Cuba e os seus músicos

Ricardo Landum, autor de canções, de Cuba
Músicos naturais do Concelho de Cuba

Projeto em desenvolvimento, o Musorbis aproxima os munícipes e os cidadãos do património musical e dos músicos do Concelho.

  • Diogo Dias Melgás (compositor, 1638-1700)
  • Ricardo Landum (autor de canções, 1958)
  • Xavier Firmino Pereira (cantor lírico)
Ricardo Landum, autor de canções, de Cuba

Ricardo Landum, autor de canções, de Cuba

Francisco Manuel de Oliveira Landum nasceu na vila alentejana de Cuba. Tem 59 anos. Aos oito trocou a planície pela Baixa da Banheira, na margem sul do Tejo. Autodidata, aprendeu guitarra na adolescência de tanto escutar discos de Deep Purple, Led Zeppelin, Poison ou Iron Maiden no quarto. Não tardou até que formasse a sua própria banda, os TNT. Tinha 17 anos. Seguiram-se os Iberia pouco tempo depois, uma banda de heavy metal (também nada e criada na Baixa da Banheira) que chegou a tocar o single “Hollywood” num programa da RTP. Ainda concluiu o ensino secundário, mas abandonou depois os estudos: o que realmente queria era ser músico. Profissional. E conseguiu. Foi convidado para integrar, como guitarrista, os Da Vinci de Pedro Luís Neves e Iei-Or.

Poucos imaginam, mas é da autoria de Francisco o tema “Conquistador” que em 1989 venceu o Festival da Canção. Um tema que compôs… numa paragem de autocarro em Sacavém. Oito anos (e alguns discos de ouro e platina depois) deixou a banda lisboeta. E deixou igualmente de ser Francisco. “Quis fazer uma carreira a solo. E fui para a [editora] CBS. Mas eles não gostaram muito do nome Francisco, acharam que não era ‘muito comercial’… Como na altura havia alguns nomes da ‘moda’ em Portugal — por causa das novelas brasileiras –, propuseram-me dois: Ricardo ou André. Escolhi Ricardo… (…) Ricardo foi o nome que adotei como compositor e autor, e é como a maioria das pessoas hoje me conhece. Claro que a minha mãe, por exemplo, me trata por Francisco, mas quase toda a gente me trata por Ricardo… Agora vivo com uma dupla identidade”, graceja à Autores, em entrevista a Viriato Teles. Os singles “Vontade Louca” e “Coração Latino” que gravou a solo após a saída dos Da Vinci não tiveram o sucesso que Ricardo Landum desejava.

Talvez por isso, aceitaria logo depois um convite da editora Discossete para ser produtor. Apenas produtor. As suas canções na voz de outros (Ágata, Mónica Sintra, Ruth Marlene, Romana, Micaela e, claro, Tony Carreira) vendiam como pãezinhos quentes. Era aquela a década do aparecimento do “pimba” (Landum sempre preferiu o termo “música ligeira”) em Portugal. Logo aí se decidiu: “Pode dizer-se que abandonei mesmo os palcos…” E explicaria, à revista Autores: “A partir de certa altura, passei a dedicar-me de alma e coração só à composição e à produção. Queria ter uma vida mais ligada ao backstage do que propriamente ao palco. O palco dá gozo, mas é uma coisa dolorosa, anda-se sempre a viajar, os verões são sempre passados de um lado para o outro… Gostava de ter uma vida mais sedentária, de estar aqui sentado e a escrever coisas…”

Ao longo da década de 1990 e até hoje, Ricardo Landum compôs mais de cinco mil canções. Hoje fá-lo no seu próprio estúdio, situado numa cave do bairro da Picheleira, em Lisboa. Continua a utilizar a mesma caixa de ritmos que utilizava no começo. Cobra 1.500 euros por cada canção. E estima-se que Ricardo Landum receba entre 300 e 500 mil euros anuais em royalties. O próprio explicou porquê, à Autores: “Considero que vivo bem dos direitos de autor. Porquê? Porque faço milhentas canções, e tenho a sorte de ser um autor completo — faço as músicas e as letras. E, depois, também tenho a sorte de ser um autor muito fértil, em termos de trabalho — praticamente não passo um dia sem fazer uma canção, tenho centenas de cassetes com originais. E como faço muito e edito muito, posso perfeitamente viver dos direitos de autor. Trabalho com um leque de artistas que vende bastante.” Landum é desde 1995 quem mais ganha com direitos de autor em Portugal — mais de 300 dos discos que produziu chegaram à platina.