcção que financiou o instrumental necessário para o grupo de executantes e para a escola de formação, além da cedência de instalações onde esteve instalada a sua primeira sede e sala de ensaios.
Depois de José António Faria, foram regentes da Banda Orquestral de Câmara de Lobos “Os Infantes”, José Manuel Petim (1991), João Paulo Santos (1997) e Marco Paulo T. Correia (2002), quem em 2007 ainda se mantinha em funções.
Desde 2005, a Banda Orquestral “Os Infantes” têm a sua sede no sítio da Saraiva construída num terreno cedido pelo Governo Regional e pela Câmara Municipal de Câmara de Lobos.
Banda Recreio Camponês
Fundada, em Câmara de Lobos, a 1 de dezembro de 1910, inicialmente com o nome de Filarmónica Recreio Camponês, com pouco mais de uma dezena de músicos. O Fundador e primeiro maestro, com 26 anos, era um homem muito estimado e respeitado, não só pelos elementos da sua Filarmónica, como pelos muitos simpatizantes desta. A morte surpreendeu-o a 30 de novembro de 1913, quando tinha apenas 29 anos.
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Em 1913, a Banda realizou o seu primeiro arraial, no dia 1 de janeiro, no Estreito de Câmara de Lobos, por altura dos festejos em honra do Senhor Jesus. No mesmo ano conseguiu a primeira sede social, uma dependência da casa pertencente ao pai do fundador, Francisco Gonçalves de Freitas, situada no Caminho Grande e Ribeira d’Alforra, Câmara de Lobos, onde permaneceu por 10 anos.
Aos 20 anos de idade foi escolhido pelos músicos e simpatizantes para ser o Chefe, estando à frente dos destinos da Banda até 1972 (54 anos sem interregno). Durante estes anos foi o “Mestre Ornelas”, como era tratado, que fez todo o trabalho relacionado com esta coletividade: era Maestro, Professor, Copista, desempenhava ainda todas as funções de Presidente, Secretário e Tesoureiro. Faleceu a 2 de fevereiro de 1985 aos 87 anos de idade.
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