Seixal e os seus coretos
Coretos do Concelho do Seixal
[ por Mário Silva Barradas ]
O concelho do Seixal já dispôs de 5 coretos. Dois deles – o da Timbre Seixalense e o da União Seixalense, foram demolidos por “preguiça política”, visto o Seixal ser um entrave ao Estado Novo. No Seixal, foram demolidos os coretos das duas bandas, que ainda hoje constam no brasão da freguesia, assim como a ponte ferroviária que ligava o Seixal ao Barreiro (1969), unindo estes concelhos severamente industrializados que faziam “braço-de-ferro” ao regime. O governo impediu ou destruiu diversas obras e a evolução civil deste arco ribeirinho a sul do Tejo: Seixal, Almada, Barreiro, Moita, Montijo e Alcochete que se uniam para travar a opressão e o atraso emanado dos governos de Salazar e Caetano.
Primeiro foi demolido o da Timbre (SFDTS) com a justificação de falta de espaço para os carros estacionarem. Depois seguiu-se o da União (SFUS), pois ocupava largamente a Praça Luís de Camões, sendo necessário o trânsito afunilar ao passar por ele. Hoje, ambos os locais dos coretos têm a sua simbologia desenhada em calçada portuguesa.
Quanto ao coreto de Arrentela (SFUA), o primeiro coreto de Arrentela foi construído em 1899 e desmantelado em 1943. Foi edificado um segundo coreto em 1944 em estilo romântico, com uma grande cúpula neo-árabe. Este coreto ficou destruído com a queda de uma árvore, durante um temporal em maio de 1970, tendo sido o restante da sua edificação demolido, sendo construído um lago no seu lugar, ainda hoje existente.
Os coretos de Amora (SFOA) e Cruz de Pau surgem no auge da cultura filarmónica em Portugal, sendo que o da Cruz de Pau não resistiu ao tempo e o da Amora ainda lá está imponente com as amoras trabalhadas nos seus varandins. O coreto da Aldeia de Paio Pires (SM5O) foi o último a ser erigido. Esteve muitos anos ao abandono, sendo restaurado em 2018 pela Câmara Municipal do Seixal.
SFDTS – Sociedade Filarmónica Democrática Timbre Seixalense “Os Franceses” – fundada a 18 de abril de 1848, sofreu muitas alterações de denominação. O seu coreto situava-se no Largo da Igreja – Seixal, sendo construído no advento da república e demolido em 1967.
Veja AQUI o álbum sem cortes.
Seixal
Seixal
SFUS – Sociedade Filarmónica União Seixalense “Os Prussianos” – fundada a 1 de junho de 1871 (quase a completar 150 anos de existência), nasceu por divergência política oriunda na Guerra Franco-Prussiana (1870), sendo única na sua denominação popular. O seu coreto localizava-se na Praça Luís de Camões – Seixal, sendo construído em 1921 e demolido em 1969.
Seixal
Seixal
SFUA – Sociedade Filarmónica União Arrentelense – criada em 23 de março de 1914 por fusão das duas filarmónicas existentes em Arrentela (a Real Sociedade Fabril Arrentelense e a Real Sociedade Filarmónica Honra e Glória), tendo ido buscar a data da fundação desta última: 1872. O seu coreto situava-se no jardim junto à baía, na Avenida da República – Arrentela, sendo demolido nos anos 60 do século passado.
Arrentela
Arrentela
SFOA – Sociedade Filarmónica Operária Amorense – fundada a 28 de junho de 1898, deve o seu nome à acentuada industrialização daquela freguesia no final do século XIX. O seu coreto situa-se na Avenida Silva Gomes – Amora, de frente para a baía (do lado oposto onde ficava o coreto de Arrentela), tendo sido construído em 1907. Em 1952, a freguesia teve um segundo coreto, em madeira, entre a Amora e a Cruz de Pau, desmontado em 1956, pouco antes da fundação do Clube Recreativo da Cruz de Pau.
Amora
Amora
Cruz de Pau, Amora
SM5O – Sociedade Musical 5 de Outubro – fundada a 5 de outubro de 1888 com o nome de Sociedade Filarmónica Capricho Aldeense, alterou a sua denominação com a implantação da república em 1910. O seu coreto, reabilitado em 2018, situa-se no Largo Dom Paio Peres Correia em pleno jardim central da Aldeia de Paio Pires.
Aldeia de Paio Pires
Coreto da SM5O, SeixalPormenor