Alijó e os seus músicos
Músicos naturais do Concelho de Alijó
Projeto em desenvolvimento, o Musorbis aproxima os munícipes e os cidadãos do património musical e dos músicos do Concelho.
- António Cartageno (compositor, 1946)
- José Maria Nóbrega (guitarrista, 1926-2018)
- Rui Sampaio (regente de banda)
- Tiago Videira (Alijó/Lisboa, musicólogo, compositor)
António Cartageno
José Maria Nóbrega
José Maria Nóbrega Teixeira nasceu a 19 de novembro de 1926 em Alijó, Portugal, e morreu em Lisboa a 9 de outubro de 2018, com 91 anos.
Por volta dos dez anos estabelece-se no Porto onde, por influência do pai, aprendeu o ofício de alfaiate. Desde a infância, nas horas de lazer, ficava a ver o pai a tocar violão (designação em Trás-os-Montes) com um vizinho. Atraído por aquele instrumento, pediu ao vizinho que lhe ensinasse a tocar viola. Na adolescência, formou com um violinista um conjunto musical que iria evoluir para sexteto (violino, bandolim, viola, bateria, saxofone e acordeão), com o qual percorreu e animou festas nas coletividades e romarias.
Dispensado do serviço militar, com o fruto do seu trabalho, estabeleceu-se com um atelier de alfaiate em Padrão da Légua, concelho de Matosinhos. Com 22 anos, resolveu casar, afastando-se do conjunto musical. O mesmo acontece aos restantes elementos que, a pouco e pouco, se dispersaram e e o grupo acabou por desaparecer. Casado e com dois filhos, foi convidado pelo guitarrista Álvaro Martins, barbeiro de profissão, para começar a aprender a tocar viola de Fado. Nóbrega estreia-se no Tamariz, onde tocaria com Martins durante cerca de dez anos.
Nesta época, o intercâmbio entre fadistas de Lisboa e Porto era grande e por esta uma casa de fados da Invicta passaram os grandes nomes do Fado da altura. Em 1957 a dupla foi convidada por Moniz Trindade para atuar durante um mês na Pam-Pam, uma casa que ia abrir perto da Praça do Chile, em Lisboa. Findo o contrato, ambos os músicos regressaram ao Porto, mas, depois de um mal-entendido, José Maria Nóbrega regressou à capital para se estabelecer como alfaiate e tentar aliar a sua profissão ao Fado. Fechou a alfaiataria, no Largo da Misericórdia, e passou a acompanhar, por convite, vários fadistas, ao mesmo tempo que se inscreveu na Escola de Guitarra Duarte Costa. José Maria Nóbrega passou a apresentar-se, com o guitarrista Jorge Fontes, no Restaurante O Folclore.
Neste período, além da oportunidade de viajar para acompanhar artistas como Ada de Castro e Lídia Ribeiro e de atuar em programas de Fado transmitidos pela Emissora Nacional, Nóbrega conheceu e passa a trabalhar com António Chaínho. Após a saída de O Folclore, continua a acompanhar artistas do meio e vai, entretanto, tornar-se um assíduo colaborador de Carlos do Carmo.
José Maria Nóbrega viria a receber em conjunto com António Chaínho, Prémio da Imprensa (1981), ou Prémio Bordalo, como “Guitarristas” na categoria “Fado”. O galardão foi entregue pela Casa da Imprensa em 1982, entidade que também distinguiu na ocasião e nesta categoria os “Intérpretes” Amália Rodrigues e Carlos do Carmo. Com o novo milénio foi convidado para substituir um colega na casa de fados “A Severa”, onde acaba por passar a colaborar após a diminuição do fluxo de trabalho com Carlos do Carmo, após os problemas de saúde deste em 2001. Em 2004, no âmbito da Grande Noite do Fado, no Teatro São Luiz, recebeu o Prémio Carreira.
Rui Sampaio
Natural da aldeia de Carlão, concelho de Alijó, Rui Miguel Serangonha Sampaio iniciou os estudos musicais aos doze anos, na Banda de Música de Mateus, Vila Real, pela mão do então Maestro Diamantino Dias na classe de Trombone.
O seu interesse em aperfeiçoar a técnica levou-o a frequentar o Conservatório Regional de Gaia, no ano de 1995, na classe de Zeferino Pinto e posteriormente na Escola Profissional de Artes de Mirandela onde concluiu o curso de Trombone, na classe do professor Nuno Scarpa.
No ano de 2000 ingressou na Universidade de Aveiro na Classe de Trombone.
Em 2001 ingressou nas fileiras do Exército e frequentou nos anos de 2004 e 2005 o 32.º Curso de Formação de Sargentos Músicos, onde conclui o Curso de Trombone na Classe do Professor Reinaldo Guerreiro.
Foi Maestro da Banda Lira do Norte, de 2008 a 2010.
Tirou o seu cursou de Direção com vários maestros portugueses e estrangeiros destacando-se Jacinto Montezo, Paulo Martins, Carlos Marques, José Brito, Délio Gonçalves, Ignacio Petit, Douglas Bostok e António Saiote. Fez uma classe de aperfeiçoamento em direção coral com o maestro italiano Adriano Martinolli.
Foi reforço da Orquestra Nacional do Porto nos anos de 1999 e 2000, na qual trabalhou com vários maestros de renome internacional e tocou nas principais salas do País.
Tocou, também, com várias orquestras e bandas, das quais se destacam: Orquestra Nacional do Porto, Orquestra do Algarve, Orquestra do Norte, Orquestra Nacional de Sopros dos Templários, Orquestra Clássica Juvenil “Bracara Augusta”, Orquestra “Sine Nomine”, Orquestra das Escolas Particulares, Orquestra Lacerda, Banda Sinfónica do Exército, Banda Militar dos Açores, Orquestra Ligeira do Exército, entre outras.
Estas experiências, permitiram-lhe trabalhar com um grande número de maestros, nomeadamente António Saiote, Cristhopher Bochmann, Jean-Marc Burfin, Joana Carneiro, Roberto Perez, Pedro Moreira, César Viana, Reinaldo Guerreiro, José Brito, Rui Massena, Rui Carreiro, Nuno Machado, Leonardo de Barros, José Ferreira Lobo, entre outros.
Frequentou várias Master Classes de Trombone evidenciando-se com os Professores Emídio Coutinho, Hugo Assunção, Nuno Scarpa, Zeferino Pinto, Gilles Milliére, Oyestein Baadsvik e Reinaldo Guerreiro.
Foi Professor da Classe de Trombones do Conservatório Regional de Ponta Delgada de 2006 a 2011. Desempenha as funcões de Sargento Músico na Orquestra Ligeira do Exército onde detêm o posto de 1º Sargento. Tem a seu cargo a direção musical da Banda Marcial de Bairros.
Tiago Videira
Tiago Videira é um Polímato dos tempos modernos: um cientista com uma grande paixão pela criação artística e literária. Na vida, consoante as necessidades e contextos, tem assumido diversos papéis: cuidador, musicólogo, cancionista, produtor musical, editor de partituras, escritor, artista, professor, cozinheiro, burocrata, programador… Licenciado em Musicologia, Mestre em Filosofia (Estética) e Doutor em Media Digitais, no âmbito do Programa UT Austin-Portugal, com uma tese ligada aos Fados e à Inteligência Artificial.
Tiago Videira
Viveu dois anos, no meio do Texas, sem automóvel, o que foi um desafio gigante! Afiliado aos Centros de Investigação em Música da Universidade Nova de Lisboa (INET-MD e CESEM), foi investigador num projecto de Edição Crítica de repertório de compositores Luso-Brasileiros (c. 1750-1930), e tem-se dedicado ao estudo das práticas interpretativas ligadas às canções, em diversas vertentes, desde estilos de fadistas, a processos de criação e transmissão dos reportórios, às ligações às indústrias e negócios. Criou, produziu e gravou dezenas de obras musicais que vão desde canções, peças para piano solo, música de filme e animação e obras para várias conjuntos de câmara. A sua canção “Ansiedade” ganhou o Prémio de Melhor Letra no concurso “O Meu Fado” 4ª ed. – Rádio SIM/SPA/Museu do Fado/Universal Music Portugal (2019).
Estreou a sua primeira Ópera “Não sei quantas almas tenho” no Festival OperaFest 2020. Tiago Videira teve aulas de cancionismo com Alan Roy Scott, Randy Klein, Michelle Vice-Maslin, Bob Dellaposta, Tiago Torres da Silva, Aldina Duarte, Maria do Rosário Pedreira, entre outros. Também participou em muitos workshops e Escolas de Verão e desenvolveu trabalhos sob a supervisão de personalidades como Bruce Pennycook (Universidade do Texas em Austin), Tomás Henriques ou Jaime Reis nos domínios da Interactividade, Cinema e Música Electroacústica.
Tiago Videira é também um escritor, tendo ganho o Prémio “Jovens Escritores 2006” com a obra “Contos Galácticos”, que foi posteriormente publicada. Também teve aulas com Alberto Pimenta e, desde então, foram criados dezenas de textos criativos. Colaborou com o DN Jovem desde 2005 até à extinção do suplemento literário. Publicou também dois outros livros de ficção.
O projeto Reciclanda promove a reutilização, reciclagem e sustentabilidade desde idade precoce.
Com música, instrumentos reutilizados, poesia e literaturas de tradição oral, contribui para o desenvolvimento global da criança e o bem estar dos idosos. Faz ACD e ALD (formações de curta e longa duração) e dinamiza atividades em colónias de férias com crianças. Municípios, Escolas, Agrupamentos, Colégios, Festivais, Bibliotecas, CERCI, Centros de Formação, Centros de Relação Comunitária, podem contratar serviços Reciclanda.
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António José Ferreira:
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