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Festival Elvas Dança

Música e Dança em Elvas

Festivais e outros eventos no Concelho

Festival Elvas Dança

Mais de quatro centenas de bailarinos participam na edição 2025 do Festival Elvas Dança. Entre 1 e 10 de maio, dez associações/grupos de dança apresentam coreografias, ao som dos mais diversos temas, em 14 Estruturas Residenciais para Idosos (ERPI) do concelho de Elvas, num evento que se pretende chegue a todos os públicos, e em 2025 promova o convívio intergeracional. A iniciativa, que na primeira edição trouxe a dança à rua e ao património, este ano vira-se para o interior, proporcionando momentos lúdicos aos idosos institucionalizados, e que de outra forma poderiam não ter oportunidade de usufruir destes momentos.

Festival Elvas Dança

Festival Elvas Dança

Santuário do Senhor Jesus da Piedade, torres sineiras, créditos Vítor Oliveira

Paisagens sonoras em Elvas

Aleluias de Terrugem

Na aldeia de Terrugem, as “Aleluias” integram as celebrações da Páscoa, no Sábado de Aleluia, em memória da Ressurreição de Jesus. Os sinos da igreja marcam a meia noite de sábado para domingo de Páscoa, indicando o início das “Aleluias” em que moradores à varanda lançam rebuçados para conterrâneos e forasteiros. Jovens e adultos com chocalhos de vaca, maiores que as esquilas de cabra e ovelha, mantêm o toque a pedir rebuçados.

Sendo desconhecida a data da sua origem, sabe-se pelos testemunhos vivos que há cerca de 60 anos as Aleluias já aconteciam, mas logo pela manhã. Na altura, o seu início era marcado por duas voltas ao adro da igreja, de onde os rapazes, que tocavam os chocalhos como sinal de pedido de algum bem comestível, seguiam pelas ruas da freguesia e depois montes próximos. Antigamente as ofertas podiam ser rebuçados, um pedaço de pão ou de queijo, ou o que as pessoas tinham para dar.

Aleluias na Terrugem, Elvas

Aleluias na Terrugem, Elvas

Atualmente, quando terminam os lançamentos dos rebuçados das varandas, surge na rua uma figura tradicional das Aleluias em Terrugem – o Senhor Serafim Carvão que, de cima de uma carrinha de caixa aberta, vai lançando cerca de 20 quilos de rebuçados que carrega numa sementeira antiga (saco com que se faziam as sementeiras de trigo ou de outros cereais). O neto acompanha-o, imitando-lhe os gestos, carregando uma sementeira mais pequena cheia de rebuçados, que vai lançando pelas ruas. Ouvem-se os chocalhos, que as pessoas tocam para pedir os doces. Estes rebuçados são, na maioria, oferta dos estabelecimentos comerciais da freguesia, que em respeito à tradição, contribuem para a festa.

Fonte: Município de Elvas

Ambiência sonora da Cidade

Som bélico

Que tipo de música se ouvia em Elvas nos séculos XVII e XVIII? Como se definia a ambiência sonora da cidade? Considerando o seu estatuto de cidade fronteiriça, palco de diversos conflitos históricos e com uma forte presença militar (testemunhada pelos quartéis e paióis), é razoável inferir que as sonoridades bélicas moldaram significativamente a paisagem sonora de Elvas durante um longo período. A par destes, os sons ritmados da construção – o trabalho dos pedreiros nas muralhas, fortes, igrejas, fontes e no aqueduto – seriam igualmente marcantes. O som dos cavalos e de outros animais, a diversidade das vozes dos moradores intramuros e, naturalmente, os sons associados às práticas litúrgicas e à devoção religiosa complementariam este cenário auditivo.
Sinos

Sinos

Os sinos da de Elvas marcavam o pulso da cidade, integrando-se na sua paisagem sonora ao ditar as horas, ritmar a vida dos habitantes e convocar para as cerimónias litúrgicas. Que toques ecoariam? Dobros fúnebres e repiques festivos, certamente. Os toques a defuntos poderiam espelhar a hierarquia social, como noutras sés: um toque para a alta nobreza, outro para a nobreza local e um para o povo. Os sineiros eram os responsáveis por estes sons. A regulava o tempo das igrejas próximas, cada uma com o seu sineiro. O número e a dimensão dos sinos refletiriam a importância da igreja: a teria mais de quatro ou cinco, as paroquiais e conventuais menos, e as ermidas, um sino pequeno.

Missa

A participação musical na celebração da Missa em Elvas, durante os séculos XVII e XVIII, constituía um elemento central da experiência religiosa e da paisagem sonora da cidade. Embora a estrutura fundamental da liturgia se assemelhasse à atual, os cantos e as melodias que a adornavam apresentavam características distintas, profundamente enraizadas nas práticas musicais da época.

No início da celebração, o Introitus marcava a entrada do sacerdote e dos ministros, acompanhando o seu caminhar para o altar. Este canto, geralmente um salmo com antífona, estabelecia o tom litúrgico do dia, introduzindo o tema da celebração. A sua melodia, provavelmente em canto gregoriano, ecoaria pelas naves da ou das igrejas paroquiais, envolvendo os fiéis num ambiente de solenidade e recolhimento.

Após a primeira leitura, seguia-se o Graduale, um canto responsorial de grande importância litúrgica e musical. Interpretado por um solista e respposta do coro, o Graduale meditava sobre a Palavra de Deus proclamada, frequentemente com melodias elaboradas e ornamentadas, demonstrando o virtuosismo dos cantores da Capela musical. Durante o tempo da Quaresma, o alegre Alleluia era substituído pelo austero Tractus, um canto salmódico contínuo, sem refrão, que refletia a penitência e a introspeção características desse período litúrgico.
Em certas festividades e solenidades, enriquecendo ainda mais a liturgia, surgia a Sequentia. Este canto, de origem mais tardia e com uma estrutura poética e musical própria, oferecia uma reflexão lírica sobre o mistério celebrado. A sua interpretação, por vezes com melodias mais melismáticas e expressivas, proporcionava um momento de particular beleza e intensidade emocional na Missa.

O momento da oferenda era acompanhado pelo Offertorium. Este canto, enquanto os fiéis apresentavam as suas dádivas e o pão e o vinho eram preparados para o sacrifício, criava uma atmosfera de participação e comunhão. As melodias do Offertorium podiam variar em caráter, desde o solene e contemplativo até ao mais processional e comunitário.
No coração da celebração eucarística, o Agnus Dei invocava a misericórdia de Cristo, Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Cantado repetidamente, este cântico permeava o espaço com um sentimento de súplica e paz, preparando os fiéis para a Comunhão. As suas melodias, frequentemente de grande beleza e expressividade, sublinhavam a centralidade do sacrifício de Cristo.

Finalmente, a Communio acompanhava o momento da receção da Eucaristia pelos fiéis. Este canto, geralmente um versículo de um salmo com antífona, reforçava a união dos crentes com Cristo através do sacramento. As suas melodias, muitas vezes mais simples e contemplativas, convidavam à interiorização e à ação de graças após a comunhão.
As melodias predominantes seriam as do canto gregoriano, com a sua riqueza modal e a sua fluidez rítmica, transmitidas oralmente ou através de manuscritos cuidadosamente preservados nos arquivos da e de outras instituições religiosas. Contudo, a influência da polifonia renascentista e barroca também se faria sentir, especialmente em celebrações mais solenes, onde a Capela musical da e de alguns conventos poderia interpretar composições mais elaboradas, a várias vozes, enriquecendo a textura sonora da liturgia.

Liturgia das Horas

A Liturgia das Horas, também conhecida como Ofício Divino, desempenhava um papel central na vida quotidiana dos religiosos em Elvas durante os séculos XVII e XVIII. Ao contrário das celebrações na , onde a presença de músicos contratados era comum, a execução do Ofício Divino nos conventos e mosteiros era geralmente da responsabilidade dos próprios frades e freiras.

A oração estruturada ao longo do dia não era apenas uma prática devocional, mas sim uma ocupação fundamental para estes membros da comunidade religiosa. O dia era ritmado por uma sequência de horas canónicas, cada uma com a sua própria liturgia e significado:

  • Matinas: Celebradas geralmente durante a noite ou ao amanhecer, eram um período de vigília e oração, marcando o início do dia litúrgico.
  • Prima: Realizada na primeira hora da manhã (aproximadamente às 6h), santificava o início das atividades diárias.
  • Laudes: Celebradas ao nascer do sol, davam graças a Deus pela luz do novo dia.
  • Tércia: Rezada na terceira hora (cerca das 9h), interrompia as atividades da manhã para um momento de oração.
  • Sexta: Celebrada ao meio-dia, abençoava a hora do repouso e da refeição.
  • Noa: Rezada na nona hora (cerca das 15h), oferecia uma pausa para oração durante a tarde.
  • Vésperas: Celebradas ao entardecer, davam graças pelo dia que terminava e preparavam para a noite.
  • Completas: Rezadas antes de deitar, concluíam o dia litúrgico com uma oração de recolhimento e pedido de proteção durante a noite.

Dentro desta estrutura diária, as Laudes e as Vésperas assumiam uma importância particular. As Laudes, com a sua celebração da luz e da ressurreição, marcavam o início do dia com alegria e esperança. As Vésperas, por sua vez, com o seu tom mais contemplativo, ofereciam um momento de reflexão e gratidão pelo dia que chegava ao fim. Estas duas horas, frequentemente mais elaboradas e solenes, atraíam por vezes a participação de fiéis externos aos conventos, embora o essencial do Ofício Divino fosse reservado à comunidade religiosa.

A execução do Ofício Divino envolvia o canto de salmos, hinos, antífonas e responsórios, seguindo as melodias do canto gregoriano, transmitidas através de livros litúrgicos e da tradição oral. A simplicidade e a beleza austera destas melodias criavam uma atmosfera de serenidade e contemplação, propícia à oração e à meditação. Em alguns mosteiros e conventos, especialmente aqueles com maiores recursos, poderiam ser utilizadas formas musicais mais elaboradas, como a polifonia, em ocasiões especiais.

A prática regular do Ofício Divino moldava profundamente a vida dos frades e freiras, definindo o seu ritmo diário, fortalecendo a sua vida espiritual e unindo-os em comunidade. Através da oração e do canto, estes religiosos santificavam o tempo e o espaço, oferecendo a sua vida a Deus e intercedendo pela salvação do mundo.

Órgãos

O órgão de tubos desempenhou um papel fundamental na música sacra em Elvas durante os séculos XVII e XVIII, enriquecendo as celebrações litúrgicas e marcando a paisagem sonora da cidade. Para além do seu uso na , o instrumento também era presente em outras igrejas e conventos, demonstrando a sua importância na prática musical da época.

A manutenção e reparação dos órgãos de tubos exigiam o trabalho especializado de organeiros. Os livros de pagamentos de serviços da época registam a presença de diversos profissionais, entre os quais se destacam:
• Jorge Alemão: Organeiro ativo em Elvas, responsável por trabalhos de manutenção e reparação do grande órgão da .
• José Alemão: Possivelmente filho de Jorge Alemão, também atuou como organeiro na cidade.
Pascoal Caetano Oldovino (Oldoni, Oldovino ou Olduvini): Este organeiro, com uma produção centrada no Alentejo, foi responsável pela construção de órgãos na região.
• José Martel: Outro organeiro que prestou serviços em Elvas, contribuindo para a manutenção dos instrumentos da cidade.

A presença destes organeiros demonstra a preocupação em assegurar o bom funcionamento dos órgãos, essenciais para a música litúrgica e para a vida religiosa da comunidade.

Para além dos organeiros, a figura do organista era central na música sacra. Estes músicos eram responsáveis por tocar o órgão durante as celebrações, enriquecendo a liturgia com a sua arte. Em Elvas, destaca-se a atividade de:
• José Sequeira: Organista da de Elvas, também tocava na Igreja do Convento, demonstrando a sua importância na vida musical da cidade. Além de Sequeira, outros organistas atuaram em Elvas, participando em missas e no canto do terço.

Os organistas, com o seu talento e conhecimento musical, desempenhavam um papel crucial na animação das celebrações religiosas, contribuindo para a solenidade e a beleza da liturgia.

O órgão de tubos era utilizado em diversas ocasiões litúrgicas, enriquecendo a celebração com a sua sonoridade imponente e versátil. Na de Elvas, o grande órgão era utilizado em missas solenes, festividades religiosas e outras celebrações importantes. O seu som majestoso enchia a catedral, elevando os fiéis e criando uma atmosfera de devoção e transcendência.

Para além da , o órgão também era utilizado em outras igrejas e conventos de Elvas, embora com diferentes dimensões e características. Estes instrumentos, adaptados aos espaços e às necessidades de cada comunidade, desempenhavam um papel semelhante, enriquecendo a liturgia e proporcionando momentos de beleza e inspiração.

A música do órgão, com a sua diversidade de registos e timbres, adaptava-se aos diferentes momentos da celebração. Em momentos de alegria e festa, o órgão soava com exuberância e brilho, enquanto em momentos de penitência e recolhimento, assumia um caráter mais solene e contemplativo.

Festas

As festas em Elvas, nos séculos XVII e XVIII, constituíam momentos de grande importância social e cultural. Para além das celebrações religiosas, que marcavam o calendário, havia também festividades de caráter civil, que proporcionavam entretenimento e convívio à população. A música desempenhava um papel fundamental em todas estas manifestações, enriquecendo o ambiente festivo e contribuindo para a sua vivacidade.

No que diz respeito à música instrumental, as fontes históricas revelam a contratação de diversos músicos para as festas em Elvas. Os instrumentos de sopro eram particularmente apreciados, com destaque para:

  • Sacabuxa: Este instrumento de metal, antepassado do trombone, era comum em conjuntos musicais da época, proporcionando um som grave e imponente.
  • Charamela: Instrumento de palheta dupla, semelhante ao oboé, caracterizado por um som penetrante e expressiv
  • Baixão: Instrumento de sopro grave, de grandes dimensões, que desempenhava um papel fundamental no baixo contínuo e na sustentação da harmonia.
  • Outros instrumentos de sopro: Para além destes, outros instrumentos de sopro, como trompetes e cornetas, poderiam ser utilizados em festas ao ar livre e procissões, conferindo um caráter solene e festivo às celebrações.

Estes instrumentos de sopro eram frequentemente utilizados em conjunto com capelas setecentistas, formações musicais que incluíam cantores e instrumentistas, responsáveis pela execução de música sacra e profana.

Os instrumentos de corda e arco também marcavam presença nas festas, com destaque para:

  • Violino: Instrumento de grande versatilidade, capaz de executar melodias virtuosas e expressivas, muito apreciado tanto na música sacra como na profana.
  • Viola: Instrumento de corda e arco, de tamanho médio, que desempenhava um papel importante na harmonia e no acompanhamento.
  • Rabecão: Instrumento de corda e arco grave, antepassado do violoncelo, que contribuía para o baixo contínuo e para a riqueza sonora do conjunto.

Estes instrumentos de corda eram utilizados em diversos contextos festivos, desde bailes e saraus a procissões e celebrações religiosas. A sua sonoridade elegante e expressiva enriquecia a música da época, proporcionando momentos de prazer e entretenimento.

A presença destes instrumentos e músicos nas festas de Elvas demonstra a importância da música na vida social e cultural da cidade. As celebrações eram momentos de encontro e convívio, onde a música desempenhava um papel fundamental na criação de um ambiente festivo e na expressão das emoções coletivas.

Terço Cantado

Nas pequenas capelas e ermidas de Elvas, nos séculos XVII, XVIII e XIX, era comum a prática do canto do “Terço de Nossa Senhora”. Esta forma de devoção mariana, profundamente enraizada na espiritualidade católica, seguia provavelmente um tom de recitação simples, em sintonia com os princípios da Devotio Moderna.

A Devotio Moderna, um movimento espiritual que floresceu na Europa a partir do século XIV, enfatizava a simplicidade, a interiorização e a experiência pessoal da fé. No contexto musical, esta espiritualidade traduzia-se numa preferência por formas de canto mais sóbrias e despojadas, em contraste com a complexidade da polifonia renascentista e barroca.

O “Terço de Nossa Senhora” cantado nas capelas e ermidas de Elvas refletiria, assim, esta estética da simplicidade. A melodia seria provavelmente uma fórmula de recitação simples, com inflexões suaves e um ritmo flexível, adaptado ao texto das orações. O canto, executado pelos fiéis presentes, criaria um ambiente de intimidade e recolhimento, favorecendo a meditação dos mistérios da vida de Cristo e de Maria.

A escolha do canto como forma de rezar o Terço não era fortuita. O canto, para além de embelezar a oração, facilitava a memorização dos textos, unia os fiéis em comunidade e elevava o espírito a Deus. A sua presença nas pequenas capelas e ermidas de Elvas testemunha a importância da música na vivência da fé e na expressão da devoção popular.

Música na

A de Elvas certamente contava com organista, Capela musical e mestre de Capela. Existiriam outros músicos residentes, enriquecendo ainda mais o ambiente sonoro da cidade? Ecoavam pelas suas naves as composições dos grandes polifonistas da de Évora? As melodias de Manuel Rodrigues Coelho, natural de Elvas, ou de Filipe de Magalhães seriam ali ouvidas? É bastante provável, considerando a circulação de obras musicais entre as catedrais da época.
Aquando da dedicação de uma igreja em Elvas, não seria natural que se entoasse o ofício da dedicação, ou ao menos algumas das suas rubricas?

As procissões dos séculos XVII e XVIII transformavam muitas cidades em palcos musicais. As festividades, incluindo a solene celebração do Corpus Christi, integravam momentos profanos, onde a dança, como as vibrantes folias, tinha o seu lugar.

A significativa concentração de instituições religiosas em Elvas – conventos, igrejas paroquiais, a Misericórdia, capelas, – sugere fortemente que a paisagem sonora da cidade era profundamente marcada por sonoridades religiosas. Nos conventos, o órgão majestoso, o canto gregoriano solene e a complexa beleza da polifonia deveriam ocupar um lugar de destaque. Quem percorresse as ruas de Elvas há três séculos teria grandes probabilidades de escutar o canto do ofício divino, as melodias da missa e o repicar dos sinos.

Música nos conventos

Tendo sido das primeiras casas da Ordem dos Pregadores em Portugal (1267) é provável que a música tivesse um papel relevante no Convento de São Domingos, embora não se saiba muito por causa da extinção das ordens religiosas no século XIX e do desmembramento dos bens da ordem. Pelo número de livros de cantochão de que se tem conhecimento, o cantochão era provavelmente a base da música interpretada no convento. Mas a contratação de músicos externos, conforme os livros de pagamentos de serviços, sugere uma prática musical com estido concertado nas solenidades do Convento. Ao grupo musical residente juntavam-se outros músicos.

O Convento de São Domingos, fundado em 1267, foi uma das primeiras casas da Ordem dos Pregadores em Portugal. Dada a importância da ordem e o seu papel na vida religiosa e cultural da época, é provável que a música desempenhasse um papel significativo no convento. No entanto, a extinção das ordens religiosas no século XIX e a consequente dispersão do seu património dificultam o conhecimento detalhado das suas práticas musicais.

Apesar das lacunas na informação disponível, alguns indícios apontam para a relevância da música no Convento de São Domingos. A existência de um número considerável de livros de cantochão sugere que este canto litúrgico constituía a base da música conventual. O cantochão, com a sua melodia simples e solene, era utilizado nas celebrações litúrgicas e na oração diária dos frades.

Para além do cantochão, a contratação de músicos externos, documentada nos livros de pagamentos de serviços, indica a existência de uma prática musical mais elaborada, pelo menos em ocasiões solenes. A designada “prática musical com estilo concertado” sugere a interpretação de música com vários instrumentos e vozes, em que diferentes grupos ou solistas se alternam ou combinam. Este estilo, que se desenvolveu no período Barroco, contrastava com a homogeneidade do cantochão, explorando a diversidade de timbres e texturas.

É provável que, para além de um núcleo de músicos residentes no convento, fossem contratados músicos externos para enriquecer as celebrações em dias festivos e outras ocasiões especiais. Esta prática era comum em muitas instituições religiosas da época, que procuravam assim aumentar o brilho e a solenidade das suas cerimónias.

cancioneiro de Elvas

O cancioneiro de Elvas, atualmente albergado na Biblioteca Municipal Públia Hortênsia, em Elvas, é um manuscrito português do século XVI que reúne música e poesia do período renascentista. Esta obra constitui uma das fontes mais valiosas para o estudo da música profana na Península Ibérica, apresentando composições em português e castelhano.

Para além do seu valor musical, o cancioneiro de Elvas é também um importante testemunho da vida cultural e literária da época. Os poemas que integram o manuscrito, muitos deles de autores anónimos, refletem os gostos, as paixões e as preocupações da sociedade renascentista. Temas como o amor, a natureza, a sátira e a reflexão moral encontram-se representados nestas composições, oferecendo-nos um retrato vivo e multifacetado do período em que foram criadas.

A descoberta do cancioneiro de Elvas em 1928, pelo musicólogo Manuel Joaquim, representou um marco fundamental para o conhecimento da música portuguesa do século XVI. O manuscrito, que se encontrava na Biblioteca Municipal de Elvas, revelou um repertório rico e diversificado, com obras de grande qualidade artística que até então eram desconhecidas ou pouco estudadas.

Entre as obras musicais que integram o cancioneiro de Elvas, encontram-se vilancicos, cantigas e outras formas poético-musicais em português e castelhano. Estas composições, destinadas ao entretenimento em contextos cortesãos e privados, caracterizam-se pela sua melodia expressiva, pela sua harmonia cuidada e pela sua elaboração formal.

Apesar de muitas das obras do cancioneiro de Elvas serem anónimas, algumas delas podem ser atribuídas a compositores conhecidos da época, através de concordâncias com outros manuscritos e fontes musicais. Nomes como Juan del Encina e Pedro de Escobar, compositores ativos nas cortes espanholas, encontram-se entre os autores representados no cancioneiro.

Natal de Elvas

A canção de Natal tradicional portuguesa conhecida por diversos títulos, como “Olhei para o Céu”, “Natal de Elvas” ou “Eu hei de dar ao Menino”, tem uma origem profundamente ligada à cidade de Elvas. Esta canção, que celebra o nascimento de Jesus, possui uma melodia simples e emotiva, transmitida oralmente e com as novas tecnologias. A sua popularidade e significado cultural levaram a que fosse harmonizada por diversos compositores, conferindo-lhe novas roupagens e permitindo a sua interpretação em diferentes contextos e estilos musicais. Entre os compositores que se dedicaram a harmonizar esta canção, destacam-se:

  • Mário de Sampayo Ribeiro: Compositor e maestro português, conhecido pelo seu trabalho na área da música coral e pela sua dedicação ao folclore musical português.
  • Jorge Croner de Vasconcelos: Compositor e musicólogo, que se destacou pelo seu interesse na música tradicional portuguesa e pelo seu trabalho de recolha e divulgação do património musical do país.
  • César Batalha: Compositor e maestro, com uma obra que abrange diversos géneros musicais, incluindo a música sacra e a música popular.
  • Christopher Bochmann: Compositor e maestro inglês que reside em Portugal, onde lecionou na Escola Superior de Música de Lisboa. Compôs diversas obras, incluindo óperas, música orquestral, de câmara e coral.

As harmonizações destes compositores permitiram que a canção “Natal de Elvas” fosse interpretada por coros, grupos vocais e instrumentais, enriquecendo a sua sonoridade e expressividade. As diferentes versões da canção refletem a diversidade de estilos e abordagens musicais dos compositores, ao mesmo tempo que preservam a essência da melodia original.

A letra da canção, que varia ligeiramente consoante a versão, expressa a alegria e a devoção associadas ao nascimento de Jesus. Os versos descrevem a chegada do Menino Jesus, a adoração dos pastores e a oferta de presentes, transmitindo uma mensagem de paz, amor e esperança.

A canção “Natal de Elvas” é um exemplo da riqueza e da diversidade do património musical natalício português. A sua origem popular, a sua melodia cativante e as suas harmonizações eruditas contribuem para a sua permanência no tempo e para o seu lugar especial no coração dos portugueses, especialmente na região de Elvas.

Ronca de Elvas

A ronca é um instrumento tradicional que desempenha um papel fundamental no acompanhamento dos cantos de Natal em Elvas. Este popular membranofone de fricção possui uma estrutura de cerâmica com uma pele esticada numa das extremidades. A pele é posta em vibração por meio de uma cana fixada no seu centro.

O executante, com a mão molhada, fricciona a cana, provocando a vibração da pele e, consequentemente, a produção de um som rouco e característico – o “ronco” que dá nome ao instrumento. Este som, de timbre grave e contínuo, cria uma atmosfera sonora particular, que enriquece a experiência musical dos cantos de Natal.

A ronca é conhecida por diversas designações em diferentes regiões da Europa, África e América do Sul, tais como zamburra e zambomba. A sua presença em diferentes culturas musicais testemunha a sua antiguidade e a sua importância como instrumento de expressão musical popular.

Santuário do Senhor Jesus da Piedade, torres sineiras, créditos Vítor Oliveira

Santuário do Senhor Jesus da Piedade, torres sineiras, créditos Vítor Oliveira

Coral Públia Hortência de Castro, Elvas

Coros de Elvas

Agrupamentos vocais, história e atividade

Coral Públia Hortensia Castro

O Coral Públia Hortênsia de Castro participa em concertos de Natal e de Reis e outras festividades. Em 2024 celebrou o 36º aniversário no Museu de Arqueologia e Etnografia António Tomás Pires. Apresentou-se em concerto com a Banda 14 de Janeiro e com coros de Portugal e de Espanha.

Coral Públia Hortência de Castro, Elvas

Coral Públia Hortência de Castro, Elvas

Coro Beato Aleixo Delgado

O Coro Beato Aleixo Delgado é um coro com repertório vocacionado para a liturgia que celebrou a 17 de novembro de 2024, o seu 10º aniversário com um concerto solidário, na Igreja de São Domingos, em Elvas.

Coro Beato Aleixo Delgado

Coro Beato Aleixo Delgado

Coliseu Comendador José Rondão Almeida

Auditórios de Elvas

Centros de artes e espetáculos

Auditório São Mateus

Localizado no Largo Luís de Camões, o auditório foi renovado pela Câmara Municipal de Elvas, o Auditório São Mateus em Elvas é um espaço cultural de grande qualidade que acolhe uma variedade de eventos, incluindo cinema, palestras, reuniões, concertos e outras atividades culturais.

Coliseu Comendador José Rondão Almeida

Propriedade do Município, o Coliseu de Elvas é um pavilhão multiusos projetado para eventos de todo o tipo. Inaugurado em 2006, foi a segunda praça de touros de Portugal a estar coberta depois da Praça de Touros do Campo Pequeno em Lisboa. Dispõe de uma cobertura movível que permite a realização de espetáculos em qualquer altura do ano.

Coliseu Comendador José Rondão Almeida

Coliseu Comendador José Rondão Almeida

Ronca de Elvas, créditos Sete Maravilhas de Portugal

Instrumentos de Elvas

Roncas e outros instrumentos tradicionais

Ronca

ronca é o instrumento musical que acompanha os cantos de Natal em Elvas. É um membranofone de fricção constituído por uma estrutura cilíndrica com uma pele esticada numa das aberturas. É friccionado por uma cana fixada no centro da membrana. O executante, com a mão molhada, fricciona a cana fazendo vibrar a pele e produzir um ronco. Existe, com muitas designações (ronca, zamburra, zambomba, na Europa, África e América do Sul.

Luís pedras é, atualmente, o único artesão em Elvas a manter o fabrico de Roncas, numa cidade que já teve uma comunidade de oleiros e ceramistas (ainda existe a rua dos Oleiros). Foi introduzido na profissão de oleiro através de formações em cerâmica.

ronca é o instrumento musical que acompanha os cantos de Natal em Elvas. Os homens juntam-se nos espaços públicos em grupos informais. Cada um com a sua, tocam em conjunto e cantam à vez, improvisando sobre uma base poética tradicional.

Em Elvas, as roncas guardam-se em casa e só são usadas perto do natal. “As roncas não se emprestam” é um provérbio de Elvas que avisa quem empresta a sua ronca de que corre o risco que a devolvam danificada e imprópria para os cantes de natal.

Ronca de Elvas, créditos Sete Maravilhas de Portugal

Ronca de Elvas, créditos Sete Maravilhas de Portugal

O grupo Roncas d’Elvas tem reavivado e divulgado as tradições alentejanas e da cidade fronteiriça no Dia de Reis em várias localidades incluindo Lisboa, onde no Terreiro do Paço e na Casa do Alentejo. Em Dia de Reis não pode faltar o cantar ao menino. Animou utentes da ABAT em Terrugem onde foi acompanhado pelos pequenos reis do infantário da mesma instituição. Comemorou em Campo Maior onde, entre cantigas, a tomada de posse da nova presidente da CURPI, Anselmina Caldeirão. Apresentou-se em Arronches aos utentes da UCC da Santa Casa da Misericórdia. Na Casa da Cultura de Elvas, integrada na programação de Natal da Câmara Municipal de Elvas, expôs dezenas de roncas, instrumento típico da época natalícia e essencial nos cantares do Natal de Elvas.

Roncas D’Elvas – ARKUS, Associação Juvenil
Avenida 14 de janeiro n.º 15
Elvas, Portugal
Tlm. 969 514 374
Correio eletrónico: roncasdelvasarkus@gmail.com

Coreto do Jardim Municipal de Elvas, grades, créditos Júlia Galego, 2011

Coretos de Elvas

Coreto é um equipamento ao ar livre, em praças e jardins, concebido para bandas de música em concerto, festa e romaria. Em Portugal, é encontrado praticamente em todas as povoações, no seu centro ou junto a igrejas, santuários ou capelas. Também é hoje utilizado para outras apresentações musicais e culturais.

Elvas

Coreto do Jardim Municipal de Elvas

Coreto do Jardim Municipal de Elvas, grades, créditos Júlia Galego, 2011

Coreto do Jardim Municipal de Elvas, grades, créditos Júlia Galego, 2011

Coreto do Jardim Municipal de Elvas, grades, créditos Júlia Galego, 2011

Coreto do Jardim Municipal de Elvas, grades, créditos Júlia Galego, 2011

O Jardim Municipal de Elvas é o maior espaço verde da cidade e está localizado à saída da principal ligação do centro histórico aos bairros mais modernos da cidade. Para além de um parque infantil, o jardim dispõe de uma área para desportos radicais, um centro de ténis e um polidesportivo.

Num dos seus recantos mais pitorescos, um coreto recorda os tempos áureos das bandas filarmónicas. Entre finais de maio e início de junho, o Jardim Municipal de Elvas acolhe a Feira Escolar, onde os estabelecimentos de ensino do concelho fazem exposição e demonstração das suas principais atividades, atraindo centenas de pessoas.

Fonte: CME

Vila Boim

Coreto de Vila Boim, créditos José Trindade

Coreto de Vila Boim, créditos José Trindade

Segundo José Pernão, este coreto foi edificado em Elvas, na Praça, transitou para o Parque da Piedade, seguindo para Vila Boim.

Cidade de Elvas

Música em Elvas

Músicos, instituições, história, património, atividades e arte de temática musical no Concelho

O Musorbis é um projeto inovador de mapeamento musical do País e tem condições de ser desenvolver quando há parcerias com os municípios.

Conheça o melhor da cultura musical de Elvas:

paisagem sonora
elementos sonoros marcantes no passado e no presente

músicos
personalidades ligadas à música (interpretação, instrumento, canto, composição, musicologia);

bandas filarmónicas
bandas de música

coros
agrupamentos vocais, história e atividade coral (Coral Públia Hortênsia de Castro, Coro Beato Aleixo)

ranchos folclóricos
grupos etnográficos

escolas de música
estabelecimentos de ensino da arte musical;

instrumentos
ronca de Elvas e seu papel na música, religião e sociedade;

órgãos de tubos
património organístico, órgãos históricos e modernos;

auditórios
centros de artes e espetáculos (Auditório São Mateus); Coliseu Comendador José Rondão Almeida

coretos
Jardim Municipal de Elvas

Cidade de Elvas

Cidade de Elvas

Academia de Música de Elvas

Escolas de Música e de Dança

Estabelecimentos do ensino de música e de dança no Concelho. Em geral, as bandas filarmónicas também possuem a sua escola de música: veja ao fundo informação sobre as bandas de música do Concelho.

Academia de Dança de Elvas

A A.D.E.- Academia de Dança de Elvas abriu portas em 2006 e disponibiliza aulas de Dança Clássica.

Rua Domingos Lavadinho, 28
7350-074 Elvas

Academia de Música de Elvas

Sítio: www.academiademusicadelvas.pt
Tel. (+00 351) 268 629 996

A Academia de Música de Elvas (AME) é uma escola do ensino vocacional da música reconhecida e tutelada pelo Ministério da Educação.

Academia de Música de Elvas

Academia de Música de Elvas

Rancho Folclórico de Elvas
Folclore em Elvas

Grupos Etnográficos, Tradições e Atividades no Concelho

Rancho Folclórico de Elvas

O Rancho Folclórico de Elvas foi fundado em 1975 para preservar e divulgar as tradições e a cultura popular alentejana. O conjunto representa os usos e costumes tradicionais dos antepassados através das músicas, das danças e passando pelos melodiosos cantares num claro tributo ao mundo rural.

Todas as danças foram recolhidas na região do Alto Alentejo, principalmente no concelho de Elvas, sendo as mais genuínas as “Saias de Elvas”. Do reportório do Rancho Folclórico de Elvas fazem também parte as “Saias da Orada”, “Saias de Campo Maior”, “Ora vai Tu” (Elvas), “Moda da Helena” (St.º Aleixo), “Vira de Seis” (Fronteira), “Dança dos Ovos” (Sousel), “Fandango Alentejano” (Arronches), “Moda da Navalha” (Vila Fernando), “Picadinha Alentejana” (Elvas), “Tai Pum” (Elvas), “Chapéu de Ganhão” (Portalegre), “Saias de S. Roque” (Elvas), “Saias de S. Romão”, “Saias de Vila Viçosa”, “Picadinha Valseada” (Fronteira), “Ao Passar do Ribeirinho” (St.º Aleixo) ou “São João” (Elvas).

As danças acima citadas representam os trabalhos, sobretudo agrícolas, do povo do norte alentejano (ceifa, desfolhada, apanha da azeitona, mondas das searas, os guardadores de gado e quadras festivas).

O Rancho Folclórico de Elvas exibe ainda uma variedade de trajes, tais como o/a azeitoneiro/a, ceifeiro/a, mondadeira, pastor, semeador, aguadeiro, cozinheira, entre outros. Desde o seu aparecimento, este grupo procura manter-se fiel aos valores culturais de extrema riqueza patrimonial na região do Alentejo.

O grupo tem feito e com sucesso a sua divulgação e promoção da sua cultura, não só com participações anuais em diversos eventos tanto a nível nacional, em festivais de folclore e iniciativas de norte a sul do país, como a nível internacional. Tem atuado em países europeus, com particular destaque para as comunidades de emigrantes portugueses no estrangeiro. É dentro deste espírito que o Rancho Folclórico de Elvas desenvolve a sua atividade, procurando assim, estabelecer laços de amizade com outras gentes.

É constituído por cerca de três dezenas de elementos, entre os 5 e os 70 anos de idade, que representam as tradições agrícolas e outras raízes da cidade de Elvas.

O Festival Internacional de Folclore conta sempre com a atuação do grupo anfitrião, o Rancho Folclórico de Elvas. A iniciativa, que decorre sempre na Praça da República, ia na 28ª edição em 2018, pelos 45 anos de existência do Rancho.

Rancho Folclórico de Elvas

Rancho Folclórico de Elvas

Fontes do Musorbis Folclore:

A “Lista dos Ranchos Folclóricos” disponível na Meloteca e a informação nesta plataforma resultam de uma pesquisa aturada no Google e da nossa proximidade nas redes sociais. Foram revistos todos os historiais de grupos etnográficos de modo a facilitar a leitura.

Banda 14 de Janeiro (f. 1955)
Filarmónicas de Elvas

Bandas de Música, História e Atividades no Concelho

Banda 14 de Janeiro (f. 1955)

A Banda 14 de Janeiro foi criada em fevereiro de 1952 na Sociedade Recreativa 1º de Dezembro que lhe atribuiu o nome de Banda 1º de Dezembro. Por razões de ordem pessoal desligou-se da coletividade e em 12 de janeiro de 1955 foi-lhe, por Estatuto, atribuído o atual nome de Banda 14 de Janeiro.

Banda 14 de Janeiro (f. 1952)

Banda 14 de Janeiro (f. 1952)

A data de 14 de janeiro tem um forte e importante significado histórico para a cidade de Elvas, pois nela ocorreu e se comemora, ano após ano, a célebre Batalha das Linhas de Elvas em que se consolidou a Independência Nacional e se estabeleceu o feriado municipal do concelho de Elvas.

Embora muitos documentos se tenham perdido, as raízes e tradições musicais da cidade de Elvas são centenárias. Na data da criação da Banda (1952) foi integrado um grupo de músicos oriundos das antigas bandas militares das unidades sediadas em Elvas (Infantaria 35 e Caçadores 8) que ao tempo eram os grandes veículos e suportes da cultura musical enraizada nas populações ao redor. Desses músicos, a sua maior parte já era de idade avançada, muitos deles na faixa dos sessenta anos.

A Banda teve com seu primeiro regente e fundador Francisco Miranda Raposo, verdadeiro obreiro e exemplo de dedicação impar à causa da Música, sendo de toda a justiça salientar e enaltecer elogiosamente toda a ação que desenvolveu em prol das Bandas de Música. Tem participado ao longo da sua vida em numerosas atividades musicais, quer em Portugal quer em Espanha.

Possui cerca de 36 elementos executantes. Mantém em funcionamento uma Escola de Música com principal incidência nas camadas jovens, donde saem a maioria dos seus executantes. Além da Banda de Música possui uma Orquestra Ligeira com 22 elementos repartidos por uma área instrumental e outra de cordas, teclas e canto.

A Banda 14 de Janeiro foi distinguida em 1980 pela Câmara Municipal de Elvas com o Diploma de Honra da Cidade de Elvas. É Membro da Federação Portuguesa das Coletividades de Cultura e Recreio desde 1980. Aderiu à Federação das Bandas Filarmónicas do Distrito de Portalegre em 2001 sendo admitida como Membro Efetivo.

Banda 14 de Janeiro (f. 1955)

Banda 14 de Janeiro (f. 1955)

O seu estandarte de cor e fundo bordeaux tem ao centro bordado a ouro a lira como símbolo da música e o brasão de armas da Cidade de Elvas ladeados por espigas de trigo atadas em laçarote de pontas estendidas com os seguintes dizeres Banda 14 de Janeiro e em toda a volta é envolvida com franja dourada.

Em 2025 celebra 70 anos.