Ferreira do Zêzere e os seus músicos
Músicos naturais do Concelho de Ferreira do Zêzere
Projeto em desenvolvimento, o Musorbis aproxima os munícipes e os cidadãos do património musical e dos músicos do Concelho.
- José Alcobia (regente, 1914-2003)
- Bruno Gomes (acordeão)
Bruno Gomes
Bruno Gomes
Bruno Gomes atuou a 19 no Centro Cultural de Ferreira do Zêzere, mostrando o “lado travesso” do acordeão que conhece desde a infância e lhe marca os dias de adulto. “A;Travesso” é o seu novo álbum, que surge depois do lançamento de “Madrepérola” e “Revanche” em 2005 e 2014, respetivamente. Aos 33 anos de idade. Dá formação de acordeão em diversos locais e cruza-se regularmente com ele no Atelier do Acordeon, onde se fabricam, restauram e reparam estes instrumentos musicais.
A sua ligação com o acordeão é algo “natural” iniciada quando tinha apenas cinco anos. Nessa altura, as mãos que já tocaram acordeão aquém e além fronteiras nos espetáculos em que participou e naqueles que organizou com nomes de relevo internacional eram dadas à mãe quando o levava para o Atelier do Acordeon. Inicialmente, ia como companhia e mais tarde, aos nove anos, começou aprender a tocar no espaço que tem como lema “futuro e tradição juntos” e cujos proprietários considera “os segundos pais”. O primeiro concerto surgiu quando tinha 14 anos, recordando o casamento para o qual foi convidado a atuar como “um momento engraçado”.
A estreia oficial em palco foi feita em cima do atrelado de um trator com público dividido entre os sentados em fardos de palha e os dançarinos em cima das mesas. Uma vertente popular associada ao acordeão que se mantém e, nos últimos tempos, passou a ser acompanhada por ambientes mais ecléticos. Os diferentes repertórios apresentados por Bruno Gomes em Portugal, Espanha ou Suíça espelham essa nova conquista dos castelos do acordeão por terras do Fado, corridinhos, mazurcas, marchas e tangos.
O álbum “A;Travesso” continua esta demanda do projeto “Acordeão Génio e Arte” com o instrumento musical que diz ser “cada vez mais transversal” e multifacetado”.
O novo CD do músico, que também é vereador no concelho onde nasceu e no qual decidiu ficar por opção, traz as valsas jazz, choros do Brasil e o fandango espanhol com arranjos de jazz e folk. Na apresentação deste sábado, junta-se a vertente de orquestra com a participação especial da Banda Filarmónica de Nisa, da Sociedade Musical Nisense, e do seu maestro, o acordeonista António Maria Charrinho.
Uma fusão de estilos musicais que justifica o lado “travesso” do acordeão, acrescenta, permitindo explorar outras sonoridades através dos diferentes estilos de acordeão surgidos na última década. Bruno Gomes também evoluiu na técnica, que considera ser um fator “essencial”, e “A;Travesso” representa “um salto qualitativo” enquanto músico, sem deixar de ressalvar que não se considera “um acordeonista de topo pois conheço os melhores do mundo”.
Fonte: Sónia Leitão, Médio Tejo, 19 de maio de 2018