Bragança e os seus músicos

Personalidades da música do concelho de Bragança

Projeto em desenvolvimento, o Musorbis aproxima os munícipes e os cidadãos do património musical e dos músicos do Concelho.

  • Abade de Baçal (etnógrafo, 1865-1947)
  • Gualdino Campos (coletor, 1847-1919)
  • Telmo Pires (fadista)
Telmo Pires
Telmo Pires, fadista, de Bragança, créditos Ismael Prata

Telmo Pires, fadista, de Bragança, créditos Ismael Prata

Telmo Pires nasceu em Bragança, viveu 34 anos na Alemanha e está há uma década em Lisboa, onde já gravou três discos: Fado Promessa (2012), Ser Fado (2016) e Através do Fado, que foi este ano lançado nas plataformas digitais e também em CD.

No novo álbum, Telmo Pires gravou temas dos repertórios de Amália, Ana Laíns e Carlos do Carmo, entre outros.

“Tudo o que faço é, e sempre foi, uma evolução muito orgânica. Seja no meu percurso artístico ou na minha vida pessoal. Uma coisa está sempre ligada à outra. Cada novo trabalho reflete, também, um novo ponto de vista, uma nova marca na minha vida. Eu vejo a vida, a arte, o amor, a ‘minha’ cidade através do meu próprio fado. Daí o título do álbum”, justificou.

“Através do Fado” tem produção do fadista, com Davide Zaccaria, que também produziu o anterior CD, “Ser Fado”, editado em fevereiro de 2016.

O fadista, na gravação, foi acompanhado pelos músico Rui Poço, na guitarra portuguesa, Carlos Viçoso, à viola, e Yami Aloelela, na violas baixo.

Telmo Pires assina a letra do tema de abertura, “Só o Meu Canto”, uma confissão do fadista, na qual afirma “Só o meu canto está em mim/guardado, como um rio corre”. O fadista assina também a música com Maria Baptista.

Outro tema da sua autoria é “Era uma Vez”, em letra e música. Assina também a letra de “No Espelho”, que canta na melodia tradicional do Fado Vianinha, de Francisco Viana.

Outros fados tradicionais que interpreta são o “Cravo”, de Alfredo Marceneiro, para um poema de Tiago Torres da Silva, “Sem Peso ou Medida”, o “Fado Lopes”, de Mário José Lopes, para uma letra de Ana Laíns, “Não Sou Nascido do Fado”, do repertório de Lains, e “Fado Menor do Porto”, de José Joaquim Cavalheiro Júnior, para o poema de Vasco de Lima Couto, “Minha Mãe Eu Canto A Noite”,do repertório de Vasco Rafael (1949-1998).

Telmo Pires é um dos embaixadores do fado na Alemanha, país onde chegou ainda criança, e manteve a paixão pela língua e pela música portuguesas.

“Cheguei a Alemanha com dois anos e meio, frequentei a escola durante 13 anos, mas cresci com o fado, porque a minha mãe era uma grande admiradora da Amália Rodrigues e do Carlos do Carmo, e trouxe discos deles”, disse Telmo Pires à agência Lusa.

Do repertório de Amália, neste CD, gravou “Medo”, poema de Reinaldo Ferreira, com música de Alain Oulman, e “Oiça lá Senhor Vinho”, com letra e música de Alberto Janes. De repertório de Carlos do Carmo, canta “Uma Flor de Verde Pinho”, com letra de Manuel Alegre e música de José Niza, canção que venceu o Festival RTP da Canção, em 1975. Também do festival recuperou, em versão fado, “Silêncio e Tanta Gente”, de Maria Guinot que venceu o certame em 1984.

Telmo Pires interessou-se pelo fado, na década de 1990, aos 20 anos, depois de, na escola secundária, sob as influências da música pop anglo-americana, ter sido guitarrista de uma banda de rock. Nas suas preferências estão Prince, David Bowie, também Jacques Brel e, de uma maneira geral, a música portuguesa.

“Só quando tinha 20 anos, acabada a escola, comecei a sentir qualquer coisa que me puxava para outro lado e deixei o rock. Mas primeiro ainda fui pianista de um grupo, escrevia e cantava ‘canção francesa’ e também alguns temas em inglês”, contou o músico português. “No início da minha carreira a solo, tinha então 21 anos, fiz um arranjo musical ao piano para o tema ‘Foi Deus’ [de Alberto Janes, criação de Amália]. Cantei-o, e foi assim que começou a minha carreira de cantor português na Alemanha”, explicou Telmo Pires.

Começou a gravar fado em 2001. “Através do Fado” é o seu sexto álbum.