Órgãos de tubos do concelho de Vila Franca do Campo [2]
De acordo com as informações de que dispomos, os órgãos de tubos existentes no Concelho são os seguintes:
[ Ilha de São Miguel ]
Igreja Matriz de São Pedro
Igreja Matriz de São Pedro
Sabe-se que já existia uma Igreja Matriz de São Pedro em 1529 e que serviu de paróquia enquanto a igreja de São Miguel foi reconstruída após 1522. Décadas depois, numa carta régia de 3 de março de 1606, há notícia de que passou a incluir a paróquia de São Lázaro, transferida após uma visita pastoral que a encontrou quase em ruínas. Em 1746 beneficiou de importantes obras de reconstrução, que duraram até 1758, sendo a primeira missa celebrada a 2 de fevereiro desse ano. A atual Igreja Matriz de São Pedro foi fruto dessa reconstrução no séc. XVIII. Na fachada, tipicamente barroca, ostenta uma imagem do padroeiro em pedra, datada do séc. XVI.
A Igreja Matriz de São Pedro possui um órgão histórico da autoria de João Nicolau Ferreira, de data desconhecida, restaurado por Dinarte Machado Atelier Português de Organaria, em 2006.
Órgão da Igreja Matriz de São Pedro
Igreja Matriz de São Miguel Arcanjo de Vila Franca do Campo
Igreja Matriz de São Miguel Arcanjo
A Igreja Matriz de São Miguel Arcanjo localiza-se na Vila e concelho de Vila Franca do Campo, ilha de São Miguel, Região Autónoma dos Açores, Portugal. É um dos templos mais antigos do arquipélago. A primitiva Igreja Matriz de Vila Franca foi instituída pelo próprio Infante D. Henrique, que ordenou a sua construção, tendo sido Rui Gonçalves da Câmara terceiro capitão do donatário da ilha, e seu primeiro residente, quem a edificou. Foi parcialmente soterrada pelo terramoto de 1522 e, de acordo com a narrativa de Gaspar Frutuoso, foi logo reconstruída, para cujas obras foram reaproveitados materiais de construção da primitiva igreja, além de apoios do monarca. Os trabalhos mantiveram o mesmo tipo arquitetónico do templo, em estilo gótico. Em 1579, o cardeal-rei autorizou o lançamento de uma finta para o lajeamento da igreja e do adro e, em 1585, a Ordem de Cristo autorizou o douramento da sua Capela-mor. No contexto da Dinastia Filipina, tendo Vila Franca do Campo sido atacada por corsários, o templo conserva no alçado da sua torre sineira voltado para o mar a marca do impacto de um projétil de artilharia, tendo abaixo dele sido inscrita a data do ataque: 1624, mesmo ano em que a Companhia Neerlandesa das Índias Ocidentais conquistou a cidade do Salvador, então capital do Estado do Brasil.
Possui um órgão histórico da autoria de Manuel Serpa da Silva, executado em 1900.
Botelho de Gusmão, A Identidade, 22 novembro 2010
O Órgão de tubos da Matriz de São Miguel Arcanjo foi construído por Manuel de Serpa da Silva, organeiro da Ilha do Faial, que havia aprendido este ofício na América, e que veio a construir diversos Órgãos, nomeadamente o da Matriz de Santa Cruz das Flores, em 1903; e os da Fazenda e da Matriz do Nordeste.
Foi aí colocado e inaugurado na Festa de São Miguel, a 14 de Maio de 1900. Há, porém, no livro de tombo, diversas referências que levam a concluir que sempre houve Órgão nesta Matriz. Assim resulta das visitas de 1674 e de 1798 e das diversas nomeações de organistas.
O coro alto actual, onde se encontra o Órgão, é de 1886, tendo vindo substituir o antigo coreto que existia entre a Capela-mor e a Capela do Rosário.
No livro do tombo encontra-se transcrita a acta da sessão extraordinária desse dia de festa, a 14 de Maio de 1900. Às 11.00 reuniu-se a Junta de Paróquia, a qual era composta pelo Presidente, Prior Jorge Furtado da Ponte, e pelos vogais: Pe. Jacinto Furtado de Couto, Jacinto Soares Botelho de Gusmão, Mariano Borges Soares, António José Raposo, Pe. Manuel Jacinto de Andrade Dias, José Maria de Sousa, António José Pacheco, e pelo Mestre de Capela de então, Urbano José Dias. Participaram ainda o Regedor, João Pereira de Mendonça, e todos os cavalheiros que auxiliaram na angariação de esmolas para a aquisição do Órgão. Foi aprovado um voto de louvor e agradecimento a todos os que contribuíram para a sua aquisição, tendo os seus nomes ficado registados. O total das despesas foi de 1.782$510 reis, estando já pagos 1.392$510 reis, ficando-se assim a dever ao construtor 380$000 reis. A sessão encerrou ao meio-dia, hora em que foi iniciada a solene festividade em honra do nosso Protector, momento no qual o Órgão tocou pela primeira vez.
Durante todo esse ano continuaram-se a recolher donativos, sendo interessante referir a subscrição feita entre os nossos emigrantes residentes na cidade do Pará. Já desde 1898 que, quer o Clero, quer os Músicos, dispensaram todas as gratificações que eram usuais à época pelas festas em favor do pagamento do Órgão. Foi assim com grande satisfação que, passado um ano, a Junta de Paróquia voltou a reunir-se na festa de São Miguel Arcanjo, dando por finda esta sua missão, uma vez que àquela data, 12 de Maio de 1901, encontrava-se tudo pago.
Os nossos antepassados, com grande esforço, do qual ainda hoje beneficiamos, mas com muito entusiasmo, adquiriram assim o imponente instrumento que, do coro alto da Matriz de São Miguel Arcanjo, volvido um século, voltou a soltar os seus acordes festivos a 5 de Novembro de 2005, readquirindo o esplendor que só os vilafranquenses do início do século XX haviam conhecido.
Nas últimas décadas, por diversas circunstâncias, estava o Órgão de Tubos quase votado ao abandono, interrompido de forma simbólica na festa de São Miguel, associando-o, com muito esforço, em cada seu aniversário, na homenagem ao Patrono da Ilha, que desta Igreja Mãe é venerado e celebrado de forma solene.
A recuperação do Órgão foi promovida pelo Mestre de Capela do Coro da Prioral Matriz do Archanjo São Miguel, com a autorização e cooperação da Comissão Fabriqueira, o apoio logístico da Câmara Municipal e o incentivo da Direcção Regional da Cultura, tendo o custo do restauro sido suportado, na íntegra, por essas duas instituições, e adiantado, a título de empréstimo, pelo Prof. Gabriel Cravinho.
O restauro foi entregue à Oficina e Escola de Organaria, com sede em Esmoriz, pelo Mestre-organeiro Eng. Pedro Guimarães, com a colaboração do Mestre-organeiro Harm Kirschner, vindo da Alemanha.
A Inauguração foi tocada pela distinta organista Dr.ª Ana Paula Andrade Constância, abrindo com o marcial Hino do Patrono da Ilha, seguida do Quis Ut Deus e de Solene Te Deum de Bordese, cantados pelo Coro da Prioral. Em jeito de concerto, foram tocadas várias peças, algumas com o precioso canto de Eulália Mendes. No final, cantou o Coro Litúrgico da Matriz de Ponta Delgada, encerrando, em conjunto com o Coro da Prioral, num total de noventa vozes, com uma Homenagem a Nossa Senhora da Paz, composta para a ocasião, e o Aleluia de Haendel.
Aquele Ano Pastoral, dedicado à dignificação do Domingo, dia do Senhor, relembrando aos cristãos a sua importância no encontro com Deus, enquanto dia de festa e de vida, teve na comunidade esse sinal de alegria na beleza que devolveu à Matriz os majestosos acordes desse centenário Órgão de Tubos, implicando mais participação no Coro, o seu regresso ao recato do coro alto da Igreja e maior qualidade no Canto, qualidades que, oferecidas na Liturgia, incentivam o íntimo encontro com Deus.
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