Leiria e os seus músicos
Músicos naturais do Concelho de Leiria
Musorbis é um projeto musical articulado com a Meloteca.
- Afonso de Sousa (guitarrista, Leiria)
- Ana Lúcia Carvalho (direção coral)
- António Cordeiro Gonçalves (regente, 1908-1996)
- Armando Goes (cantor, 1906-1967)
- Beatriz Costa (violinista, 1996)
- Belo Marques (diretor de orquestra, 1898-1986)
- Diana Catarino (saxofone)
- João Gaspar (direção)
- João Pedro Grácio (construtor de instrumentos, 1872-1962)
- João Pedro [ Grácio ] Júnior (construtor de instrumentos, 1903-1967)
- Joel Canhão (organista, 1992-2010)
- Luís Casalinho (clarinetista, 1968)
- Mário Silva (compositor litúrgico, 1937)
- Mickael Faustino (trompa, Paris, 1990/Leiria)
- Quim Grácio (construtor de instrumentos, 1912-1993)
- Rogério Francisco (percussão)
- Sofia Silva (flauta transversal)
- Suse Ribeiro (produtora musical, 1982)
Beatriz Costa
Natural de Leiria, Beatriz Costa (1996) é uma violinista portuguesa a realizar um mestrado em Performance Musical no Conservatório Real de Bruxelas – Bélgica. Anteriormente concluiu a licenciatura na Escola Superior de Artes Aplicadas – Portugal. Integrou orquestras e conjuntos em Portugal trabalhando com maestros como Peter Stark, Dietrich Paredes, Jean-Sébastien Béreau, Pedro Pinto Figueiredo e José Eduardo Gomes.
Participou em workshops dedicados às práticas musicais contemporâneas com ensembles como Ensemble Modern (Alemanha), Ensemble Fractales (Bélgica) e Ensemble Horizonte (Alemanha). Integra, desde 2019, a equipa de produção do Festival Dias de Música Electroacústica.
Diana Catarino
Diana Catarino apresenta-se como uma saxofonista eclética que circula por vários estilos musicais diferentes e que rejeita rótulos.
Produz-se regularmente tanto a solo, como freelancer, em eventos, integrada em diferentes bandas e projetos, integrada em orquestras, na música clássica, contemporânea, alternativa, ligeira e jazz. O seu objetivo é chegar ao coração do público e expandir os limites da criatividade.
Natural de Leiria, é a terceira geração de músicos e saxofonistas da sua família. Iniciou os estudos musicais aos 3 anos na SAMP – Sociedade Artística Musical dos Pousos e elegeu o saxofone com 8 anos sob a tutela do maestro Alberto Roque, tendo prosseguido posteriormente para a Escola de Música do Orfeão de Leiria.
Em 2017 obteve o grau de Mestre em Saxofone (variante de Ensino da Música) pela ESML/ IPL. É licenciada em saxofone pela mesma escola (com José Massarrão) desde 2009. Em França obteve um DEM em saxofone clássico pelo Conservatoire de Région de Musique et Danse de Lyon (com Jean Denis Michat), em 2011 estudou jazz na American School of Modern Music of Paris e iniciação à composição no Conservatoire de Boulogne-Billancourt – Paris 92 (com Jean-Luc Hervé).
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O projeto Reciclanda promove a reutilização, reciclagem e sustentabilidade desde idade precoce.
Com música, instrumentos reutilizados, poesia e literaturas de tradição oral, contribui para o desenvolvimento global da criança e o bem estar dos idosos. Faz ACD e ALD (formações de curta e longa duração), realiza oficinas de música durante o ano letivo e dinamiza atividades em colónias de férias. Municípios, Escolas, Agrupamentos, Colégios, Festivais, Bibliotecas, CERCI, Centros de Formação, Misericórdias, Centros de Relação Comunitária, podem contratar serviços Reciclanda.
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João Gaspar
Natural de Leiria, João Gaspar finalizou o curso na Escola Profissional Metropolitana com Diploma de Mérito de melhor aluno. Ingressou na Academia Nacional Superior de Orquestra, em 2012, com bolsa de mérito, na qual obteve o grau de licenciado.
É Mestre em Ensino da Música pela Escola Superior de Música de Lisboa.
Como solista, interpretou em estreia nacional as obras Pele de Brian Balmages e o Concerto for Horn and Band de Lee Actor, gravado ao vivo para CD. Tem trabalhado e colaborado com orquestras e formações como: European Union Youth Wind Orchestra, The World Orchestra, Orquestra de Jazz de Matosinhos, Orquestra XXI, Orquestra d’Almada, Ensemble do Movimento Patrimonial pela Música Portuguesa, Orquestra de Câmara Portuguesa, Orquestra Metropolitana de Lisboa ou Orquestra Gulbenkian, sob a batuta de maestros de renome internacional.
Orientou classes de aperfeiçoamento como professor convidado em Portugal e no estrangeiro, mais recentemente na Panstwowa Skola Muzyzcna w Krakowie, na Polónia, ou no Festival de Trompas da Guatemala. É membro da Banda de Música da Força Aérea Portuguesa e desempenha as funções de docente no Conservatório Regional de Artes do Montijo. Foi maestro convidado da Orquestra Sem Fronteiras e da Orquestra Clássica da Madeira em 2020.
Além do vasto acervo de arranjos musicais para diversas formações, bem como desenvolvimento de material pedagógico, destacam-se as suas obras originais: A Project Ouverture, 2013; Vila Compasso, 2017; Surprise, 2017; O Mundo Maravilhoso das Toupeiras, 2018; Pasteleira, 2019; Tupho, 2019; Mrs Bassy, 2020; Aircradt, 2020; Au Naturel, 2020; Sonho de Voar, 2020; Depois da Roda, 2020; Antologia Intervencionista, 2020; A Metamorfose de Orfeu, 2020. É autor do livro infantil Vila Compasso baseado no musical com o mesmo nome, também de sua autoria.
João Gaspar
Mickael Faustino
Mickael Faustino nasceu em Paris em 1990. Iniciou os estudos musicais com Rodrigo Carreira na Sociedade Artística e Musical Cortesense, prosseguindo na EPMVC (Escola Profissional de Música de Viana do Castelo) e, depois, na ESMAE (Escola Superior de Música Artes e Espetáculo) na classe dos professores Bohdan Sebestik e Abel Pereira.
Terminou o mestrado na Hochschule fur Musik und Theater Felix Mendelsohn, em Leipzig, na classe dos professores Thomas Hauschild e Bernard Krug.
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Rogério Francisco
Rogério Francisco, natural de Leiria, é percussionista, vibrafonista jazz, compositor e docente. Apresenta-se a nível performativo em diversos contextos, como por exemplo, Rogério Francisco Quarteto, com os projetos “The Dark Jungle” que pode ser ouvido em qualquer plataforma streaming e com o seu novo quarteto “If The Morning Could Speak”. Dá diversos concertos em formato de trio, com o projeto “Spiritual Healing”.
É também membro do Eixo do Jazz Ensemble.
Iniciou o percurso académico na Filarmónica São Cristóvão da Caranguejeira, frequentou a Escola Profissional de Música de Espinho e a Escola de Música e Artes do Espetáculo onde terminou o mestrado em ensino da música, com os professores Jeffery Davis, Carlos Azevedo, Nuno Ferreira, Abe Rabade, Michael Lauren.
No âmbito da percussão, realizou classes de aperfeiçoamento com Reiner Seegers, Markus Leoson, Paulo Oliveira, Rui Gomes, entre outros. No âmbito do jazz participou em masterclasses realizadas por David Friedman, Reut Regev, Adam Lane, Demain Cabaud, Seamus Blake, Demain Cabaud, Peter Schlamb, Nelson Cascais, Naima Acuna, entre outros.
Durante o percurso académico obteve o 1º lugar no festival São Luiz, o 3º lugar no Prémio Jovens Músicos e o 2º lugar no concurso de jazz organizado pela Italy PAS.
Em palco, já tocou com as seguintes formações: Estarrejazz Big Band, Orquestra Clássica de Espinho, Orquestra Clássica da ESMAE, Orquestra de Jazz de Espinho, Orquestra de Jazz da ESMAE, com o Ensemble de Sopros da Associação de Filarmónicas do Concelho de Leiria e com a Banda Sinfónica Portuguesa.
É o compositor residente da Orquestra Viv’Arte (Vila Verde), que apresenta um repertório ligado ao jazz e à música ligeira. Colabora regularmente com a Banda Sinfónica de Alcobaça e é docente na Academia de Música de Vila Verde.
Sofia Silva
Sofia Silva é licenciada em Flauta Transversal pela Escola Superior de Música de Lisboa e Master Musician pela Guildhall School of Music and Drama, Londres.
Iniciou os seus estudos musicais aos 9 anos na Sociedade Filarmónica Maceirense.
Estudou com João Pedro Fonseca na Escola de Música do Orfeão de Leiria, instituição onde foi várias vezes vencedora do Concurso “Os Melhores Alunos da EMOL” nas categorias de Música de Câmara e de Solista, efectuando inúmeros concertos, nomeadamente no “Festival de Música em Leiria”.
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Suse Ribeiro
Técnica de live sound com artistas como Dulce Pontes, Tito Paris, Os Corvos, Carminho, António Zambujo, Mandrágora, Oquestrada, entre muitos, Suse Ribeiro é Mestre em Multimédia (Música Interactiva e Design de Som) pela FEUP.
Licenciou-se na ESMAE em Produção e Tecnologias da Música.
É docente no Ensino Superior desde 2007 e diretora do Festival de Cinema EFF. Colaborou com diversas instituições como, Casa da Música, Serralves, Coliseu do Porto, Coliseu dos Recreios, CCB, Athens Concert Hall, Centre Pompidou, entre outros e com diversas estruturas artísticas como: Companhia Olga Roriz, O Bando, Circulo Portuense de Ópera, Sintra Estúdio de Ópera.
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HISTÓRICOS
Afonso de Sousa
Afonso de Sousa nasceu a 24 de junho de 1906 na Quinta do Paraíso em Maceira, Leiria – Portugal e faleceu a 18 de dezembro de 1993 na cidade de Leiria. Foi guitarrista, violista, letrista, compositor, escritor, poeta e advogado. Foi o instrumentista que definiu de forma mais completa e sistemática o papel da segunda guitarra na abordagem de repertório vocal e instrumental, dado que, à época, a sua utilização não era frequente. Para isso, contribuíram também Artur Paredes e Félix Albano de Noronha, solistas de guitarra de Coimbra que incluíram uma segunda nos seus ensembles instrumentais. Afonso de Sousa colaborou, de igual modo, para a produção artística e para a documentação histórica da Canção de Coimbra enquanto género e manifestação cultural.
Esteticamente, sentia-se dividido entre o exacerbamento de emoções, enraizado no Decadentismo e Ultrarromantismo literário-musical e a lógica de pensamento racional, que se tornou para si conducente às propostas lideradas por Edmundo Bettencourt, Artur Paredes e D. José Pais de Almeida e Silva. Como compositor produziu temas como Variações de Coimbra, Temas tristes, Variações em Lá Menor e Saudades de Coimbra. É, ainda, autor de Asas brancas e Desalento. Erroneamente, é-lhe atribuída a autoria de Rosas brancas, em confusão com a canção Desalento, que contém essa expressão na sua letra. Ao nível da produção literária, destacam-se: Roteiros subjetivos da minha terra (1964), Sarça ardente e outras sarças (1965), Do Choupal até à Lapa: recordações de um antigo estudante de Coimbra (1973), O canto e a guitarra na década de oiro da Academia de Coimbra: 1920-1930 (1981) e Ronda pelo passado: memórias de um antigo estudante do Liceu Rodrigues Lobo, em Leiria e da Fac. Direito da Univ. de Coimbra: 1915 a 1930 (1989).
Filho de José de Sousa e de Rosália Coelho de Sousa, frequentou o Liceu Rodrigues Lobo em Leiria, entre 1915 e 1923. Nessa altura, demonstrando já interesse pela música, iniciou-se no acordeão e na viola, chegando a participar num agrupamento musical daquela cidade liderado por João Agostinho Nogueira. Posteriormente, em 1923, ingressou na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra – Portugal. Foi sócio da Tuna Académica da Universidade de Coimbra (TAUC) e do Orfeon Académico de Coimbra (OAC), apresentando-se em récitas dadas por essas entidades em Portugal e no estrangeiro. Em 1925 tornou-se discípulo de Noronha, com quem teve aulas de guitarra de Coimbra e, em 1926, ensaiou e gravou, como segunda guitarra, repertório que este preparou com Armando do Carmo Goes. No mesmo ano, foi convidado por Artur Paredes a integrar o seu ensemble, primeiramente como viola numa excursão ao Norte e, posteriormente, na qualidade de segunda guitarra.
Participou em todas gravações de repertório instrumental com Paredes para a etiqueta His Master’s Voice. Estas viriam a acontecer entre 1926 e 1930, com Guilherme Barbosa na viola. Este período traduziu-se no ponto alto da sua carreira guitarrística. Além das já referidas gravações, participou ainda nas de Artur Almeida d’Eça e na gravação de dez canções de Edmundo Bettencourt com Artur Paredes e Mário de Fonseca, cujos discos resultantes permaneceram em catálogo até 1953. Acompanhou também Noronha, juntamente com Laurénio Silva na viola, na gravação de duas séries de guitarradas para a Columbia que não viriam a ser comercializadas. Em 1929 deslocou-se a Sevilha – Espanha, no âmbito da “Exposição Ibero-Americana”, e atuou com a Embaixada Artística da Academia de Coimbra, na qual integravam Artur Paredes, guitarra de Coimbra; Guilherme Barbosa, viola; e António Menano, voz. Gravou também repertório próprio como solista, tendo, inclusive, na edição de junho da Phonograph monthly review (New York – Estados Unidos) de 1930, recebido uma menção na secção de edições estrangeiras: “Portuguese. There are three releases in this group from Columbia, of which the best is the disk of original guitar solos by Dr. Alfonso de Sousa (1102-X)” (p.323). Em 1930, em vésperas de receber a sua carta de curso, era um estudante respeitado na Academia, presente entre múltiplas atividades culturais. Terminado o curso, regressou a Leiria, onde se fixou, embora tenha permanecido ligado à TAUC e ao OAC, na qualidade de sócio.
No pós Segunda Guerra Mundial, a escrita de Afonso de Sousa metamorfoseou-se num bastião de resistência: afirma-se contra a banalização do repertório pelos modernistas; declara-se contra a insuficiência teórica e as ambiguidades discursivas que impossibilitavam uma correta compreensão do primeiro modernismo na Canção de Coimbra; manifesta-se contra as políticas culturais e o processo de incrementação turística implementado pelo Estado Novo (que almejava vender a Canção de Coimbra como subgénero do Fado); expressa-se contra as ideologias que se tinham vindo a incorporar na Canção de Coimbra. Em 1960, no âmbito do 80º aniversário do Orfeon Academico de Coimbra (OAC), reúnem-se, pela última vez em Coimbra, Artur Paredes, Carlos Paredes e Afonso de Sousa, acompanhados por Arménio Silva e António Leão Ferreira Alves. No inverno desse ano, deslocou-se à Índia com Pinho de Brojo, guitarra de Coimbra; Mário Castro, viola; e os cantores Fernando Rolim e Luís Goes.
Na segunda metade da década de 60, colaborou com Divaldo Gaspar de Freitas na produção de depoimentos sobre antigos cultores da Canção de Coimbra. Em 1970, marcou presença no colóquio sobre a Canção de Coimbra dinamizado pelo OAC. Afirmou, nesta ocasião, a recusa à linearidade do discurso que propõe a erradicação do legado clássico da Canção de Coimbra ou a sua transformação em música de intervenção, apesar de reconhecer e demonstrar compreensão de algumas das propostas estéticas de músicos de gerações mais recentes que se encontravam presentes no mesmo colóquio.
Fonte: Museu da Universidade de Aveiro
Joel Canhão
Joel Canhão nasceu em Moinhos da Barosa (Leiria), em 1927 e faleceu no dia 26 de fevereiro de 2010. Formado no Conservatório Nacional, iniciou o seu percurso em Santarém, em 1948, como professor de Canto Coral no Liceu de Santarém, acumulando com o lugar de assistente do então Maestro Fernando Cabral, no Orfeão Scalabitano. A partir desta data, a sua ilustração e o seu caráter de homem empenhado na valorização musical das diferentes gerações que com ele se cruzaram, marcaram indelevelmente a cidade de Santarém e o Círculo Cultural Scalabitano. Logo após a sua fundação, em 1955, foi chamado a dirigir os destinos do Orfeão Scalabitano, tendo igualmente assumido a direção artística do Coral Infantil, ao qual estava agregado uma pequena escola de iniciação musical, desta mesma associação, que se reiniciou nessa época.
Do trabalho do Orfeão, destaca-se a árdua preparação do coro para os concertos radiofónicos, contratados mensalmente pela Emissora Nacional (primeiro em direto e, só mais tarde, quando a tecnologia das fitas magnéticas o permitiu, passaram a ser gravados), para o Sarau Anual, de grande responsabilidade para com os sócios e a população de Santarém e, algumas vezes, ainda, em conjunto com a Orquestra Típica Scalabitana, que não tinha na época coro próprio, para os conhecidos Serões de Trabalhadores.
Neste período, compôs algumas músicas para o Coral Infantil, já editadas em livros e discos e para o Orfeão Scalabitano de que se destaca, com letra de Augusto Ribeiro, Canção da Ceifeira Verde. O interregno de um ano, em 1961, na direção destes coros deveu-se a uma bolsa que ganhara da Fundação Calouste Gulbenkian, para estudar junto de Edgar Willems, na Suíça, de forma a poder aplicar-se, em Portugal, a nova metodologia do ensino da Iniciação Musical. E as crianças e jovens, que nos anos Sessenta frequentaram, gratuitamente, as suas aulas no Círculo Cultural, beneficiaram desta nova metodologia de ensino musical por sua via. A sua acção passou, igualmente, pela fundação do Grupo Coral Alfredo Keill em 1962 motivado pela crise do Orfeão Scalabitano, que levou ao interregno das suas atividades, tendo integrado o Círculo Cultural só em 1967. Este Grupo Coral de 18 vozes masculinas foi nessa época muito apreciado pela crítica nacional, nomeadamente por Mário de Sampayo Ribeiro.
Antes dele, fora Luís Silveira, que Joel Canhão ainda conheceu, no Clube Literário Guilherme de Azevedo que experienciara a direção artística do primeiro Coral Infantil de Santarém. Durante as décadas de 50 e 60, aproveitando o ambiente intelectual e cultural que se vivia em Santarém, integrou tertúlias artísticas que se detinham no Café Central, mas também muitas vezes na sua casa.
Estas eram frequentadas por poetas como Ruy Belo, Herberto Hélder e Albano Martins, escritores como Bernardo Santareno, entre outros homens bons como, Abílio Pereira da Silva, Padre Francisco Nuno, Moura Júnior, Augusto Ribeiro, Florindo Custódio, João Moreira. No seu repertório encontravam-se os nomes maiores da música portuguesa e estrangeira da época. Lidou com a intelectualidade da época como Fernando Lopes Graça que esteve algumas vezes em Santarém. Colaborou, ainda neste período, regularmente no Jornal do Ribatejo, escrevendo crítica musical. Deixou Santarém, em 1966, para dirigir o Orfeão Académico de Coimbra, mas nunca esqueceu esta terra e as suas gentes. Em 1968 e 1969, vem a Santarém continuar a dirigir o Grupo Alfredo Keill que se extinguiu na mesma altura.
Deixou artigos no Correio do Ribatejo que contam um pouco mais da sua ação em Santarém. Nessa ocasião foi homenageado no Teatro Taborda pelos seus antigos alunos e orfeonistas, entre os quais se contam o nosso amigo João Moreira, a maestrina Tilita Valente e a saudosa Eulália Marques. Preocupou-se, igualmente, com a didática da música, dedicada ao ensino dos mais pequeninos, tendo realizado conferências e publicado diversos livros e obras musicais, algumas influenciadas pelo seu trabalho com o Coro Infantil do Círculo Cultural. A arte da música e da escrita tocaram-se e quis deixar-nos ainda um livro de poesia, sob o pseudónimo de Moura Serpa, Dedilhações em Busca… e outros Exercícios.
Excerto e ligeiras adaptações de “Homenagem do Círculo Cultural Scalabitano – Joel Canhão – Notas de Uma Vida”, 2010
José Belo Marques