Folclore em Gouveia
Grupos Etnográficos, Tradições e Atividades no Concelho
- Beira Alta (Beira Alta Serrana)
- Distrito: Guarda
- Concelho: Gouveia
5 grupos
- Rancho Folclórico cancioneiro de Folgosinho
- Rancho Folclórico da Casa do Povo de Nespereira
- Rancho Folclórico de Gouveia
- Rancho Folclórico de Vila Nova de Tazem
- Rancho Folclórico de Vinhó
Rancho Folclórico cancioneiro de Folgozinho
Morada
Rua Dr. João de Vasconcelos, nº 6
6290-081 Folgosinho
Folgosinho situa-se na encosta Norte da Serra da Estrela, concelho de Gouveia, distrito da Guarda. O grupo tem 35 componentes, 8 a 10 pares de dançadores, 6 tocadores, 4 cantadeiras e 5 componentes com trajes específicos.
A zona de recolha é o Alto Mondego, montanha e chã. Situa-se num contexto de economia rural. Na montanha: cereal – centeio – batata – gado – queijo da Serra. Na chã, culturas mais ricas: vinho e azeite. Também uma forte componente de gado – queijo da serra.
O clima é frio, na montanha, moderado na chá. A montanha não tem passagem. É volta atrás, o que explica a permanência de tradições. O grupo é filiado na Federação do Folclore Português, como membro fundador.
Em 1937, o Dr João de Vasconcelos, ao tempo Secretário do Tesouro, fundou o Rancho, integrado no movimento de homenagens a prestar ao Dr. Oliveira Salazar pelas freguesias rurais. Não houve nem investigação, nem recolhas, nem preocupação pela tradição, quer de Folgosinho, quer da montanha. Por isso saiu uma coisa incaracterística, quer nos trajes, quer nos cantares, quer nas danças. Inventou-se traje, encomendaram-se letras a poetas lisboetas, adaptaram-se marchas, inventaram-se danças. A atividade que teve desde a fundação até 1976, não teve qualquer significado. Limitou-se a participar nalguns dos acontecimentos promovidos pelas Casa do Povo.
Em 1976, alguém levantou a hipótese de restaurar o rancho. A essa hipótese estava ligada uma intenção partidária, com ingerência de gente estranha à terra e à montanha. Um grupo de gente amiga da terra deu-se conta da intenção estranha e agarrou o Rancho. Depois de um curto período de indecisão, em que foi necessário criar consciência nos componentes para a importância, de uma pesquisa e recolha de tudo quanto era tradição, iniciou-se o trabalho de reconstituição. Cantares, danças, trajes, tradições orações, esconjures, artesanato… Tudo se investigou e se recolheu. Depois foi preciso filtrar e definir o que era verdadeiramente autêntico como tradição da montanha.
Foi difícil ao grupo impor-se, pelos ataques que sofreu, uma vez que outros grupos se sentiram contestados, dado que era o primeiro a apresentar-se como um verdadeiro Grupo de montanha. Depois veio o reconhecimento por parte dos corpos diretivos da Federação do Folclore Português e pelos grupos folclóricos sérios.
Os trajes específicos de Folgosinho são: casamento; domingueiros, rico e pobre; trabalho: ceifa: tosquia, malha, mato, pastor, cote, carvoeiro. Na chã, reconstruiu o que lhe pareceu ser mais significativo: boieiro, carregador. azeitona, vindima, homem do lagar. Estes trajes só os usa se tiver de representar o País, lá fora. Dentro apresenta apenas traje de Folgosinho.
No que se refere a danças, recolheu e reconstituiu dois “os fados mandados – 5 e os fandangos – 5; dois viras – são raros na montanha – um sem número de modas de roda – as mais características da zona, alguns valseados algumas modas de roda aparentadas com as polcas.
Em relação aos cantares, recolheu tudo quanto são os cantares tradicionais de Folgosinho: Religiosos: Romaria – Senhora do Socorro – Senhora da Assedasse – S. João – Responso de Santo Antônio. Natal: Cantares do Menino – cantares dos Reis – Janeiras. Quaresma – Semana Santa: Cantigas de Março – Martírios- Canto das Verónicas – Amentar das almas – canto da Quinta Feira Santa. Serão – Todos e as lendas. Trabalho: Malhas – ceifa – desfolhada – sacha – rega – vindima.
Os cantares de Folgosinho têm características únicas, diferentes de aldeias que lhe são muito próximas. Não há um único caso de cantar polifónico – a mais de uma voz. O cantar é monódico e, na quase totalidade, modal. O que é tonal nas aldeias vizinhas é modal em Folgosinho. Há uma forte influência do canto gregoriano.
O grupo passou e continua a passar pelos mais importantes festivais do País. Apresentou-se em importantes festivais em França.
Rancho Folclórico da Casa do Povo de Nespereira
O Rancho Folclórico da Casa do Povo de Nespereira é um fiel intérprete das tradições, danças e cantares de antanho, assim como os trajes e costumes dos antepassados. Foi fundado em 1976. Tem participado em festivais de folclore em diferentes regiões do país, assim como no estrangeiro.
No que respeita aos trajes e atividades recolhidos e exibidos em atuações, de referir os noivos, a queijeira, o pastor, a lavadeira, o carpinteiro, a ceifeira, o pedreiro, os moleiros, o malhador, a mulher da laje, os trajes domingueiros (ricos e pobres), a mulher da rega ou de ir à horta, o homem da rega e os romeiros.
É membro efetivo da Federação do Folclore Português.
Rancho Folclórico de Gouveia
Tendo como primeira designação “Rosas das Biqueira”, o Rancho Folclórico de Gouveia, foi fundado em 1959. Na sua longa e ininterrupta existência, podem distinguir-se três fases: uma primeira, com uma finalidade lúdica, correspondendo aos seus dois/três primeiros anos de existência; uma segunda, com uma intenção clara de abordagem do folclore de uma forma mais séria; e uma terceira, a partir de meados da década de 1980, assente num trabalho sistemático de recolha junto das pessoas mais idosas das freguesias situadas na encosta Norte da Serra da Estrela, assim como em registos escritos e fotográficos.
Rancho Folclórico de Gouveia
O Rancho assume, de uma forma clara, características de Grupo de Montanha, sendo um fiel intérprete dos usos e costumes dos pastores da Serra da Estrela, incluindo todas as atividades ligadas direta ou indiretamente à pastorícia e aparecendo em público, sempre acompanhado de um cão da Raça Serra da Estrela.
Para além dos trajes de pastor, exibe também os da queijeira, da vendedeira do queijo e do leite, porta a porta, (mais pesados, porque eram usados, sobretudo, no Inverno); os de malhadores, mulheres da eira, domingueiros ricos e pobres e de romaria, todos eles copiados de modelos que remontam ao início do século XX.
Rancho Folclórico de Vila Nova de Tazem
O Rancho Folclórico de Vila Nova de Tazem foi fundado em 1992. Tem por objetivos recolher, preservar e divulgar os usos e costumes da região em que se insere, Beira Alta, Serra da Estrela.
O seu reportório é fruto das imensas recolhas, efetuadas junto de pessoas mais idosas da freguesia. Na reprodução dos trajes, entre o séc. XIX e princípios do séc. XX, destacam-se os trajes de Noivos, Vindimadeiros, Pisadores de Uvas, Tombadores de Dornas, Ceifeiros, Queijeira, Pastor, Romeiros, Lavrador Abastado, Traje de Rico e outros.
As danças (essencialmente modas de roda), e cantares, sendo também fruto de recolha, são simples e alegres, modas de trabalho relacionadas com as vindimas, as ceifas, as malhas, as regas, as romarias e domingueiras.
O Rancho está inscrito no INATEL e é sócio efetivo da Federação de Folclore Português.
Rancho Folclórico de Vila Nova de Tazem
Rancho Folclórico de Vinhó
Cantar das Janeiras
Rancho Folclórico de Vinhó, cantar das Janeiras, 2020, créditos Município de Gouveia