Odemira e os seus músicos

Carlos Costa, músico, Trio Odemira
Músicos de Odemira

[ Musorbis, um projeto nacional que aproxima os munícipes do seu património musical. ]

  • Carlos Costa (1941-2021)
  • Júlio Costa (1936-2021)

Os irmãos Carlos e Júlio Costa foram para Odemira com 13 e 5 anos respetivamente, onde viveram durante 20 anos. Em 1956, formaram o conjunto “Os Dois de Odemira” e participaram em vários concursos destinados a novos talentos, tendo vencido um promovido pelo programa radiofónico “Companheiros da Alegria”, de Igrejas Caeiro.

Em 1957, com a entrada de José Ribeiro, que permaneceu no grupo durante 22 anos, nasceu o Trio Odemira. Nesse mesmo ano gravaram o primeiro disco (LP) pela Valentim de Carvalho, para a Columbia, com “Rio Mira”, que se tornou um grande sucesso, seguido por outros temas, como “Malagueña”, de Elpídio Ramirez e “Ama, coração e vida”, de Pedro Flores. Sucederam-se discos, contratos, participações em programas especiais de televisão, digressões pelo Mundo.

Carlos Costa

Carlos Costa, músico, Trio Odemira

Carlos Costa, músico, Trio Odemira

Em 1958 fizeram a sua primeira digressão a África, passando por Angola, Congo Belga, Moçambique e África do Sul. Em 1960 foram atuar em Bilbau, onde fizeram parte do primeiro programa da televisão espanhola. Em 1963 atuaram em Inglaterra, Suécia, Finlândia, e Dinamarca. Em 1965 participaram na Asta Convention, em Hong-Kong, atuaram também na Tailândia, Filipinas, Japão, Israel e Grécia. Em 1967 atuaram durante dois meses com Tony de Matos nos Estados unidos e Canadá.

Neste período gravaram: “Guantanamera”, “História de um amor”, “Cartas de amor”, “El reloj”, “Vocês sabem lá”, “Perfidia”, “Alma, coração e vida”, “Rio Mira”, “Lembra-te ó Ana”, “Abalei do Alentejo”, “Caminito”, “Ruega por nosostros”, “Una aventura mas”, “Quiereme mucho”, “Ciau amore”, “És a minha canção”, “A praia”, “Malagueña”, “Cielito lindo”, “Canção do Mar”, “Porto Santo”, “Guarijita”, “Confesso”, “Gritenme piedras del campo”, “Rua sem luz”, “Foi Deus”, “Mi Buenos Aires querido”, “Canção da Beira Baixa”, “Llevame”, “Mar y cielo”, “Fadinho triste”, “Fado de Santa Cruz”, “Sin un amor”, “Lisboa antiga” e “Esperame en el cielo”.

Em 1969, estiveram por um período de oito meses em Montreal, no melhor hotel de Canadá, Place Ville Marie, onde foram convidados a pertencer ao sindicato americano dos artistas. Em 1970, regressaram a Portugal e compraram “O Timpanas”, restaurante típico em Alcântara, e “A Varanda do Chanceler”, restaurante de luxo em Alfama, que mantiveram durante oito anos, o que abrandou a sua atividade musical. Em 1978, com a venda dos restaurantes, voltaram a dedicar-se em força à música.

Na década de 1980 obtiveram muito sucesso com vários temas, como “Maldita tu, Ana Maria”, “O anel de noivado” e “No reino do amor”. Estes três temas, cujas letras são da autoria de Júlio Costa, ajudaram muito a popularizar o grupo e pode dizer-se que ainda hoje são as preferidas do público. Foi por esta altura que se juntou ao grupo o Juca, filho de Carlos Costa, embora por pouco tempo. Participaram no último disco de Carlos Paião “Intervalo”.

Em 1993, a EMI recompilou “35 primaveras: as primeiras gravações: 1957/1967”. Em 1998 receberam a medalha de mérito da Câmara Municipal de Almada.

No ano 2000 a RTP gravou “45 anos do Trio Odemira”, um espetáculo com o Septeto Café, que decorreu no Coliseu dos Recreios. Em 2005, celebraram os 50 anos de carreira com a edição do disco “Portugal Latino”, com temas como “As minhas mãos nas tuas”, “Ala vera del caminho”, “Anel de noivado” e ritmos sul-americanos, como “À média luz”, “La Cumparsita”, “Si piensas” e “Guantanamera”. Recuperaram também “Foi Deus” e “Novo fado da Severa”, dois temas cantados por Amália Rodrigues. Vânia Marotti participou no disco com quatro canções. Nesta fase gravaram o CD – “Casualmente Clássicos”, onde sobressaem os temas “Avé Maria de Gounod” e “Una furtiva lágrima”, de Caetano Donizetti.

Em 2007, em comemoração dos seus 50 anos de carreira, foi lançado um livro sobre o percurso e memórias do grupo “Bodas de Ouro / Trio Odemira – 50 anos de Canções”. A editora Espacial lançou também o CD duplo “Grandes Êxitos – Trio Odemira – 50 anos”, incluindo seis temas inéditos e muitos outros sucessos, como “Anel de noivado”, “Nostalgia do amor”, “Amor com amor se paga”, “Aqueles olhos”, “Ansiedad” e outros.

Em 2019, o trio atuou, celebrando os 60 anos de carreira, no Centro de Artes e Espetáculos da Figueira da Foz, entre outros palcos e, em setembro de 2016, foi distinguido com Prémio de Mérito e Excelência Cidade de Moura, na área da Música.

Discografia

Álbuns

1985 – Request From México (LP)
1985 – Amor antigo (LP)
1995 – Margarita (CD, Vidisco)
2005 – Portugal Latino (CD, Ovação)

Singles

– Guantanamera
– Quien sera / Menino de Oiro (EP, RCA)
– Tango
– Reino do amor
– Maldita tu, Ana Maria
– Anel de noivado
– Onde estás coração / Tarantela (Single, Discossete 1987)

O Trio Odemira desempenhou um importante papel durante toda a carreira de Carlos Costa, divulgando o nome de Odemira (Portugal) e dando a conhecer as suas músicas. Atuou em inúmeras comunidades portuguesas no Mundo, gravou mais de mil canções integradas em centenas de discos e CD.

Os irmãos Costa mantiveram-se juntos no grupo, apenas o terceiro elemento variou ao longo dos anos, tendo estado com eles cerca de 15 o guitarrista Mingo Rangel.

Fonte: M. Ayres Roque, 17 maio 2016

Júlio Costa

Júlio Costa, músico, do Trio Odemira, faleceu no dia 12 de março de 2021, com 85 anos, cinco dias depois do seu irmão Carlos.

Júlio Costa

Júlio Costa, do Trio Odemira

Júlio Costa, do Trio Odemira

“Desaparecem assim, num curto espaço de tempo, os elementos fundadores de um dos mais longevos e sem dúvida profícuos grupos da história da música portuguesa”, disse o autor Paulo Vasco.