Folclore em Miranda do Douro
Grupos etnográficos, tradições e atividades no Concelho
- Região etnográfica: Trás-os-Montes e Alto Douro (Trás-os-Montes)
- Distrito: Bragança
07 grupos
- Associação Miradanças
- Grupo de Pauliteiros de Sendim
- Grupo de Pauliteiros Mirandeses de Palaçoulo
- Grupo Folclórico dos Pauliteiros de Cércio
- Grupo Folclórico Mirandês de Duas Igrejas
- Lérias Associação Cultural
- pauliteiros de Miranda
Associação Miradanças
Sediada na freguesia e concelho de Miranda do Douro, a Associação Miradanças foi fundada em 2006.
Trabalha para preservar as tradições da terra. Procura estimular e incutir nas camadas mais jovens o gosto pela divulgação e promoção de uma cultura genuína, plena de uma riqueza invulgar de saberes acumulados ao longo de séculos e transmitidos de geração em geração.
Através do Miradanças, o conhecido baile dos paus bem como os bailes mistos e os jogos típicos do concelho ganharam nova roupagem.
Toda essa cultura, tradicionalmente associada ao mundo rural, recebeu um novo impulso na cidade de Miranda do Douro.
À Associação Miradanças pertencem os seguintes grupos: danças mistas de adultos e danças mistas infantis; grupo de pauliteiras; grupo de pauliteiros; grupo de gaiteiros.
Grupo de Pauliteiros de Sendim
O Grupo de Pauliteiros de Sendim foi fundado em 2007.
Pauliteiros são os praticantes da dança guerreira característica das Terras de Miranda, chamada de dança dos paus, representativa de momentos históricos locais, acompanhada com os sons da gaita de foles, caixa e bombo. Tem a particularidade de ser dançada por oito homens, que vestem saia bordada e camisa de linho, um colete de pardo, botas de cabedal, meias de lã e chapéu, que pode estar enfeitado com flores e finalmente por dois paus (palos), com os quais estes dançadores fazem uma série de diferentes passos e movimentos coordenados.
O reportório musical da dança dos paus chama-se lhaços, e é constituído pela música, texto e coreografia. Os executantes chamam-se pauliteiros, pois utilizam paus para tocar com danças.
Grupo de Pauliteiros Mirandeses de Palaçoulo
Este tipo de dança de origem indo-europeia, chegou ao Planalto Mirandês provavelmente por via celta. Antes da cristianização, estas danças estavam integradas em celebrações pagãs, que posteriormente o Cristianismo transportou para as suas festas religiosas. Assim em Palaçoulo, a festa anual em que desde tempos imemoriais, compete aos pauliteiros atuarem ritualmente e com todo o cerimonial, é a antiga festa das colheitas, em honra de Santa Bárbara.
Os Pauliteiros de Palaçoulo, após um interregno, aproximadamente de vinte anos, fizeram-se representar novamente em 1978 na Festa de Santa Bárbara, com os seus variadíssimos números denominados “lhaços”, não mais tendo parado de levar a todo Portugal e Estrangeiro este património cultural.
A Associação que os Pauliteiros representam foi fundada em 9 de dezembro de 1980, tendo ao longo dos anos adotado diversos nomes. Atualmente denomina-se de CARAMONICO – Associação para o Desenvolvimento Integrado de Palaçoulo.
Além do Folclore e em especial as danças dos Pauliteiros, a Associação tem como finalidade a promoção cultural, social, cívica e física dos seus associados, através de cursos, encontros, leituras, publicações, convívios, passeios, espetáculos, projeções com meios audiovisuais, festas, artesanato e valorização físico-desportiva, como sejam, o desporto, a caça, a pesca, o atletismo e outros.
Grupo Folclórico dos Pauliteiros de Cércio
Os primeiros documentos oficiais em arquivo relativos ao Grupo Folclórico dos Pauliteiros de Cércio referem a sua deslocação a Londres (Inglaterra) em 1933. Pela primeira vez foram utilizados os seus atuais trajes que para tal efeito foram oferecidos pela embaixada de Inglaterra, dado que as suas danças se assemelhavam aos costumes e tradições da Escócia e da Irlanda do Norte.
A partir de então, o grupo percorreu o país e apresentou-se várias vezes no estrangeiro. Esteve em Londres em 1933; Madrid (Espanha), onde os pauliteiros de Cércio ganharam o 1.º prémio, no concurso internacional de danças e canções a que concorreram dezoito nações, em 1949; Angola, onde permaneceu cerca de três meses em digressão em 1947; França, em 1987; Estados Unidos da América em 1988; Brasil, Salvador da Baía em 2003.
O grupo foi convidado a participar nos anos 1960 no filme “Portugal”, que na época resultou num grande êxito. A partir de 1960, com ressentiu-se com a emigração, tendo ficado inativo durante alguns anos. A reorganização ocorreu em 1964, então com 16 dançadores (caso único) em vez de 8.
Convidado a atuar nos melhores festivais de folclore no país como no estrangeiro, o grupo tem mantido o espírito dos antepassados. Após uma paragem de 5 anos, o grupo voltou a reunir-se com membros mais jovens e com as instruções de alguns membros constituintes das formações anteriores.
GFPC
Grupo Folclórico dos Pauliteiros de Cércio
GFPC
Grupo Folclórico dos Pauliteiros de Cércio, créditos Sérgio Albino
GFPC
Grupo Folclórico dos Pauliteiros de Cércio, créditos Sérgio Albino
GFPC
Grupo Folclórico dos Pauliteiros de Cércio, créditos Sérgio Albino
Flauta e tamboril
Tamborileiro mirandês
Grupo Folclórico Mirandês de Duas Igrejas
O Grupo Folclórico Mirandês de Duas Igrejas (pauliteiros de Miranda) foi fundado em 1945 pelo Padre António Maria Mourinho, pároco da freguesia de Duas Igrejas.
É constituído por 32 componentes, 22 dos quais são homens e 10 mulheres.
A variedade dos seus trajos e adornos e a pureza e autenticidade do seu reportório, constituído por numerosas canções e bailados, fazem dele um interessantíssimo e rico elenco etnográfico distribuído por três secções de danças: danças masculinas (pauliteiros); danças mistas, com coro e acompanhamento; danças mistas sem coros.
Na indumentária, destacam-se o agrupamento das «Flores», suas sombrinhas e outros pertences, e os mordomos da festa de S. João Evangelista, pelo Natal, com suas varas enramadas ao gogo, encimadas por maçãs, fitas e flores e os alforjes a pedirem a esmola para a festa. Estes mordomos depois, no baile, fazem a barba aos festeiros e cortam-lhes o cabelo, dando-lhes uma maçã que eles mordem para desempenharem a cadeira.
Os instrumentos musicais usados são simples e primitivos: gaita de fole, caixa e bombo, flauta pastoril, ferrinhos, conchas, castanholas, pandeiros e pandeiretas.
Formado por simples camponeses, tornou-se escola de conservação e execução do folclore mirandês, pelos mesmos filhos da terra, no seu próprio meio.
Grupo Folclórico Mirandês de Duas Igrejas
pauliteiros de Miranda
À semelhança da maioria das aldeias do planalto Mirandês, teve Fonte de Aldeia desde tempos imemoriais um grupo de pauliteiros (aliás o primeiro registo escrito sobre este tipo de dança alude precisamente a Fonte de Aldeia) que dançava especialmente na festa de Santa Bárbara, (festa de dança), percorrendo as ruas da aldeia pedindo esmola para a referida festa, e na qual o grupo é o organizador (mordomo) da festa.
A partir de finais da década de 1950 esta tradição perdeu-se e foi recuperada em 1998 graças a um grupo de jovens orgulhosos da sua terra, tradição e cultura, determinados em aprender e mostrar ao mundo, esta dança tão característica das Terras de Miranda.
No grande êxito desta recuperação, esteve sempre a ACReFA, a associação cultural e recreativa da aldeia, à qual o grupo esteve sempre ligado.
Desde 2000 que o grupo se encontra ligado ao Galandum Galundaina, prestigiado grupo de música tradicional mirandesa, também ele constituído por filhos da terra.
Desde o seu início, o grupo teve oportunidade de percorrer o país de norte a sul e ilhas com enumeras participações em programas televisivos.
Conta ainda com diversos espetáculos em Espanha bem como na França, Alemanha, Bélgica, Croácia, Cuba e Macau.
EDIÇÕES
cancioneiro tradicional Mirandês
A 20 de setembro de 2021 foi noticiado que está disponível na loja do Museu da Terra de Miranda e na rede de lojas Cultura Norte.
“Já está disponível ao público a reedição do cancioneiro tradicional Mirandês, I e II volumes, uma iniciativa da Direção Regional de Cultura do Norte, ao abrigo do Projeto Territórios Musicais – TERMUS.
A parceria transfronteiriça une o Museu da Terra de Miranda e do Museo Etnográfico de Castilla y León na importante tarefa de preservação da memória da tradição oral musical em Portugal e Espanha.
Reeditada quase quatro décadas após a primeira edição, os registos contidos na obra integram, ainda hoje, o reportório musical dos grupos de música popular tradicional da Terra de Miranda.
É a música popular e religiosa, a dança e coreografia, as canções dos serões, dos fiadouros, das mondas, das ceifas, das trilhas, dos cardadores, de embalar, que dão corpo ao riquíssimo campo do património imaterial mirandês, reunido em dois volumes por António Maria Mourinho etnógrafo e fundador do Museu da Terra de Miranda, e Francisco Serrano Sequeira Baptista, responsável pelo trabalho de recolha publicado no segundo volume desta edição.
A reedição do cancioneiro tradicional Mirandês visa a preservação e recuperação da memória da tradição oral musical, fundamental para a manutenção da cultura popular, num projeto com uma visão mais abrangente do património musical, no qual convergem tradição e modernidade: a tradição associada à memória e à herança cultural musical e a modernidade associada à normal evolução, adaptação e reinvenção das comunidades locais.”
Fontes:
No Musorbis foram revistos todos os historiais de grupos etnográficos. Para facilitar a leitura, foram retirados pormenores redundantes e subjetivos, e foram corrigidos erros de português.