Miranda do Corvo e os seus órgãos de tubos
Órgãos de tubos do concelho de Miranda do Corvo
De acordo com a informação disponível, o órgão da Igreja do Mosteiro de Santa Maria de Semide é o único existente no concelho de Mirando do Corvo.
Igreja de Santa Maria de Semide
Imóvel de Interesse Público, o Convento ou Mosteiro de Santa Maria de Semide foi fundado em 1154 por Martim Anaia. Inicialmente era ocupado por monges beneditinos. Mais tarde tornou-se num convento de freiras para receber as descendentes do seu fundador. A parte mais antiga ainda existente data do século XVI. Em 1664 um incêndio devorou a maior parte do edifício que foi reconstruído e inaugurado, com a atual igreja, em 1697. Em 1964 o mosteiro sofreu novo incêndio tendo sido devorada a ala poente. Em 1990, um novo incêndio destruiu o claustro velho, a casa do capítulo e a sacristia. Do conjunto ainda existente salienta-se a Igreja, com um retábulo e cadeiral em madeira, dos finais do séc. XVII, azulejos do séc. XVIII, esculturas do séc. XVII e séc. XVIII e altar-mor também do séc. XVII. O órgão de tubos, do séc. XVIII, foi recentemente recuperado. Na igreja, que é igualmente a Igreja Paroquial de Semide, destacam-se um retábulo e cadeiral em madeira dos finais do séc. XVII, azulejos do séc. XVIII, esculturas do séc. XVII e séc. XVIII e altar-mor também do séc. XVII.
Fonte: JFS
A Igreja Paroquial de Santa Maria, Igreja do antigo Convento ou Mosteiro, possui um órgão histórico da autoria de António Xavier Machado e Cerveira, opus s./n.º, construído em 1796, restaurado em 2007 por Dinarte Machado – Atelier Português de Organaria.
coro alto à entrada e órgão
Montra do órgão
«Depois de quase um século sem tocar, o órgão de tubos da Igreja do Mosteiro de Semide, já restaurado, voltou a ouvir-se de novo no passado dia 15 de Agosto – noticiou o Diário das Beiras, a 24 de julho de 2007.
O órgão de tubos da Igreja do Mosteiro de Semide, datado do século XVIII, ouviu-se de novo em Agosto, depois de quase um século de inactividade, de acordo com o pároco local, Pedro dos Santos. Segundo afirmou o padre Pedro dos Santos à agência Lusa, «trata-se de um instrumento valiosíssimo para as cerimónias religiosas e para a valorização da igreja e da cultura».
«Depois da morte da última monja, no final do século XIX, assistiu-se à deterioração do órgão, que durante o século XX praticamente não tocou», explicou Pedro dos Santos, que há vários anos «lutava» pelo seu restauro.
O órgão de tubos voltou a ouvir-se no dia 15 de Agosto, às 10h00, numa eucaristia presidida pelo pró-vigário-geral da diocese de Coimbra, João Lavrador, com a actuação do organista e professor de música Paulo Bernardino, da Sé Nova de Coimbra. Acompanhado pelos coros da Sé Nova e da paróquia de Semide, que foram orientados pelo padre Manuel Frade.
Desde Julho de 2002, que o órgão se encontrava a restaurar, nos Açores, no âmbito de um protocolo celebrado entre o Instituto Português do Património Arqueológico, Fábrica da Igreja de Semide e Câmara Municipal de Miranda do Corvo, que garantiram o financiamento da intervenção, no montante de 128 000 euros.
Fundado no século XII, antes do ano 1154, o Mosteiro de Semide é o único monumento do concelho de Miranda do corvo classificado como Imóvel de Interesse Público, pelo Decreto n.º 45/93 de 30 de Novembro, sendo constituído pela parte conventual, propriedade do Estado, e pela igreja, pertencente à paróquia.
A parte mais antiga que resta do mosteiro primitivo é o claustro do século XVI, que se encontra parcialmente destruído. Um grande incêndio, em 1664, destruiu grande parte do edifício, que foi reconstruído já com a actual igreja, sendo inaugurado em 1697. Na segunda metade do século XVIII foi instalado um órgão de tubos, que se presume (não existindo confirmação) ter sido construído por Machado de Cerveira, considerado um dos melhores organeiros portugueses da época.”
FONTE
Diário As Beiras, de 24 de Julho de 2007
Mosteiro de Santa Maria de Semide
O Mosteiro de Santa Maria de Semide, que também aparece designado como convento, era feminino, pertencia à Ordem de São Bento e estava sob jurisdição diocesana. Era também conhecido como Mosteiro de Nossa Senhora da Assunção. Antes de 1154, ano em que está documentado na carta de couto foi fundado em Semide, por iniciativa do bispo D. João Anaia e de seu irmão Martinho. Estava destinado a monges, não sendo conhecida a Regra. Em meados de 1183, passou para as monjas de São Bento.
Em 1610, o bispo de Coimbra D. Afonso de Castelo Branco quis transferir as monjas para o Mosteiro de Santa Ana de Coimbra, construído por ele para Cónegas Regrantes de Santo Agostinho, obtendo para isso a devida autorização pontifícia. A comunidade foi deslocada para Coimbra. Pouco tempo depois, por decisão da maioria e com autorização do bispo, a comunidade regressou a Semide no mesmo ano. A partir desta data, as abadessas passaram a ser eleitas por três anos.
Em 1833, foi fechado o noviciado. Em 1834, no âmbito da “Reforma geral eclesiástica” empreendida pelo Ministro e Secretário de Estado, Joaquim António de Aguiar, executada pela Comissão da Reforma Geral do Clero (1833-1837), pelo Decreto de 30 de Maio, foram extintos todos os conventos, mosteiros, colégios, hospícios e casas de religiosos de todas as ordens religiosas, ficando as de religiosas, sujeitas aos respetivos bispos, até à morte da última freira, data do encerramento definitivo. Os bens foram incorporados nos Próprios da Fazenda Nacional. Em 1896, o Mosteiro foi encerrado por morte da última monja.
FONTE
Arquivo Nacional da Torre do Tombo