Cuba e as suas filarmónicas
Filarmónicas de Cuba
Bandas de Música, História e Atividades no Concelho
Sociedade Filarmónica Cubense 1.º Dezembro
A primeira Banda Filarmónica em Cuba terá sido fundada por volta de 1840 com o nome de ”Sociedade Filarmónica Cubense”. Diz Xavier Firmino Vieira que em 1869/1870, com idade de 10 ou 11 anos, “aprendeu rudimentos de solfejo rezado com o músico não de profissão mas de marcada intuição, que era mestre da Filarmónica da sua terra (Cuba)”. Logo a seguir refere que este mestre de seu nome António Jacinto Massêno, “lhe ensinou rudimentos e solfejo, o bastante para o pôr à estante entre os outros músicos, quase todos adultos e alguns idosos”. É a referência à existência destes músicos idosos na Banda por alturas de 1870 que faz supor que a Banda será bem mais antiga, pois não é fácil aprender música já com uma certa idade. Com certeza que estes músicos idosos teriam entrado para a Banda quando eram jovens adultos, portanto vinte ou trinta anos antes, o que está, então de acordo com a data de formação da Banda por volta de 1840.
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Xavier Firmino Vieira era natural de Cuba onde nasceu em 1859 e aqui viveu até á idade de 25 anos. Sem ter frequentado qualquer curso ou conservatório, mas graças à sua grande dedicação à música, veio a ser um grande músico e cantor de ópera, contribuindo para que fosse levada à cena a ópera “Hernani” de Verdi, por elementos portugueses na sua totalidade. Aconteceu isto em 1895, no então teatro D. Amélia, hoje S. Luís. A partitura da ópera, piano e canto, que foi sua, está no Museu do Conservatório Nacional de Música de Lisboa.
A partir de 1870 começamos a ter mais informações sobre a Banda e a Sociedade Filarmónica. Assim, existe no museu desta coletividade, uma quota da “Sociedade Filarmónica Cubense” em nome de Joaquim José Salgueiro, sócio nº 47 em que é referido o pagamento à dita Sociedade da quantia de duzentos réis, relativa ao 1º dia do mês de Maio de 1872. Em 1886 há uma dissidência entre os músicos, tendo saído alguns para formarem outra banda a que deram o nome de “Sociedade Filarmónica 1º de Dezembro”. Houve grande rivalidade entre estas duas Bandas, de tal modo que as senhoras, nos dias festivos, vestiam consoante a cor da sua Banda preferida e, altivamente, defrontavam-se indo ao ponto de proferirem acintosas alcunhas: a “Cubense” de “Pau teso”; a 1º de Dezembro” de “Cu aberto”.
A segunda Banda nunca teve a mesma força que a primeira e não durou muito. Em 1895 foi extinta e alguns músicos desta Banda passaram para a primeira, mantendo-se, contudo o nome inicial de “Sociedade Filarmónica Cubense”. A manutenção desta designação pode ser comprovada pela existência de um livro de atas da Assembleia Geral da Sociedade, entre 1909 e 1919.Nos dois anos seguintes, isto é, até 1921, não há atas porque foi um período em que a Sociedade não funcionou por não ter sede. No entanto, a Banda continuou ensaiando em vários lugares emprestados ou alugados para o efeito, inclusive a sacristia da Igreja Matriz.
Em 1921, Caetano Luís Borges e Manuel Inácio Lança, que formaram uma comissão administrativa que geriu a Sociedade no período anterior, requererem uma Assembleia-geral. Nessa Assembleia foi eleita uma Direção para o ano de 1922 e é na respetiva ata que aparece, pela primeira vez, o nome de “Sociedade Filarmónica Cubense 1º de Dezembro”, provavelmente a designação “1º de Dezembro” foi em homenagem à Banda saída da dissidência de 1886, entretanto extinta.
A partir dessa altura a Banda começou a ter mais estabilidade, pois tinha uma direção a trabalhar no sentido de levar novamente a Sociedade Filarmónica a bom porto. Em 1924 foram renovados os Estatutos e em 1926 foi comprada uma casa onde vem a ser instalada definitivamente a sede, a atual. O regente João Caetano Baião foi escolhido para dirigir a Banda. Durante cerca de 30 anos orientou a Banda com tal dedicação que esta atingiu um grande nível, demonstrado pelas peças de concerto que então foram tocadas.
Após a sua morte, em 1947, o bom trabalho que ele tinha conseguido realizar, foi continuado pelo seu sucessor, por ele escolhido, o regente José Salvador, que esteve à frente da Banda até 1978. Nos anos cinquenta, as bandas passaram por um período crítico e muitas acabaram mas a Cubense manteve-se ativa. Era muito solicitada para várias manifestações culturais e recreativas, em atuações com repertório de concerto e em atuações de características mais populares para as quais o regente arranjava músicas acessíveis que então estavam em voga e que o povo apreciava. Com o avançar da idade do regente José Salvador, a Banda ressentiu-se e enfraqueceu muito, tendo chegado a funcionar apenas com 17 elementos. Para ultrapassar estas dificuldades da Banda, organizou-se uma comissão de músicos com vista a angariar novos elementos e alguns outros músicos ajudaram o regente dando solfejo a estes novos elementos. Quando tudo parecia correr bem, morre o regente José Salvador, em 1978.
Nomeou-se outro regente que não se dedicou convenientemente á Banda, vindo a abandoná-la no 1º Festival de Música Popular realizado no Algarve, em 1979, quando o INATEL começou a apoiar as filarmónicas. Nesse ano, a direção da Banda foi assumida por José Jacinto Carrasco, um músico que já vinha pertencendo á banda desde o tempo do regente João Caetano Baião, que foi seu mestre. Sob a sua orientação deu-se novo impulso, tendo ingressado nas suas fileiras novos elementos incluindo as primeiras 6 raparigas da Banda. Em 2001, o regente José Joaquim Carrasco pediu demissão do cargo que ocupava havia 22 anos. A Direção escolheu o Maestro Joaquim António Senrada Simões, que ocupou o lugar em 2002, dando-se novo impulso a nível musical, bem como uma nova imagem da banda em concertos, repertório, postura. o que agradou á maioria dos sócios e população em geral, pois a banda começou a aparecer em eventos onde normalmente não ia, como a igreja, escola, centro de dia, carnaval, concertos de natal.
Atualmente a Banda conta com 40 elementos, todos amadores e muito novos, filhos da terra, e uma escola a funcionar com cerca de 15 elementos, alguns já integrados na banda.
Museu Musical
No Museu da Sociedade Filarmónica ficará a conhecer os pormenores da história desta banda, os maestros e músicos que a formaram e que fizeram parte do seu percurso, entre outras particularidades que marcam a sua existência ao longo dos anos.
Morada: Rua da Sociedade Filarmónica Cubense 1º Dezembro nº14, 7940 – Cuba
Telefone: 967540870
Email: sfcubense.1dezembro@gmail.com
Coordenadas: 38º09’56.95”N – 7º53’34.31”O
Nota: Visitas por marcação
Museu Musical