Batalha Rota Musical
MÚSICA À VISTA
Iconografia Musical do Concelho da Batalha
MOSTEIRO DA BATALHA
A música teve grande relevo no Mosteiro da Batalha, onde existiram órgãos de tubos e uma prática musical rica. O portal principal do Mosteiro da Batalha é amplamente estudado e destaca-se “no panorama da arte peninsular e europeia”. Na 5.ª arquivolta, surgem os anjos-músicos, como que envolvendo o crente com “música celestial” no “seu trânsito para a glória eterna”, explica Joaquim Ruivo. Figuras tocando “pandeiro com soalhas, viola de arco, viola de mão, charamela e flautas, o saltério, a cítola e amandora ou o órgão portativo”. Há anjos músicos no portal principal do Mosteiro da Batalha, mas também noutras zonas interiores e exteriores do monumento.
As figuras de doze anjos músicos presentes no portal principal e na nave central da Igreja do Mosteiro da Batalha foram o ponto de partida para a primeira edição de um colóquio dedicado à música antiga peninsular no dia 21 de setembro de 2019. Indo ao encontro das raízes e tradições musicais, proporcionou-se o contacto com instrumentos e sonoridades desse tempo, “dando a conhecer igualmente o trabalho de investigadores, músicos e artesãos que, baseados em fontes documentais diversas – como é o caso das representações escultóricas patentes no portal da Igreja do Mosteiro da Batalha – tentam reconstituir esses instrumentos”.
A partir desses anjos músicos surgiu a ideia de realizar no Mosteiro da Batalha um encontro que pretende “aprofundar o conhecimento da música antiga peninsular, dos séculos XV e XVI”, ou seja, “o tempo áureo da construção do mosteiro e da sua vivência conventual”. O programa incluiu ainda uma intervenção de Hugo Sanches sobre a música do século XVI no contexto das relações peninsulares, Jorge Lira falou das tradições musicais num périplo de quase mil anos pela evolução da gaita-de-foles e Orlando Trindade mostrou e tocou réplicas de instrumentos medievais. O colóquio acompanhou o “papel de grande relevo” que a música teve na história do Mosteiro da Batalha.
Enquanto foi convento dominicano, vocacionado para o ensino teológico, e “universidade por decisão papal a partir de meados do século XVI”, calcula-se que só na Capela do Fundador se realizassem anualmente “cerca de três mil atos litúrgicos relacionados com os reis e infantes aí sepultados”. “A música e, sobretudo, o canto teriam grande predomínio”, recordou Joaquim Ruivo.
Curiosamente, em contraste com “a solenidade da liturgia dominicana”, que valorizava “a música vocal gregoriana e monódica”, há por todo o interior e exterior do monumento “profusa representação escultórica de anjos músicos”, notou Joaquim Ruivo, “a maioria deles associados a instrumentos ‘não canónicos’ e à música ‘profana’, de tradição judaico-cristã”.
O órgão na Igreja do Mosteiro estaria muito deteriorado em meados do século XIX e acabou por ser desmantelado após 1840. Há também notícia da existência de órgãos portáteis no monumento, nada restando de qualquer deles.
Fonte: Região de Leiria / ML
Viola de mão
Viola d’arco
Viola d’arco
Saltério
Pandeiro de soalhas
Cítara
Alaúde
Cítola
Charamela
Órgão portátil
Órgão portátil
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