Felgueiras e as suas filarmónicas
Filarmónicas de Felgueiras
Bandas de música, história e atividades no Concelho
- Banda de Música da Lixa
- Banda de Música de Felgueiras
Banda de Música da Lixa
A Banda de Música da Lixa terá sua origem em 1807, constituída por músicos oriundos da Orquestra Privativa da Casa do Paço de Borba de Godim. Apresentou-se pela primeira vez à população lixense a 29 de setembro desse ano, abrilhantando as festividades de S. Miguel, padroeiro de Borba de Godim.
A 9 de setembro de 1876, é reconhecida por alvará passado pelo arcebispo de Braga com a designação de “Música do Rancho da Lixa”, tendo como regente Manuel Joaquim de Freitas. Os seus executantes eram oriundos da orquestra Privativa da Casa do Paço – conjunto que terá existido entre os anos de 1803 e 1805. Foi no ano de 1803 que Francisco Diogo de Moura Coutinho, Senhor e Fidalgo da Casa do Paço, assumiu contratar alguns músicos de Barcelos, executantes que a partir daí atuaram não apenas nas festas da casa senhorial, mas também nas celebrações religiosas que aconteciam na Capela privativa da mesma.
Após a morte do fidalgo, em 1805, os herdeiros dispensaram os serviços dos executantes. Dois anos depois, e após um período de ensaios, os executantes apareceram na citada Festa de S. Miguel, agrupados na Filarmónica de que emana a Banda de Música da Lixa. Em 1898, encontramos referências de que estava integrada nos Bombeiros Voluntários da Lixa, passando a denominar-se, a 5 de fevereiro de 1928, “Banda Marcial dos Bombeiros Voluntários da Lixa”.
Por escritura pública de 5 de março de 1981, a “Banda de Música da Lixa” passou a ter a sua designação atual, dissociando-se dos Bombeiros Voluntários da Lixa. Associação de carácter cultural e recreativo, foi inscrita no INATEL com o nº 2710 em 17 de agosto de 1994.
Em tempos, a Capela de Santo António, privativa da família de Leonardo Coimbra, ilustre Filósofo, Educador e Político, nascido na freguesia de Borba de Godim, abriu as portas à Banda, no ano em que esta abandonou as instalações dos Bombeiros Voluntários da Lixa (1975), para que aí realizasse alguns ensaios e assim desse continuidade à sua nobre atividade. Durante vários anos, ensaiou em instalações generosamente cedidas pela Casa do Povo de Borba de Godim, no Ladário.
De momento, ensaia em salas próprias, localizadas na Escola Primária de Vila Cova, cedidas através de contrato de comodato celebrado em a Câmara Municipal de Felgueiras e a Junta de Freguesia de Vila Cova da Lixa. Nos últimos anos, passaram por esta Associação os regentes Óscar Machado, Leonardo Vieira, José Freitas, Vítor Sampaio, Manuel Moreira das Neves, que iniciou a escola de música da Banda, e Teixeira Douro, homem da terra.
De acordo com informação do próprio, pertence a José Machado a autoria da letra e da música do hino da Banda.
BML
Emanuel Silva é o atual maestro, cujo trabalho vem merecendo o aplauso dos músicos e dirigentes. Atualmente, a Banda de Música da Lixa é composta por 65 elementos, na sua maioria por jovens provenientes da sua Escola de Música.
Assinalou em 2017 os seus 210 anos. É requisitada para atuações em inúmeras festas e romarias, de norte a sul do país.
O projeto Reciclanda promove a reutilização, reciclagem e sustentabilidade desde idade precoce.
Com música, instrumentos reutilizados, poesia e literaturas de tradição oral, contribui para o desenvolvimento global da criança e o bem estar dos idosos. Faz ACD e ALD (formações de curta e longa duração) e dinamiza atividades em colónias de férias com crianças. Municípios, Escolas, Agrupamentos, Colégios, Festivais, Bibliotecas, CERCI, Centros de Formação, Centros de Relação Comunitária, podem contratar serviços Reciclanda.
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António José Ferreira
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Banda de Música de Felgueiras
Síntese Histórica
A Banda de Música de Felgueiras foi fundada na freguesia de Torrados, cerca de 1850; provavelmente, antes, com a designação de “Banda dos Ravinhades”. Embora escasseiem, nas três primeiras décadas, registos relativos à sua história, foi possível obter informação segura, mesmo no que respeita aos seus primeiros tempos de existência.
Os músicos mais antigos informaram-nos que, no início da sua carreira, receberam de seus colegas mais velhos a informação de que a Banda no princípio se designava “Banda dos Ravinhades” e tinha pertencido a uns padres de Torrados. Esta informação transmitida oralmente, e outras, como seja o caso do músico Adrião Lima, de Penacova, (n. 1869 – m. 1941), de que ainda há memória viva, é-nos confirmada pelo historiador felgueirense Manuel Sampaio. Diz-nos o historiador, em 1950, que o nome da Banda se deve ao facto de o seu mestre ser residente em Ravinhade e que os ensaios se efetuavam na Casa de Barrimau, em Torrados.
Mais nos diz que, depois do mestre de Ravinhade entrou para a direção o padre José Soares, tendo-lhe sucedido o irmão João Soares, contando ainda com o músico Bernardino Sores, irmão dos referidos mestres.
Nos “Paroquiais” de Torrados verificamos que do clã Soares faziam parte mais dois irmãos, os padres Francisco Joaquim Alvares Soares e, Plácido Joaquim Alvares Soares que foi pároco de Torrados de 1841 até 1852.
Pelo que fica dito, parece-nos não haver dúvidas de que a paternidade da Banda de Música de Felgueiras deve ser atribuída aos irmãos Soares.
De Torrados, em data que desconhecemos, deslocou-se a Banda para a vizinha freguesia de Lagares. Primeiro para uma casa situada no Lugar do Eido, que, tal como a Casa de Barrimau pertencia à Família Soares.
Mais tarde vai para a Casa de Santa Luzia. Na década de 80 do século XIX, talvez ainda com a regência de José Joaquim da Costa, músico militar reformado que sucedeu ao mestre João Soares, a Banda desloca-se para a sede do concelho.
Ao mestre José Joaquim da Costa, sucedeu Aniceto Pinto Ferreira. Este homem, figura carismática da sociedade felgueirense, vai dedicar-se intensamente à Banda até aos seus momentos de vida. Empresário de transportes e relojoaria, foi também professor de música no Colégio de Santa Quitéria.
Em 1899 a Banda dos Ravinhades que contava pelo menos desde 1893 com a regência do mestre Aniceto, e que dado o carisma do seu mestre era conhecida por Philarmónica do senhor Aniceto, passa a ter um novo nome. O mestre Aniceto, sócio fundador da Corporação, estabeleceu um acordo com a direção, que, basicamente consistia no seguinte: a Banda passava a designar-se, “Banda dos Bombeiros Voluntários de Felgueiras” e a usar um uniforme semelhante ao dos Bombeiros.
A Corporação passava a beneficiar de desconto nos serviços prestados pela Banda. Por desentendimento entre a Corporação e a Banda o acordo terminou em 1951, passando a Banda, que já contava com a direção de Joaquim Pinto Ferreira Leite desde 1942, a designar-se “Banda Aniceto Pinto Ferreira”.
Nos anos quarenta a Banda sofre as consequências da II Guerra Mundial. Chega a dizer-se que se não fosse a força do seu dedicado mestre Aniceto, há muito teria acabado. É nesse contexto de dificuldades que o mestre Joaquim Ferreira recebe a Banda e, em 1959, vende o espólio à Casa do Povo de Jugueiros.
Com nova farda e novos instrumentos estava constituída a “Banda de Música da Casa do Povo de Jugueiros”. Mas, não levou dois anos, e estava anunciada novamente a venda do espólio da Banda. Isto representou um drama para os músicos, que não sabiam o que ia acontecer à sua Banda.
A solução foi encontrada: os músicos da “Linha da Frente” dirigem-se ao mestre Capela, que na época era o padre Joaquim Oliveira, pároco de Varziela, e pedem-lhe que compre a Banda. Eles comprometiam-se a tirar uma percentagem de dez por cento dos contratos para pagamento da dívida.
O Pe. Oliveira pediu ajuda ao seu colega Pe. Justino, pároco da Refontoura, e a um amigo de Jugueiros, Joaquim Pires Ferreira. A Banda estava de volta à sede do concelho, agora por proposta do Pe. Oliveira passaria a ser a: “Banda de Música Felgueiras”.
Durante catorze anos os músicos contribuíram com 10% dos contratos para pagar a dívida.
Com a direção do mestre Alírio Silva, como já acontecia na Casa do Povo, a Banda segue a sua atividade com elevado número de serviços anuais. A 27 de março de 1957, falece subitamente o mestre Alírio.
Com dificuldades de encontrar um novo mestre, acudiu o músico Henrique Pereira Ribeiro, que foi um mestre dedicadíssimo até 1986, quando lhe sucedeu o seu filho Henrique atual mestre da Banda.
Durante o exercício do mestre Henrique Pereira Ribeiro, não pode ser esquecida a final do II Grande Concurso de Bandas Civis, que ocorreu em Lisboa em outubro de 1971. Obteve a Banda o segundo lugar da terceira categoria.
Em 1972 foi constituída a Associação da Banda de Felgueiras, que conta atualmente com cerca de 250 associados. Esta associação é o suporte institucional da “Banda de Música de Felgueiras”.
No ano de 2007, a Câmara Municipal de Felgueiras atribuiu a “Medalha de Ouro do Concelho” a várias instituições; entre estas está a “Banda de Música de Felgueiras”, reconhecendo assim a importância desta instituição cultural.
Em 2022, a Direção, tendo como referência aproximada o ano de 1850, promoveu a comemoração do 172º aniversário da sua fundação. Nesta comemoração foram homenageados mestres e músicos, antepassados e atuais. Foi apresentado o livro “Subsídios para a História da Banda de Música de Felgueiras”.
Com dedicação do atual mestre Henrique Pinto Ribeiro, dedicação bem expressa na formação de novos músicos, a Banda continua a exercer boa atividade em Felgueiras e concelhos circunvizinhos.
Mário Pereira, 02 de setembro de 2023