Évora e os seus órgãos de tubos
Órgãos de tubos do concelho de Évora [15]
Com um vasto património religioso e arquitetónico, Évora dispõe de condições para a prática e o ensino do órgão em instrumentos históricos. Na Universidade de Évora, Célia Sousa Tavares e outros organistas fizeram o curso de Mestrado em Música – Órgão, sob a orientação de João Vaz.
De acordo com as informações disponíveis, existem órgãos de tubos nas seguintes igrejas do Concelho:
Igreja da Misericórdia de Évora
A Igreja da Misericórdia de Évora é um importante monumento religioso da cidade, situado no Largo da Misericórdia, freguesia da Sé e São Pedro. A fundação da Irmandade da Santa Casa da Misericórdia de Évora remonta a 1499, tendo sido instituída pelo próprio rei D. Manuel I, pela sua mulher a Rainha D. Maria e pela sua irmã, a rainha-viúva D. Leonor. Tendo tido a primeira sede na Capela de São Joãozinho (anexa ao Convento de São Francisco), veio transferida para este local já no reinado de D. João III. A primeira pedra da igreja foi lançada em 1554. A igreja, de uma só nave e de sóbrias proporções, apresenta um majestoso conjunto de arte barroca dos séculos XVII e XVIII, sendo uma das mais belas igrejas da Cidade. As paredes laterais revestem-se de belíssimos painéis de azulejos azuis e brancos, encimados por telas a óleo, representando as obras de misericórdia espirituais e materiais. A parede fundeira é preenchida por um notável retábulo de talha dourada, encimado pela representação, a óleo, da Virgem da Misericórdia. O trono da exposição solene da Sagrada Reserva, em Quinta-Feira Santa, é ocultado durante o resto do ano por outra tela, representando a Visitação de Nossa Senhora a sua prima Isabel. Do lado direito, no corpo da igreja, levanta-se a galeria com os assentos onde tomam lugar os mesários da Irmandade durante as cerimónias solenes.
Fonte: Wikipédia
No coro da Igreja da Misericórdia de Évora está o órgão histórico da autoria de Pascoal Caetano Oldovini (Oldoni, Oldovino ou Olduvini), executado em 1764.
Igreja das Mercês
O convento agostinho de Nossa Senhora das Mercês é um edifício de arquitetura religiosa, chã, proto-barroca e Rococó. Foi construído no local de um palácio manuelino de que subsiste uma sala com abóbada polinervada. A igreja é de planta longitudinal composta por nave única, transepto, cruzeiro, Capela-mor e coro-alto, dispondo de tribunas. A cobertura interior é em abóbada de berço, rompida ao nível do cruzeiro por torre lanterna, sendo a importância deste último espaço reforçada pelos quatro arcos triunfais em talha dourada. A sacristia tem azulejos barrocos. Destaca-se o importante programa Rococó no desenho da fachada principal, o conjunto azulejar da nave, cruzeiro e sub-coro e retábulos. A organização espacial da igreja e a valorização do cruzeiro remete para uma tipologia de igrejas Rococó onde se integra a Igreja da Ordem Terceira de São Francisco em Faro. É um espaço de culto transformado para uma função de índole cultural, onde se destaca o programa azulejar Rococó com cenas da vida mariana.
Fonte: Monumentos
A Igreja do Convento de Nossa Senhora das Mercês (Museu de Artes Decorativas) possui um órgão histórico da autoria de Pascoal Caetano Oldovini (Oldoni, Oldovino ou Olduvini), executado em 1762. Foi restaurado em 1990 por António Simões, a expensas do IPPC.
Igreja do Carmo
Datado de 1531, o primitivo Convento de Nossa Senhora do Carmo em Évora localizava-se junto da Porta da Lagoa (exterior) e foi destruído durante a Guerra da Restauração. O atual convento é de finais do século XVII, de estilo Barroco e ocupa o antigo paço quinhentista dos Duques de Bragança, do qual subsistem alguns elementos. No exterior da igreja merece destaque a Porta dos Nós (símbolo da Casa de Bragança), a escadaria para o pátio e o zimbório. O seu interior é constituído por uma só nave, de planta retangular, com seis capelas laterais e Capela-mor que ostenta a maior cúpula da cidade. Possui pinturas do ciclo maneirista. Após a extinção das ordens religiosas, o convento teve várias ocupações e pertence atualmente à Universidade de Évora.
Fonte: CME
A Igreja do Convento de Nossa Senhora do Carmo possui um órgão histórico da autoria de Pascoal Caetano Oldovini (Oldoni, Oldovino ou Olduvini), 1744. Foi restaurado em 2004 por Dinarte Machado – Atelier Português de Organaria.
Órgão de armário com portadas abertas
Igreja da Graça do Divor
A Igreja de Nossa Senhora da Graça do Divor é um Imóvel de Interesse Público. Está situada no pequeno monte, fora da zona urbana da aldeia de Divor, na Herdade da Água da Prata que, desde a época medieval, pertence à Sé de Évora. Desconhecendo-se a data da fundação, sabe-se que ainda não existia aquando da edificação do aqueduto, que decorreu no século XVI. Acredita-se que, segundo as semelhanças com a Igreja de São Mamede de Évora, tivesse sido o arquiteto Diogo de Torralva. É uma igreja fora do normal mas muito frequente em templos alentejanos, que remonta desde o final do gótico, com a fachada antecedida por uma galilé em mármore com as tonalidades de azul e branco. Desenvolve-se numa planta longitudinal. A fachada apresenta só uma porta de verga reta encimada por um frontão triangular e no remate é formada por dois campanários desprovidos de sinos. No seguimento do exterior e para além dos robustos contrafortes, pode-se observar as estações da Via Sacra em azulejos, figurando a cruz do calvário pontuando as paredes da nave.
Fonte: Visitar Portugal
A Igreja de Nossa Senhora da Graça do Divor possui órgão de tubos
Igreja de São Francisco
A Igreja de São Francisco é um edifício de arquitetura religiosa dos séculos XV e XVI, de estilo manuelino-mudejar e renascentista construído em substituição de um anterior templo gótico, do qual subsistem alguns vestígios. Teve anexo o Palácio Real e foi considerada como Igreja Real, na qual se realizaram importantes cerimónias, com o casamento do príncipe D. Afonso com D. Isabel de Castela, em 1490. A fachada é caracterizada pela volumetria dos coroamentos e o portal está decorado pelos emblemas régios de D. João II e D. Manuel I. O interior apresenta uma nave única, de planta retangular e em cruz latina, destacando-se o altar-mor e a Capela da Ordem Terceira de S. Francisco, de estilo Barroco. A maior curiosidade popular reside na Capela dos Ossos, de três naves formadas completamente por ossadas humanas (século XVII). O convento foi demolido em finais do século XIX.
Fonte: CME
Órgãos de Pascoal Caetano Oldovino
Em 4 de Janeiro de 1742, o eborense D. Frei José Maria da Fonseca e Évora, Ex-geral dos Frades Menores em Roma e assistente ao Sólio Pontifício, recém nomeado bispo do Porto, contrata em Lisboa o organeiro genovês D. Pascoal Caetano Oldovino para fazer um órgão novo para a igreja de S. Francisco.
Com o sucesso deste primeiro instrumento, surgem outras encomendas, que o levam a estabelecer-se definitivamente em Évora, comprar residência e montar oficina. Casa-se em Setembro de 1762, na ermida de Nossa Senhora ao pé da Cruz, com Laureana Rosa Lizarda, originária de Palmela, de quem não teve filhos, e integra-se plenamente na vida social e religiosa eborense até à sua morte em 25 de Abril de 1785.
Dos mais de trinta órgãos que construiu para todo o Alentejo, e a que imprimiu um cunho especial de qualidade hoje reconhecível, deixou mais dois na igreja de São Francisco. Um, de armário, de 1756, para o coro de cima (antiga tribuna Real).
No Núcleo Museológico da Igreja de São Francisco existe “outro do mesmo tipo, feito para o Convento do Salvador em 1751, com uma caixa de grande efeito decorativo. Outro mais pequeno, um realejo datado de 1762, era o seu instrumento pessoal.
Oldovino manteve sempre uma ligação muito estreita com a igreja de São Francisco: professou em 1745 na Ordem Terceira, pertenceu às Irmandades de Nossa Senhora da Conceição (extinta em 1779) e à de Santo António, à qual legou o seu realejo e em cuja Capela foi sepultado.
Fonte: Igreja de São Francisco/Artur Goulart, historiador
A Igreja do demolido convento de São Francisco, na capela-mor, lado do Evangelho, possui um órgão histórico.
Órgão da Capela-mor
transepto direito da nave, apresenta também órgão positivo histórico [ I; 3 (0+1) ] de Pascoal Caetano Oldovino, 1762, restaurado pela Oficina e Escola de Organaria, em 2004, opus 47.
Órgão positivo de armário
positivo de armário
varandim e montra
Igreja do Espinheiro
A história e origem do Convento do Espinheiro está ligada a uma lenda que relata a aparição de uma imagem da Virgem sobre um espinheiro, por volta de 1400. Em 1412 foi mandada edificar uma ermida em honra de Nossa Senhora e dada a crescente importância deste local como ponto de peregrinação, no ano de 1458, durante o reinado de D. Afonso V, foi fundada a igreja e posteriormente o convento, o qual foi povoado por monges da Ordem de S. Jerónimo. Leia MAIS.
A Igreja do antigo Convento de Nossa Senhora do Espinheiro possui um órgão histórico da autoria de Pascoal Caetano Oldovini (Oldoni, Oldovino ou Olduvini), de data desconhecida.
Igreja do Convento de Nossa Senhora dos Remédios
Na sequência da remodelação da Ordem do Carmo, os carmelitas descalços instalaram-se no séc. XVI em Évora, fora da muralha fernandina, frente à torre de menagem. A Igreja foi sagrada em 1614. Devido à sua localização, o Convento teve papel de relevo nos assédios de Évora: durante a guerra da independência (maio de 1663), foi palco de combates entre castelhanos e portugueses; e na primeira invasão francesa, o Convento foi ocupado e saqueado. Depois do saque, a extinção das ordens religiosas e a nacionalização dos seus bens reduziram radicalmente a importância do Convento. No reinado de D. Maria II, foi entregue à CME, assim como a cerca anexa, utilizada como cemitério público, função que se mantém. Após anos de abandono, a Câmara promoveu no final do séc. XX importantes obras de recuperação, tendo ali instalado, para além do Departamento de Arqueologia, o Grupo Eborae Musica – que tem funcionado na Igreja, ajudando a preservá-la – e alguns espaços expositivos.
Fonte: CME
Órgão antes do restauro
Igreja do Espírito Santo
Construída no século XVI, a Igreja do Espírito Santo é de estilo maneirista, de planta tipicamente jesuítica. A frontaria é constituída por pórtico de sete arcadas redondas e nas traseiras existem as típicas torres anãs, invisíveis da fachada principal. Tem uma só nave, em planta de cruz latina, com capelas enriquecidas com talha dourada. A sacristia tem a abóbada revestida de pinturas a fresco, contendo cenas iconográficas relacionadas com a história da Companhia de Jesus (séc. XVI). A fundação do Colégio deve-se ao cardeal infante D. Henrique e as obras de construção foram iniciadas em 1551. A inauguração solene aconteceu em 1559. Desta época destaca-se o claustro, o refeitório e o lavabo. Sofreu aditamentos nos séculos XVII e XVIII: a Sala dos Actos Solenes com fachada barroca, as Salas de Aulas com as cátedras de madeiras exóticas de angelim e os silhares de azulejos historiados de 1744-49, e a antiga Livraria com o teto pintado a fresco (séc. XVIII). O ensino era da responsabilidade dos jesuítas, pelo que, após a sua expulsão em 1759, a Universidade foi encerrada. Nela lecionaram grandes figuras da cultura da época, como Luís de Molina, Sebastião Barradas e Luís António Verney. A atual Universidade surgiu em 1979.
Fonte: CME
A Igreja do Colégio do Espírito Santo possui órgão de tubos histórico.
Montra do órgão
Igreja dos Lóios
Construído sobre o que restava de um castelo medieval, o convento constitui um excelente testemunho arquitetónico do Tardo-Gótico alentejano. A primeira pedra do Convento dos Lóios de Évora foi lançada em 1487, por iniciativa do primeiro conde de Olivença, D. Rodrigo de Melo, guarda-mor do rei D. Afonso V, e também Governador de Tânger, que dois anos antes iniciara a construção da igreja anexa (da invocação de São João Evangelista), destinada a panteão de família. Destaca-se, no piso térreo, a entrada da antiga Sala do Capítulo, já quinhentista, rasgada por um exuberante portal mainelado com arcos em ferradura, perfeito exemplar da arquitetura regional manuelino-mudéjar. Nesta mesma porta está um medalhão evocando a participação de D. Rodrigo na Batalha de Azamor, em 1508, pelo que as obras desta sala terão datação aproximada.
Fonte: DGPC, SML
A Igreja dos Lóios (São João Evangelista) possui órgão de tubos.
Igreja de Santo Antão
Situada na Praça de Giraldo, freguesia de Santo Antão, a Igreja Paroquial de Santo Antão é um monumento religioso da cidade de Évora. Foi mandada construir pelo Cardeal D. Henrique, Arcebispo de Évora, no lugar onde se erguia a medieval ermida de Santo Antoninho.
A Igreja Paroquial de Santo Antão possui órgão de tubos.
Igreja de Machede
A Igreja Matriz de São Miguel de Machede, ou de São Miguel Arcanjo, possui órgão de tubos.
Sé de Évora
Dedicada a Santa Maria, a Catedral de Évora foi edificada nos séculos XIII e XIV, sob o patrocínio real de D. Afonso III e do bispo D. Durando Pais, nos estilos românico e gótico. Destaca-se o pórtico ogival, guarnecido por esculturas do Apostolado e o claustro. Anteriormente existiu outra sede episcopal, mas ignora-se a sua localização. A Capela-mor é do século XVIII (estilo Barroco), de autoria do arquiteto alemão Frederico Ludovici. No seu interior, existem muitos elementos arquitetónicos e artísticos de relevância, como o cadeiral do coro, o órgão renascentista, as peças do Museu de Arte Sacra (escultura, pintura, paramentaria e ourivesaria), entre outros.
Fonte: CME
A Sé de Évora possui órgão renascentista em tribuna à entrada.
Órgão da tribuna à entrada
Desde 1967, que não era sujeito a intervenções de restauro, tendo então sido restaurado com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian. A Direcção Regional da Cultura e o Cabido da Sé encontraram um novo mecenas, que agora foi a Associação Japonesa Kamakura-Portugal, interessada também ela na conservação do património musical em Portugal e que contribuiu para o seu restauro.
“Os primeiros príncipes que vieram do Japão a Portugal passaram por Évora e tocaram neste órgão, daí o significado histórico e a importância que os japoneses atribuem ao instrumento, fazendo com que muitos grupos nos visitem e peçam, até, para ouvirem um pequeno apontamento.” (cónego Eduardo Pereira da Silva, vigário geral da arquidiocese de Évora)
Este facto traz a Évora todos os anos muitos visitantes japoneses. O restauro em 2023 é uma oportunidade para que, 441 depois, mãos japonesas também de uma jovem, Mizuki Watanabe, tocarem o órgão renascentista, a 13 de maio, com o organista da Sé, Rafael Reis, num concerto que inclui canto, órgão e corneta.
Na Capela-mor, lado do Evangelho, apresenta um órgão histórico da autoria de Pascoal Caetano Oldovini (Oldoni, Oldovino ou Olduvini), executado em 1758. Foi reparado em 1992, por António Simões, a expensas do Cabido.
tribuna e órgão
No transepto direito, apresenta um órgão positivo de armário.
Órgão de armário do transepto