Ourém e as suas filarmónicas
Filarmónicas de Ourém
Bandas de Música, história e atividades no Concelho
- Academia de Música Banda de Ourém
- Associação Filarmónica 1.º de Dezembro Cultural e Artística Reis Prazeres
Academia de Música Banda de Ourém (AMBO)
Na sequência do trabalho preparatório de uma Comissão composta por um grupo de oureenses ilustres, constituiu-se em 1930 a Banda de Vila Nova de Ourém. Durante décadas realizou espetáculos nas mais diversas localidades do pais. Em 1963 deslocou-se a Vigo, Espanha. Em 1964, a AMBO suspendeu a atividade, que foi reativada em 1972 com a criação de um grupo coral, a que foi dado o nome de Chorus Auris. A criação de novas secções tornou-a a maior instituição cultural do concelho de Ourém, o que lhe permitiu o reconhecimento como “Pessoa Coletiva de Utilidade Pública” (1987). Em 1994, recebeu da Câmara Municipal de Ourém a Medalha de Ouro de Mérito Municipal, e a Medalha de Ouro do Município, em 2005.
A música filarmónica regressou ao seio da AMBO em 1985, com a apresentação pública de um agrupamento com apenas 29 executantes, a que foi dada a designação de Banda Juvenil, sob a regência do Maestro José Marques Mortágua, no seguimento do trabalho que este vinha desenvolvendo desde 1982. em 2005, no XX aniversário, alterou a denominação para Orquestra de Sopros de Ourém, com o objetivo de ser criado um novo agrupamento de iniciação à Orquestra com a anterior designação de Banda Juvenil, o que se concretizou em 2007.
AMBO
Vocacionada fundamentalmente para atuações em concertos, tem promovido de forma sistemática a divulgação da música filarmónica em todo o concelho de Ourém, não descurando qualquer oportunidade de atuar noutros pontos do país o que tem acontecido com regularidade, de Norte a Sul, mantendo urna composição superior a cinquenta elementos, oriundos exclusivamente do trabalho de formação realizado, numa primeira fase apenas na Escola da Banda e desde 2005 também pela OUREARTE – Escola de Música e Artes de Ourém, uma iniciativa conjunta das três Bandas Filarmónicas do concelho de Ourém, que ministra o ensino especializado da música, com paralelismo pedagógico reconhecido pelo Ministério da Educação.
Em 1998 deslocou-se a França, onde atuou para a Comunidade Portuguesa nos arredores de Paris, e em agosto de 2002, maio de 2003 e julho de 2008 a Espanha, tendo participado, respetivamente, no III Encontro de Bandas de Llerena (Extremadura), no XX Festival Ibérico de Música, em Badajoz e no X Festival de Bandas de San Miguel de Oia, Vigo.
Assinalando os setenta e cinco anos da AMBO, estreou em 2005 com o ‘Chorus Auris” a obra Appolinis, do compositor Jorge Salgueiro, para coro e banda, encomendada expressamente para esta ocasião, que foi gravada em 2006, dando nome a um CD com a participação de todos os agrupamentos musicais da AMBO.
Procurando alargar o seu campo de atuação, tem desenvolvido projetos diversificados, de que são exemplo o denominado “Filarmónicas em Sintonia”, que juntou em simultâneo as três Bandas Filarmónicas de Ourém, integrado no FESTAMBO 2010 e o “Fusão com os Ventos”, com que se apresentou ao Concurso Nacional de Música do lNATEL 2010, tendo disputado a final, em que a Orquestra se apresenta numa função de acompanhador do piano e do canto.
Em 2003 editou o CD Despertar dos Sons e em 2010, assinalando o seu 25.º Aniversário, procedeu à edição de um novo trabalho discográfico com o título de Sons dos Ventos.
Tem desenvolvido uma atitude de cooperação com um grande número de bandas filarmónicas. Acompanhou o processo de constituição da Confederação Musical Portuguesa (CMP), de que é afiliada e participou na fundação da ABFDS – Associação de Bandas Filarmónicas do Distrito de Santarém, em 2011. Tem direção artística de José Pedro Figueiredo desde 2006.
Associação Filarmónica 1.º de Dezembro Cultural e Artística Reis Prazeres
A Associação Filarmónica 1.º de Dezembro Cultural e Artística Reis Prazeres, de Vilar dos Prazeres, Ourém, comemorou cem anos de existência a 14 de Abril de 2014. Chamavam-lhe “El Risco” mas ninguém sabe dizer se era nome ou alcunha popular. No final dos anos 20, era o maestro da “Banda da Charneca”, fundada em Vilar dos Prazeres.
Numa noite escura, abandonou por momentos a sala de ensaio, junto à Capela, para satisfazer as necessidades fisiológicas quando foi atacado à paulada por dois rivais da banda, que se encontravam à espreita por detrás de um plátano. Morreu. Esta é apenas uma das muitas histórias que envolvem aquela que, na década de 50, se viria a chamar Associação Filarmónica 1.º de Dezembro Cultural e Artística Reis Prazeres por ter sido apoiada por uma família abastada da terra com esse apelido.
Apesar de centenária, a Associação Filarmónica 1.º de Dezembro Cultural e Artística Reis Prazeres conta atualmente com cerca de 45 músicos e todos apresentam um nível de idades muito baixo. A própria maestrina, apesar de conduzir a banda há oito anos, é bastante jovem. Em 2014, Virgínia Duarte Vieira tinha 31 anos e antes de segurar a batuta tocou na banda. Fez o Conservatório até ao 8.º grau, tirou um curso de Letras pelo meio e, neste momento, está a tirar a licenciatura de Direcção de Orquestra de Sopros, em Lisboa.
“O meu instrumento agora é a orquestra”, atesta. A direção, que vai liderar os destinos da coletividade durante dois anos, é presidida por Armando Eugénio e composta por João Antunes, Madalena Faria, Francisco Vitorino, Inês Reis, Vítor Gaspar, Catarina Antunes e Ana Cecília Rebelo. Todos são oriundos de Vilar dos Prazeres e trabalham na coletividade “por amor à camisola”, tendo a maioria filhos na filarmónica.
A Filarmónica 1.º de Dezembro nasceu de uma rivalidade entre músicos, que se passou no tempo em que Vilar dos Prazeres ainda se chamava Charneca de Ourém. Seis músicos tocavam numa banda do Castelo de Ourém (Banda Filarmónica Oureense) e decidiram sair, o que não foi muito bem visto. Para levar a sua avante, os músicos fundadores contaram com o apoio de uma família muito abastada, os Prazeres, que os ajudou a pagar com a indumentária e instrumentos.
Dos seis rapidamente passaram a vinte e sete elementos necessários e decidiram colocar o nome 1.º de Dezembro porque a primeira atuação pública coincidiu com essa data no calendário. Em 1972, foram aprovados os estatutos da banda que sobrevive através das receitas provenientes das atuações em festas e romarias e dos donativos de instituições e população.
As deslocações são feitas nos próprios carros dos músicos e a coletividade só recorre ao aluguer de um autocarro quando a saída é mais distante. Atualmente, a Filarmónica 1.º de Dezembro conta com o apoio de cerca de 280 associados e a sua principal dificuldade passa por manter os jovens músicos na banda ao longo do tempo, uma vez que muitos acabam por sair por volta dos vinte ou trinta anos, devido às próprias circunstâncias da vida.
Fonte: O Mirante