Ponta Delgada e as suas filarmónicas
Filarmónicas de Ponta Delgada
Bandas de Música, História e Atividades no Concelho
- Banda Harmonia Mosteirense
- Banda Militar dos Açores
- Banda Nossa Senhora da Luz
- Filarmónica Lira de São Roque
- Filarmónica Lira Nossa Senhora da Estrela
- Filarmónica Lira Nossa Senhora da Oliveira
- Filarmónica Minerva
- Filarmónica Nossa Senhora das Neves
Banda Harmonia Mosteirense
A Banda Harmonia Mosteirense, da freguesia dos Mosteiros, foi fundada em 1883, pelo Padre Manuel Jacinto da Silva, Pedro Lúcio, Caetano Lopes e Manuel Botelho Paulo, com apoio moral e material de outros amigos regeneradores. É constituída por mais de seis dezenas de elementos com idades entre os 8 e os 68 anos e possui uma escola com mais de uma dezena de aprendizes.
Realiza, anualmente, cerca de meia centena de atuações, procissões, festas e festivais musicais na ilha de S. Miguel. Em 2012, colaborou na gravação de um CD promovido pela Câmara Municipal de Ponta Delgada. Em 2013, comemorou os seus 130 anos de existência, com a realização de várias atividades. Em 2014, foi a primeira Filarmónica a participar com um concerto no prestigiado Festival Música no Colégio. Em outubro de 2015, teve lugar o lançamento do 1º CD da Banda, com um Concerto no Teatro Micaelense. Fazem, também, parte do currículo da Banda deslocações a outras ilhas do arquipélago, a Portugal Continental e ao estrangeiro, aos Estados Unidos da América nos anos de 1977/1989/1999 e 2008. A Harmonia Mosteirense venceu, por duas vezes, o concurso de Bandas da Ilha de S. Miguel realizado no Coliseu Micaelense, nos anos de 1957 e 1958.
Esta Banda continua com o seu grupo de Teatro que é constituído, em cerca de 90 por cento, por músicos da Filarmónica. Todos os anos, na época de Natal, tem levado à cena uma peça de teatro e um ato de variedades, permitindo aos jovens a aprendizagem da música e o desenvolvimento de práticas de solidariedade e laços de sã camaradagem.
Banda Nossa Senhora da Luz
A BNSL, da Freguesia de Fenais da Luz, foi fundada em outubro de 1976, após a fusão de duas bandas existentes naquela freguesia denominadas de “Banda União Celestial” e “Banda Lira Luz e Glória”. Tem perto de meia centena de músicos com idades entre os 7 e os 70 anos. Mantem em atividade uma escola com mais de uma dezena de alunos. Efetua, anualmente, cerca de 20 atuações.
Em 1978, vence o 1º concurso de Bandas a nível Açores. Nos anos 1979/80 e 81, visitou todas as ilhas do Arquipélago. Em 1983, venceu o Concurso de Bandas promovido pela Robbialac. Em 1986, deslocou-se aos Estados Unidos da América. Em 1988, integrou os Festivais de Bandas de Castelo de Vide, Alto Alentejo e visitou Espanha e participou no Festival de Bandas da Ribeira Brava (Madeira). Tem realizado concertos no Teatro Micaelense, na Vila de Nordeste, Vila Franca do Campo, Lagoa e Ribeira Grande. Em 2008, realizou o seu concerto de Gala na Aula Magna da Universidade dos Açores, com o Orfeão Edmundo Machado de Oliveira e, em 2009, repetiu o mesmo feito, desta vez no Teatro Ribeiragrandense, com a participação da soprano Andreia Colaço e do barítono João Costa. Em 2012, realizou dois concertos com o Coral de São José, onde tocou, entre outras obras, o tema “Requiem” de Mozart. Em 2013, editou o seu 1º CD com obras contemporâneas.
Em 1915, devido a rivalidades, um grupo dissidente criou uma nova agremiação com o nome de Lira Luz e Glória integrada na Sociedade de Instrução e Recreio Bartolomeu de Quental. Em finais da década de 1950, com o aparecimento do fenómeno da emigração em massa, para o Canadá e EUA, as Bandas entraram em crise. As duas, em 1961, fundiram-se noutra que passou a designar-se União Celestial. A junção durou pouco tempo, porque um grupo dissidente voltou a reativar a Banda Lira Luz e Glória.
Em 1976, com falta de elementos, as direções congregaram numa mesma agremiação musical todo o património humano e material. Deste então, a Banda é conhecida por Banda Nossa Senhora da Luz.
Banda Militar da Zona Militar dos Açores
A Banda Militar dos Açores foi criada após a Revolução Angrense de 22 de junho de 1828. Mais tarde, com a mudança do Comando Militar dos Açores para a cidade de Ponta Delgada, passou a existir apenas uma Banda Militar sediada, inicialmente, no aquartelamento do Batalhão Independente de Infantaria 18 no extinto Convento de São João e, mais tarde, no Forte de São Brás.
Hoje, designada por Banda Militar da Zona Militar dos Açores, está instalada no Campo Militar de São Gonçalo do Comando da Zona Militar dos Açores e tem por missão dar o necessário enquadramento musical nas cerimónias e atos militares e simultaneamente contribuir para a valorização cultural e recreação do pessoal militar e civil do Exército executando concertos e outras intervenções musicais.
Para além das atividades castrenses, a Banda Militar dos Açores insere as suas atuações no âmbito cultural, recreativo e de divulgação do Exército, colaborando com as autoridades e organismos civis na execução de concertos em diferentes locais da Região Autónoma dos Açores, salientando-se atuações de caráter didático em diversas escolas. Muito tem contribuído, para a valorização cultural das populações e incremento pelo gosto da Música nos Açores.
Sendo impraticável elencar-se toda a atividade desenvolvida pela Banda de Música da Zona Militar dos Açores ao longo da sua vasta história e pelos seus elementos individualmente, realça-se apenas um evento que muito a enaltece e enobrece e do qual muito se orgulha: o fato do hino do Senhor Santo Cristo dos Milagres ter sido composto pelo Mestre da Banda Militar, Manuel José Candeias, em 1868, e ainda hoje ser o ícone musical das maiores festas religiosas dos Açores e o elo fundamental da união da diáspora açoriana. Conta com 40 elementos, sendo chefiada pelo Tenente Chefe de Banda Hélio Filipe Machado Soares.
Bibliografia
Banda Militar dos Açores: uma referência cultural, José Alfredo Ferreira Almeida, Marco Paulo Carriço da Torre. Ponta Delgada: Letras Lavadas, 2015. -203 p. : il. ; 22 x 23 cm. – ISBN 978-989-735-088-7.
Filarmónica Lira de São Roque
A FLSR, Freguesia de São Roque, foi fundada em 1899. Tem um corpo de músicos que ronda as três dezenas de elementos, com idades variadas e mantém em funcionamento, na sua sede, uma escola de música. Teve como primeiro regente o José Joaquim de Matos. Em 1954, foi dotada com uma nova sede. De 1959 a 1976, esteve inativa. Em 1977, conseguiu reabrir as suas portas. Em 1989, fizeram-se melhoramentos na sede e instalou-se a sua escola de música. Realiza várias dezenas de serviços por ano em eventos culturais e religiosos pela ilha de S. Miguel. Em 1994, deslocou-se à ilha Terceira, tendo participado nos festas concelhias de Angra do Heroísmo, as Sanjoaninas.
Filarmónica Lira Nossa Senhora da Estrela
A FLNSE, da freguesia da Candelária, foi criada em 1983 e teve como fundadores Manuel Oliveira Roque, Manuel Viveiros Pimentel e o Pe. Manuel Pacheco Câmara. Conta com mais de meia centena de elementos com idades que entre os 10 e os 70 anos e mantém uma escola com perto de duas dezenas de alunos. Tem uma média de 30 serviços efetuados durante o ano em eventos religiosos e de natureza cultural diversificada, esta filarmónica.
Efetuou deslocações a outras ilhas (Santa Maria, Pico, Graciosa, Madeira, Flores. Em 1994, foi aos Estados Unidos da América a convite da Comissão das Festas do Espírito Santo de Fall River. Deslocou-se a Portugal Continental, a Penafiel, no âmbito de um intercâmbio cultural com a “Banda de Lagares – Associação Musical e Recreativa”. Em 2006, participou no “1.º Festival de Bandas Filarmónicas Interconcelhos”, integrado na Semana Cultural de Candelária. Participou ainda no “3.º Festival Hispano-Luso de Bandas de Música e Ensembles de Viento”, em Zamora – Espanha e realizou também um concerto no “Festival Música no Colégio”, com transmissão televisiva na RTP Açores – Ponta Delgada.
Filarmónica Lira Nossa Senhora da Oliveira
A FLNSO, da freguesia da Fajã de Cima, foi fundada em 1910. Conta com cerca de 16 elementos com idades entre os 13 e os 74 anos e mantém em atividade uma escola de música com perto de 20 aprendizes. Existiu uma outra filarmónica, que tinha o nome de “Lira do Oriente”, que acabou por ser extinta. Os seus instrumentos foram vendidos para a freguesia do Pico da Pedra, segundo depoimento do Mestre António Soares, que foi músico dessa banda e mais tarde Maestro da atual Filarmónica Lira da Oliveira. De 1961 a 1968. Deslocou-se à ilha Terceira, em 1971, por ocasião das “Festas Sanjoaninas”. Após esta histórica viagem, realizaram-se mais duas, nomeadamente, as idas a Portugal Continental e à ilha de Santa Maria, em 2002, em intercâmbios com as Banda da Quinta do Picado em Cantanhede e Banda de Santo Espírito, no Concelho de Vila do Porto.
Em 2010, ano do Centenário da Filarmónica, houve diversas homenagens, o programa “Atlântida” foi transmitido em direto do jardim fronteiriço da sede e foi lançado um CD gravado com diversos temas, entre os quais, o emblemático Hino de Nossa Senhora da Oliveira com a colaboração do Rancho de Romeiros da freguesia. Em 2011, participou na gravação de um tema no CD da Câmara Municipal de Ponta Delgada, com outras onze bandas. Em 2012, no âmbito de um intercâmbio com a Filarmónica União Artista de S. Roque do Pico, deslocou-se àquela ilha, tendo recebido a referida agremiação musical, em agosto do mesmo ano, em S. Miguel. A Filarmónica Lira Nossa Senhora da Oliveira costuma realizar, anualmente, cerca de 20 atuações/participações em eventos religiosos e de natureza cultural.
Filarmónica Minerva
A Filarmónica Minerva da freguesia dos Ginetes, foi criada a 06 de janeiro de 1901 e teve como fundador José Maria Raposo Amaral que, durante muitos anos, custeou as despesas de manutenção da banda, aquisição de instrumental e fardamento.
O Dr. Carlos Bettencourt, médico radicado nos Ginetes, grande amante da música e tocador de vários instrumentos, orientou os primeiros músicos para a constituição da filarmónica. O primeiro maestro chamava-se Maciel. A agremiação musical possui uma escola de música com cerca de duas dezenas de jovens. Em 1946, a Filarmónica Minerva esteve presente num dos grandes acontecimentos, da altura, em Ponta Delgada, que foi a Parada das Filarmónicas no Quarto Centenário daquela Cidade. Em 1979 e 2007 efetuou digressões pelos Estados Unidos da América e Canadá, em visita a emigrantes da terra. Efetua, anualmente, sete atuações na freguesia dos Ginetes e dez no exterior.
Já se deslocou ao Festival de Bandas de Loures, no Continente, às Grandes Festas do Divino Espírito Santo da Nova Inglaterra, nos EUA e de Santa Cruz, em Toronto, no Canadá. Em 2006, participou num Centenário com a Banda Paredense da Parede, Cascais. Para além dos intercâmbios efetuados com bandas filarmónicas, também recebeu vários grupos folclóricos em parceria com o Grupo Folclórico da Relva.
Filarmónica Nossa Senhora das Neves
Fundada em 1866, como banda marcial, a FNSN progrediu ao longo dos anos progredido a sua formação para a atual Orquestra Sinfónica de Sopros que interpreta complexas obras contemporâneas.
A Filarmónica Nossa Senhora das Neves foi fundada a 1 de janeiro de 1866, tendo adotado o nome da padroeira da sua freguesia. Realizou a primeira atuação no mesmo ano, a 9 de Outubro.
Com o apoio de, entre outros, a família Raposo do Amaral viveu com algum desafogo durante vários anos. Terminado este apoio, a Banda entrou num período de decadência. Com o esforço de muitas gerações de dirigentes e músicos dedicados, manteve-se sempre em atividade. Deste modo, vem dinamizando a cultura da sua comunidade e formando musicalmente os jovens relvenses.
Têm sido inúmeras as suas participações em procissões, coroações e concertos, ligeiros ou mais eruditos. Salientam-se as atuações nos grandes festivais de Bandas de Música dos Fenais da Luz em 1995, 1997 e 1999, a Comemoração do Dia da Mundial da Música no Conservatório Regional de Ponta Delgada e os seus concertos de aniversário.
Teve como maestros Manuel Inácio Brasil, Guilherme Tavares de Bastos, Augusto Baptista, Carlos Manuel Simões, Sargento Bastos, Alberto Narciso Ribeiro, Alberto de Chaves, João Ferreira dos Santos, José Germano Carreiro, Ernesto Medeiros, Manuel Medeiros e João de Almeida. A banda é dirigida por Hélio Soares.
Realizou a sua primeira digressão em agosto de 1992 com destino à ilha de Santa Maria, tendo-se deslocado, desde esta altura, à ilha Terceira, ao Continente Português, aos Estados Unidos da América e ao Canadá. Em 2000, concretizou um sonho muito antigo: após inúmeros sacrifícios, dedicação, empenho e determinação, a Filarmónica finalmente conseguiu inaugurar a sua sede. Nos últimos anos, a banda tem vindo a sofrer uma evolução muito significativa em termos de qualidade, quer do instrumental e repertório, quer dos próprios instrumentistas.
“Considero que o trabalho das bandas filarmónicas tem um valor cultural inestimável. É fundamental não deixar de apoiar e de investir nas nossas filarmónicas, que precisam de ser acarinhadas, mais do que nunca“, afirmou o músico e professor Roberto Martins. Lembrou os “benefícios do estudo da música” para crianças e jovens, já demonstrados cientificamente, ao nível do “trabalho em grupo, expressão, memorização, concentração, postura, atitude, autoestima e coordenação“. (Lusa, 02 de setembro de 2022)