Ourém e os seus músicos
Músicos naturais do Concelho de Ourém
Projeto em desenvolvimento, o Musorbis tem como objetivo aproximar dos munícipes os músicos e a música do Concelho.
- Fernando Alvim (violista, 1934-2015)
- Francisco Ferreira Silva (regente, 1928)
Fernando Alvim
Violista e arranjador, Fernando Gui de São-Payo de Sousa e Alvim nasceu em Seiça, concelho de Ourém, Seiça, distrito de Santarém, a 27 de fevereiro de 1934 e morreu em Lisboa, a 27 de fevereiro de 2015. Com 18 anos teve as primeiras aulas de viola com o professor Duarte Costa. Com 24 anos frequentou um curso com o guitarrista Emílio Pujol.
Na Emissora Nacional realizou o programa de music-hall “Nova Onda” que depois deu nome ao conjunto, formado com Gonçalo Lucena, António Roquette e Bernardo d’0rey, que durou de 1957 a 1961 e que depois deu origem ao Conjunto Mistério. Acompanhou os fadistas Vicente da Câmara, Frei Hermano da Câmara e Teresa Tarouca, entre outros. Conheceu Carlos Paredes e em 1959 formaram uma parceria que durou 24 anos. Fundou o Conjunto de Guitarras de Fernando Alvim em 1969 e gravou um disco com João Maria Tudela. Em 1998 participou no disco “A Guitarra e Outras Mulheres” de António Chainho. Em 2005 recebeu a medalha de mérito cultural atribuída pela Câmara Municipal de Cascais.
O CD “Nas Veias de Uma Guitarra – Tributo a Fernando Alvim”, em conjunto com Ricardo Parreira, foi lançado em 2007. Em 2011 foi lançado um duplo CD de fados e músicas por si, compostas ao longo da sua longa carreira, batizado por Camané como «Os Fados e as Canções do Alvim». No disco participam músicos de renome como Ana Moura, António Zambujo, Bernardo Couto, Camané, Carlos do Carmo, Carminho, Cristina Branco, Filipa Pais, Marco Rodrigues, Pedro Jóia, Pedro Moutinho, Rão Kyao, Raquel Tavares, Rui Veloso. As letras das músicas são da autoria de diversos autores, entre os quais Amélia Muge, João Monge, Manuela de Freitas, Tiago Torres da Silva e a própria mulher do músico, Rosarinho Alvim. O documentário “Azul Alvim” realizado por Margarida Merces de Mello para a RTP, foi eleito em 2014 o melhor documentário pelo público do Festin.
A 7 de outubro de 2011, esteve em destaque no Público (Ípsilon Música)
Fernando Alvim era conhecido como “o sombra”, por ter tocado ao lado de Carlos Paredes durante 25 anos sem que Portugal conhecesse o seu nome.
Nos mais de 50 anos de carreira, 25 foram passados a acompanhar à viola o guitarrista Carlos Paredes, com quem gravou cinco discos. Por ser a segunda figura do autor de “Verdes Anos”, dentro do meio musical era conhecido por “o sombra”. Num entrevista ao site Rua de Baixo, em 2011, admitiu que ao longo da carreira sentiu alguma falta de protagonismo.
Só na última edição dos “Verdes Anos” é que Zé Niza escreveu um artigo sobre o papel do trabalho de Fernando Alvim como acompanhador do Carlos Paredes.
Eu soube pelo Rui Veloso que eu era conhecido, na gíria do fado e no mundo artístico, como “O Sombra”. Eu gostava que os meus colegas guitarristas e violistas começassem a ter mais protagonismo, a serem mais valorizados, porque sem eles não havia fado” – afirmou Fernando Alvim.
Entre as várias colaborações que fez contam-se concertos e gravações com António Chainho, Pedro Jóia, Zeca Afonso, Manuel Freire, Luz Sá da Bandeira, Mísia e Vicente de Câmara. Amália Rodrigues convidou-o para gravar o tema “Formiga Bossa Nova”, de Alexandre O’Neil e Alain Oulman.
Quando Caetano Veloso atuou em Portugal no Teatro Monumental, ainda antes do 25 de abril, e quis cantar um fado, Fernando Alvim foi chamado para o acompanhar. Um momento especial para quem, nos anos 60, na Emissora Nacional, conduzia o programa “Nova Onda”, com que Portugal travou conhecimento com o Bossa Nova que chegava do outro lado do Atlântico.
Em 2011, Fernando Alvim editou o CD duplo O fado e as canções do Alvim, constituído exclusivamente por composições suas interpretadas, entre outros, por Camané, Ana Moura, Ricardo Ribeiro, Cristina Branco, Rui Veloso, Fafá de Belém, Vitorino e Carlos do Carmo.
Em 2012, o trabalho d’”o sombra” foi reconhecido. Recebeu a Medalha de Honra da Sociedade Portuguesa de Autores, que referiu na ocasião que era uma “forma de reconhecimento pelo trabalho de décadas ao serviço da dignificação da música portuguesa”. Em 2005 recebeu a medalha de mérito cultural atribuída pela Câmara Municipal de Cascais.
Aquando da sua morte, o Secretário de Estado da Cultura emitiu uma nota de pesar onde descreve Alvim como “um dos mestres da viola e um dos mais notáveis músicos da sua geração”.