Bragança e os seus músicos
Personalidades da música do concelho de Bragança
Projeto em desenvolvimento, o Musorbis aproxima os munícipes e os cidadãos do património musical e dos músicos do Concelho.
- Abade de Baçal (etnógrafo, 1865-1947)
- Francisco Fernandes (pianista, 1999)
- Gualdino Campos (coletor, 1847-1919)
- Telmo Pires (fadista)
Francisco Fernandes
Nascido em Bragança em 1999, Francisco Fernandes é um pianista que, após estudar na sua cidade natal sob a orientação da professora Ausra Bernataviciute, formou-se na Escola Superior de Música e Artes do Espetáculo (ESMAE) no Porto, Portugal, sob a orientação de Pedro Burmester.
Frequenta o mestrado em Performance Musical na Bern University of the Arts (HKB) na Suíça, com foco em música contemporânea sob a tutela de Antoine Françoise.
Francisco Fernandes destacou-se em inúmeras competições conquistando prémios como o 2º lugar no Concurso Nacional de Interpretação Contemporânea, 2º lugar no II Concurso de Piano de Oeiras e 2º lugar no 15º Concurso Internacional de Piano do Alto Minho.
Colaborou com músicos de renome e participou em prestigiados festivais e academias de música. Apresentou-se no Aurora Music Festival em Estocolmo, onde trabalhou com Peter Jablonski, Mats Widlund e a soprano Camilla Tilling. Participou na Remix Summer Academy, trabalhando de perto com maestros como Peter Rundel e Jonathan Ayerst, tendo se apresentando como solista com o ensemble da Academia na prestigiada Sala Suggia da Casa da Música no Porto.
A sua paixão pela música contemporânea é evidente em seu repertório diversificado e colaborações com compositores como Pierre Jodlowski e Hector Parra, com quem trabalhou em peças para ensemble e solo. Ele executou obras significativas do repertório pianístico do século XX, incluindo “Oiseaux Exotiques” de Messiaen como solista sob a regência de Peter Rundel, assim como “The People United Will Never Be Defeated” de Rzewski, “Etudes for Piano Book I” de Ligeti e “Sequenza IV” de Berio.
Como músico de orquestra e ensemble, Francisco Fernandes apresentou-se com grupos como o VERTIGO Ensemble, Remix Ensemble Academy e Orquestra Sinfónica de Berna, sob a regência de estimados maestros como Patrick Jüdt, Graziella Contratto e Christoph Campestrini.
Desde 2023 é maestro da Musikgesellschaft Eggiwil.
Leia AQUI a bio completa.
Telmo Pires
Telmo Pires nasceu em Bragança, viveu 34 anos na Alemanha e está há uma década em Lisboa, onde já gravou três discos: Fado Promessa (2012), Ser Fado (2016) e Através do Fado, que foi este ano lançado nas plataformas digitais e também em CD.
No novo álbum, Telmo Pires gravou temas dos repertórios de Amália, Ana Laíns e Carlos do Carmo, entre outros.
“Tudo o que faço é, e sempre foi, uma evolução muito orgânica. Seja no meu percurso artístico ou na minha vida pessoal. Uma coisa está sempre ligada à outra. Cada novo trabalho reflete, também, um novo ponto de vista, uma nova marca na minha vida. Eu vejo a vida, a arte, o amor, a ‘minha’ cidade através do meu próprio fado. Daí o título do álbum”, justificou.
“Através do Fado” tem produção do fadista, com Davide Zaccaria, que também produziu o anterior CD, “Ser Fado”, editado em fevereiro de 2016.
O fadista, na gravação, foi acompanhado pelos músico Rui Poço, na guitarra portuguesa, Carlos Viçoso, à viola, e Yami Aloelela, na violas baixo.
Telmo Pires assina a letra do tema de abertura, “Só o Meu Canto”, uma confissão do fadista, na qual afirma “Só o meu canto está em mim/guardado, como um rio corre”. O fadista assina também a música com Maria Baptista.
Outro tema da sua autoria é “Era uma Vez”, em letra e música. Assina também a letra de “No Espelho”, que canta na melodia tradicional do Fado Vianinha, de Francisco Viana.
Outros fados tradicionais que interpreta são o “Cravo”, de Alfredo Marceneiro, para um poema de Tiago Torres da Silva, “Sem Peso ou Medida”, o “Fado Lopes”, de Mário José Lopes, para uma letra de Ana Laíns, “Não Sou Nascido do Fado”, do repertório de Lains, e “Fado Menor do Porto”, de José Joaquim Cavalheiro Júnior, para o poema de Vasco de Lima Couto, “Minha Mãe Eu Canto A Noite”,do repertório de Vasco Rafael (1949-1998).
Telmo Pires é um dos embaixadores do fado na Alemanha, país onde chegou ainda criança, e manteve a paixão pela língua e pela música portuguesas.
“Cheguei a Alemanha com dois anos e meio, frequentei a escola durante 13 anos, mas cresci com o fado, porque a minha mãe era uma grande admiradora da Amália Rodrigues e do Carlos do Carmo, e trouxe discos deles”, disse Telmo Pires à agência Lusa.
Do repertório de Amália, neste CD, gravou “Medo”, poema de Reinaldo Ferreira, com música de Alain Oulman, e “Oiça lá Senhor Vinho”, com letra e música de Alberto Janes. De repertório de Carlos do Carmo, canta “Uma Flor de Verde Pinho”, com letra de Manuel Alegre e música de José Niza, canção que venceu o Festival RTP da Canção, em 1975. Também do festival recuperou, em versão fado, “Silêncio e Tanta Gente”, de Maria Guinot que venceu o certame em 1984.
Telmo Pires interessou-se pelo fado, na década de 1990, aos 20 anos, depois de, na escola secundária, sob as influências da música pop anglo-americana, ter sido guitarrista de uma banda de rock. Nas suas preferências estão Prince, David Bowie, também Jacques Brel e, de uma maneira geral, a música portuguesa.
“Só quando tinha 20 anos, acabada a escola, comecei a sentir qualquer coisa que me puxava para outro lado e deixei o rock. Mas primeiro ainda fui pianista de um grupo, escrevia e cantava ‘canção francesa’ e também alguns temas em inglês”, contou o músico português. “No início da minha carreira a solo, tinha então 21 anos, fiz um arranjo musical ao piano para o tema ‘Foi Deus’ [de Alberto Janes, criação de Amália]. Cantei-o, e foi assim que começou a minha carreira de cantor português na Alemanha”, explicou Telmo Pires.
Começou a gravar fado em 2001. “Através do Fado” é o seu sexto álbum.