Órgãos de tubos do concelho de Elvas [8]
De acordo com as informações de que dispomos, os órgãos de tubos existentes no concelho são os seguintes:
Igreja da Ordem Terceira de São Francisco
[ dos Terceiros ]
As Ordens Terceiras são associações de leigos católicos vinculadas às tradicionais ordens religiosas medievais, de franciscanos (São Francisco de Assis), carmelitas (do Monte Carmelo) e dominicanos (São Domingos).
A igreja é um edifício de arquitectura religiosa, barroca, Rocaille, popular.
A palavra portuguesa “barroco” define uma pérola de forma irregular (pérola imperfeita). O estilo, da primeira metade do século XVIII, seguiu-se ao estilos renascentista e maneirista.
Igreja setecentista com Capela-mor e retábulos que a ladeiam todos forrados a ouro, decorados com putti (meninos gosrdinhos), os símbolos da Eucaristia, atlantes (figura antropomorga titânica), contracurvados, querubins (anjos) no Estilo Nacional; silhar de azulejos azuis e brancos com cenas da vida de São Francisco de Assis (1181/1182-1226) com legendas em cartelas (elementos decorativos ovais), e molduras com concheados; portais e janelas rematados por frontões curvilíneos e contracurvados, retábulos laterais em mármore.
A riqueza da decoração interior; o edifício anexo do exterior sugere uma construção palaciana com o seu andar nobre com janelas de sacada coroadas por frontões curvilíneos.
O pavimento composto por lajes de mármore branco emolduradas por tiras de mármore negro-azulado, compondo tampas de sepultura numeradas para organização do espaço permite perceber como era a organização do espaço funerário e encontra paralelo na igreja de São Domingos, e nas igrejas da Conceição e dos Agostinhos em Vila Viçosa; certos cargos da Ordem como o dos “síndicos” e dos “definidores” tinham local de enterramento especifico como demonstram as inscrições gravadas em algumas tampas de sepultura demonstrando que o espaço funerário não era aleatório.
Fonte: Moumentos
Igreja da Ordem Terceira de São Francisco
Igreja de Nossa Senhora das Almas
[ de São Lourenço das Almas ]
A igreja de São Lourenço em Elvas é referida desde 1332, pelo que se julga ter sido construída entre os séculos XIII e XIV. No entanto, a atual igreja de São Lourenço viria a ser edificada no séc. XVI. No exterior destaca-se um painel de azulejos do séc. XIX com a representação de São Lourenço.
No interior, observa-se o altar-mor de talha dourada do séc. XVII, dominando a parte superior um retábulo representando “São Lourenço implorando pelas almas”.
Fonte: CME
São Lourenço, também conhecido como Lourenço de Huesta ou Valência, nasceu em 225 e morreu martirizado em 258, no dia 10 de agosto, em Roma. Está entre os diáconos do início da Igreja de Roma. Eles eram considerados os guardiões dos bens da Igreja e dispensadores de ajuda aos pobres. O nome Lourenço é o mesmo que Laureamtenens, que significa Coroa feita de Louro, como os vencedores recebiam após suas vitórias. Lourenço obteve a vitória na sua paixão. São Lourenço foi ajudante do Papa Sisto II e responsável por um centro dedicado aos pobres.
Igreja de Nossa Senhora das Almas
Igreja de Nossa Senhora das Dores
A construção da atual igreja de Nossa Senhora das Dores começou em 1780 e terminou em 1796, no local onde antes estava a Igreja de Santa Maria Madalena.
No interior do templo não podemos deixar de destacar não só a Capela-mor e os quatro altares laterais pintados a imitar mármore, mas também os variadíssimos trabalhos em alvenaria que aí se encontram desde a temática profana a emblemas religioso.
Ao lado da Igreja, num quintal anexo, situava-se o antigo cemitério da Santa Casa da Misericórdia desde o séc. XVI até 1845.
Fonte: CME
A devoção à “Mater Dolorosa”, muito difundida, sobretudo nos países do Mediterrâneo, desenvolveu-se a partir do final do século XI. Em 1814, o Papa Pio VII incluiu-a no calendário litúrgico romano, fixando-a em 15 de setembro, no dia seguinte à festa da Exaltação da Santa Cruz. O “Stabat Mater”, atribuído ao Frei Jacopone de Todi (1230-1306), está na origem de obras primas da música (sendo de Pergolesi a mais conhecida). No século XV, encontramos as primeiras celebrações litúrgicas sobre Nossa Senhora das Dores, “em pé” junto à Cruz.
Igreja de Nossa Senhora das Dores
Igreja de Santa Maria de Alcáçova
A Igreja de Santa Maria de Alcáçova foi construída no séc. XIII no local onde se encontrava a principal mesquita de Elvas. Inicialmente de padroado real, foi doada à Ordem de Avis por D. Dinis em 1303.
A sua adaptação de mesquita a igreja cristã foi feita ao longo dos tempos, o que faz que hoje do templo islâmico só possamos observar os vestígios de um mirhab no exterior e a grande cisterna.
A Capela-mor é funda e do séc. XVIII. Destaca-se também a talha dourada de uma Capela colateral do séc. XVII e de uma Capela lateral do séc. XVIII.
Igreja de Santa Maria de Alcáçova, Elvas
Igreja de São Domingos
[ do antigo Convento de São Domingos ]
Igreja de São Domingos
Edifício modelo da arquitectura gótica mendicante portuguesa, o Convento de São Domingos foi fundado em 1267 e construído durante o último terço do séc. XIII no local da ermida de Nossa Senhora dos Mártires.
Sofreu várias modificações a partir do séc. XV, no séc. XVII recebeu uma nova fachada ao estilo Barroco e no século seguinte as capelas laterais em mármore.
Funcionava em São Domingos não só um convento mas também uma albergaria e um hospício, demolido durante as Guerras da Restauração, porque esta parte do convento coincidia com a construção do novo lanço de muralhas.
A igreja, com uma fachada barroca, mas com um interior gótico é um extraordinário exemplo da arquitectura medieval. Destacam-se a Capela-mor e colaterais, do séc. XIII, as capelas laterais do séc. XVIII, a azulejaria setecentista que conta a vida de São Domingos, a Sala do Capítulo com o seu mobiliário e ainda o grande órgão construído pelo alemão Hulenkampf no séc. XVIII.
Em 1834, após a extinção das ordens monásticas, o que restou do convento foi secularizado ao albergar um quartel militar, e hoje faz parte do Museu Militar de Elvas.
Órgão J. H. Hulenkampf ? construído no século XVIII; desmontagem, inventariação e proposta de restauro pela Oficina e Escola de Organaria, de Esmoriz, em 1996, opus 19.
Igreja do Senhor Jesus da Piedade
[ Santuário do Senhor Jesus da Piedade ]
Igreja do Senhor Jesus da Piedade
Excelente exemplar da arquitetura religiosa setecentista, de estilo Barroco, a Igreja do Senhor Jesus da Piedade situa-se extramuros da cidade de Elvas, junto ao atual Parque da Piedade, onde anualmente, a 20 de setembro, se faz a Feira de São Mateus.
Com características barrocas que mesclam a tradição nacional com influências da Europa Central e do Brasil, a Igreja foi construída entre 1753 e 1779. Tem como antecedente uma Capela construída em 1737, por iniciativa do Padre Manuel Antunes. A cura do próprio pároco e de muitos que se deslocaram ao local criaram um mito acerca do local que rapidamente se alastrou a toda a cidade e às suas redondezas.
No seu interior destacam-se a Capela-mor e as capelas laterais onde estão telas pintadas por Cyrillo Volkmar Machado representando “Nossa Senhora da Graça” e o “Arrependimento de São Pedro”. Na sacristia, existe um visitável núcleo museológico onde está patente uma coleção de milhares de ex-votos desde 1737 até à atualidade, dedicados ao Senhor Jesus da Piedade.
Fonte: CME
Antiga Sé [ Catedral ] de Elvas
[ Igreja Paroquial de Nossa Senhora da Assunção ]
Antiga Sé Catedral de Elvas
A construção da então igreja de Nossa Senhora da Praça foi principiada em 1517 segundo o traço do arquitecto régio Francisco de Arruda que trabalhava ao mesmo tempo no Aqueduto da Amoreira. Possui um carácter fortificado, com uma torre como fachada.
Em 1570 com a criação do bispado de Elvas pelo Papa Pio V, a igreja de Nossa Senhora da Praça transformou-se na Sé de Elvas, título que viria a perder em 1881.
Em termos artísticos, a Sé de Elvas é um templo originalmente manuelino, mas que perdeu esta traça durante os séculos após alterações mandadas fazer nele pelos bispos da cidade.
São de salientar no exterior o seu portal Neoclássico e os portais laterais manuelinos, enquanto no interior o visitante poderá ver uma decoração feita com motivos fito, zoo e antropomórficos, próximos do imaginário medieval.
Em redor de todo o corpo da igreja corre um silhar de azulejo policromo de laçaria e rosas.
A Capela-mor, em mármore de várias cores, é de estilo Barroco.
Destaca-se ainda o soberbo órgão situado no coro-alto.
> coro alto, órgão histórico da autoria de D. Pascoal Caetano Oldovini (Oldoni, Oldovino ou Olduvini), 1763, [ II ; 8 (3+5) ]; restaurado pela Oficina e Escola de Organaria, em 2016, opus 68.
órgão positivo histórico [ I; 4(0+1) ] da autoria de D. Pascoal Caetano Oldovini (Oldoni, Oldovino ou Olduvini), construído em 1758, restaurado pela Oficina e Escola de Organaria em 2015, opus 66.
Além do património organístico, há a considerar o património sineiro que tem um lugar importante na paisagem sonora de Elvas e na própria arquitetura. Há igrejas que têm uma ou duas torres sineiras e outras que não têm.
FOI NOTÍCIA
Linhas.pt noticiava a 26 fevereiro 2016:
Um recital comemorativo marca a conclusão da obra de conservação e restauro do órgão da Igreja de Nossa Senhora da Assunção, antiga Sé de Elvas, na próxima sexta-feira, 4 de Março, pelas 21 horas.
O concerto inaugural deste majestoso órgão, restaurado após quase 80 anos sem tocar, conta com a presença do Arcebispo de Évora, D. José Alves; do presidente da Câmara Municipal de Elvas, Nuno Mocinha; da directora Regional de Cultura do Alentejo, Ana Paula Amendoeira, entre outras entidades.
O recital conta com apresentação de Rui Vieira Nery, sendo que no órgão vai estar João Vaz, conceituado músico que tem tocado em vários órgãos no país, e marca o regresso da música à Sé de Elvas por este instrumento musical, sendo que será um espectáculo único e inesquecível.
Esta é uma organização da Câmara Municipal de Elvas, Direcção Regional de Cultura do Alentejo e Fábrica da Igreja Paroquial de Nossa Senhora da Assunção.
Este foi um investimento na ordem dos 150 mil euros, financiado através de um contrato de financiamento a projectos de património cultural (Conservação e Restauro dos órgãos Históricos), promovidos pela autoridade de gestão do INALENTEJO, e que incluiu o restauro da caixa, assim como o tratamento da superfície da estrutura, que apresentava peças muito danificadas, e das disjunções, para que fosse possível que o órgão voltasse a tocar e a ficar funcional.