Filarmónicas do Funchal
Bandas de Música, história e atividades no Concelho
- Banda Distrital do Funchal
- Banda Municipal do Funchal
A ABFRAM – Associação de Bandas Filarmónicas da Região Autónoma da Madeira é uma associação cultural de natureza filarmónica sediada na cidade do Funchal.
Bandas Filarmónicas Madeirenses
Das várias práticas musicais amadoras existentes na Madeira, as bandas filarmónicas representam a face mais visível do espírito associativo, musical e cultural, que encontrou primeiro no Funchal (1850) e depois em todo o espaço rural uma adesão inquestionável.
Sociedades musicais, alicerçadas na comunidade que as envolve, o mundo das bandas continua a desempenhar um papel inter-relacional de relevo, abrindo as portas não só para o conhecimento da música e prática musical como também para a afirmação de vilas e freguesias. Até ao 25 de Abril de 1974, a inexistência de escolas de música fora do Funchal, centrou na ‘’escola da banda’’ toda a atividade de aprendizagem prática e teórica. Uma arte, que contou apenas, com a persistência dos mestres e a disponibilidade de quem queria aprender.
Muitos dos músicos, mestres e compositores que hoje homenageamos, passaram por estas formações, dando de si e do seu tempo, para um fim comum, a prática musical coletiva. Até ao final da década de 30, do século passado, todo um movimento de constituição destas sociedades, levaria a ‘’música de sopro’’, a freguesias como o Arco de são Jorge e até à ilha do Porto Santo. A sala de ensaio, de algumas destas bandas, serviu também como banco de escola, a muitos que não tiveram uma primeira oportunidade para ler, escrever e contar. Gente que vivia do magro sustento da agricultura, usando o fato da banda, em ocasiões festivas, ou calçando pela primeira vez, um par de sapatos. Tempos difíceis, em que a música feita no coreto, era também um sopro de liberdade, numa valorização pessoal e humana, que fora dele simplesmente não existia.
O modelo, a formação e direção das bandas civis iria ser decalcado das congéneres militares, sendo os seus mestres contratados pelas mais importantes sociedades musicais madeirenses. Assim aconteceu com a Banda Municipal do Funchal (1850), a Banda Municipal de Câmara de Lobos (1872) e a Banda Distrital do Funchal (1872), as três mais antigas formações que durante muito tempo disputaram entre si não só aspetos de rivalidade mas os talentosos mestres militares, únicos ao tempo no saber musical, específico, para este tipo de agrupamento.
No entanto, é sem dúvida nenhuma, fora do Funchal que o fenómeno das bandas ganha expressão. Primeiro no Paul do Mar (1874), depois na Ponta do Sol (1882) seguindo-se Faial (1895), Santa Cruz e Machico com atividade musical já em 1896. As bandas filarmónicas madeirenses estão de porta aberta e prometem muita atividade para o séc. XXI. Acima de tudo, continuar a formar jovens músicos, marcando-lhes positivamente a vida com trabalho de grupo, persistência e alegria.
Fonte: 600 Anos da Madeira e Porto Santo
Banda Distrital do Funchal
Vinte e sete músicos que haviam abandonado, por dissidências, a Filarmónica Artístico Funchalense fundaram em 1872, num edifício contíguo à Igreja de Nossa Senhora do Carmo, a Filarmónica Artístico Madeirense. Liderados por César José Coelho, que foi o primeiro regente da nova coletividade, “Os Guerrilhas”(como ficaram popularmente conhecidos), trajados de casaco azul, calça branca e chapéu de palha, terão brevemente iniciado a sua atividade artística nas festividades religiosas das paróquias do Funchal. Desde 1875 a Filarmónica Artístico Madeirense apresentou-se em “funções sacras” na Sé (São Pedro), Monte, Santa Luzia, Consolação, São Roque, Santa Maria Maior, Santa Catarina, São Martinho, Santo António e São Gonçalo, deslocando-se ainda às paróquias do Caniço e Camacha.
No dealbar do novo século, a Filarmónica Artístico Madeirense contava já com um notável número de sócios-executantes, pois em 1903, a coletividade organizou três divisões para as festas do Espírito Santo na Calheta, Prazeres e Camacha. Além disso, desde 1900 a filarmónica oferecia ainda o préstimo de uma orquestra de igreja e coro, constituído(s), em 1903, por vinte e sete músicos, sob a regência de Gama, e que ainda em 1921 prosseguia a sua atividade.
A Filarmónica Artístico Madeirense, por diploma régio adotou, desde 1908, a denominação Real Filarmónica Artístico Madeirense. Após 1910, empregou a denominação Banda Republicana Artístico Madeirense, vindo, por deliberação da Junta Geral do Distrito a tomar definitivamente, desde 2 de Junho de 1925 o título Banda Distrital do Funchal – “Os Guerrilhas”. Serviu ainda em atos oficiais e outras cerimónias cívicas, prestando-se à saudação das entidades civis, militares (e, quando a propósito, à imprensa), ora garantindo a animação das comunidades madeirenses no decurso das celebrações, ou realizando alguns concertos de música instrumental erudita.
A filarmónica associou-se às comemorações realizadas no Monte pela visita do Rei D. Carlos I e Rainha D. Amélia à Madeira, em 1901. Tomou parte ainda nas habituais celebrações da Restauração da Independência (1919, 1922, 1924), da Proclamação da República e da Revolução de 28 de Maio (1943, 1952); nas comemorações do V Centenário do Descobrimento da Madeira (1922); nas inaugurações do Caminho de Ferro do Monte (1895) e do monumento ao Conde do Canavial (1922); nos desfiles públicos e na récita de gala em louvor ao sucesso da travessia aérea do Atlântico dos aviadores portugueses Gago Coutinho e Sacadura Cabral no Teatro Dr. Manuel de Arriaga (1922), e dois anos volvidos, na récita em benefício do intento dos aviadores portugueses Brito Pais e Sarmento Beires, no Cine Ideal (1924); no Dia do Desporto (1934) e no Dia de Consagração do Automóvel (1935); e ainda nas regulares Festas da Cidade e nas frequentes feiras populares organizadas por organismos governamentais e por instituições artísticas e desportivas.
A Filarmónica Artístico Madeirense ofereceu o seu contributo artístico em várias iniciativas beneméritas, de entre as quais a quermesse da Cruz Vermelha de 1924, destinada à angariação de fundos para a construção dum imóvel adequado para operações; a récita de caridade para o Natal das crianças pobres, realizada no Teatro Funchalense em 1925; e ainda a festa ao ar livre em favor dos tuberculosos, que se realizou em 1934, entre outras várias iniciativas de caridade social. Tais atos beneméritos mereceram o reconhecimento de instituições de Estado e da associações, em sucessivas distinções: Medalha da Cruz Vermelha Portuguesa, por dedicação e filantropia (1924); Medalha de Prata de Filantropia e Caridade dos socorros Náufragos (1925); Louvor da Câmara Municipal do Funchal por atos filantrópicos (1954); Membro Honorário da Ordem de Benemerência, por concessão do Presidente da República (1972).
A coletividade tomou parte em várias récitas e festas artísticas em favor de várias associações comerciais, artísticas e desportivas, da imprensa, e de artistas madeirenses e estrangeiros, como os benefícios para o Ateneu Comercial (1889), para o Club Sports Madeira (1916), para o Diário de Notícias (1950); aqueles para o eletricista do Teatro-Circo (1917) e para o maestro Artur Ângelo (1921) e ainda as festas artísticas de Luís Vieira de Castro (1924) e José Clímaco (1924).
A cooperação da Filarmónica Artístico Madeirense com associações regionais e nacionais prosseguiu regularmente nas décadas seguintes, e merece menção a realização de um sarau em honra do clube Olhanense (1925) e o acolhimento de um Certame de Filarmónicas de Canudo (1932), bem como a participação da coletividade no arraial organizado pelo Recreio Musical União da Mocidade (1935), no sarau artístico do Diário de Notícias, na comemoração do cinquentenário da Sociedade Vinte e Dois de São João da Ribeira (1957) e na Grande Feira Popular do [C. S.] Marítimo (1959), e a homenagem consagrada às bandas açorianas que tomaram parte no Concurso de Bandas Filarmónicas organizado pela FNAT, e que, no trajeto para Lisboa, passaram pela Ilha (em 1960).
Atendendo à solicitação de empresas e artistas, a Filarmónica Artístico Madeirense apresentava-se desde pelo menos 1889, no foyer do Teatro-Circo, e desde pelo menos 1916, realizava breve participações entre atos das récitas, vindo a organizar os seus próprios concertos em 1917, 1922 e 1924 naquele mesmo espaço público. A filarmónica tomou parte em eventos noutros espaços públicos da cidade, apresentando-se, a título de exemplo, no “Arraial Minhoto” realizado no Casino Vitória em 1930.
Em 1934, a filarmónica organizou um notável concerto no Teatro Municipal Baltazar Dias, em preparação da sua digressão aos Açores, com várias renomeadas obras do repertório instrumental erudito, sobre a direção do maestro João Júlio da Costa Cardoso, repetindo-o, dias depois, para proveito e instrução artística das classes menos abonadas, no Jardim Municipal.
A Filarmónica Artístico Madeirense contribuiu para a formação das audiências madeirenses na erudita música instrumental, por meio da regular organização de concertos nos teatros, noutros espaços públicos e nas praças da cidade do Funchal (que acresciam àqueles realizados aquando de comemorações cívicas, acima descritos). A coletividade terá iniciado os seus concertos públicos ainda em finais do século XIX ou no decurso da primeira década do século XX, a maioria dos quais aquando da efeméride da fundação: anúncios e crónicas da imprensa fazem referência a pontuais concertos organizados pelos Guerrilhas na Praça Marquês de Pombal e na Quinta Pavão em 1916 e 1919 e ilustram, com particular interesse desde a quarta década do século, a notável atividade da Filarmónica Artístico Madeirense, documentando a realização dos concertos no Jardim Municipal (Jardim D. Amélia), Jardim de São Francisco e Palácio de São Lourenço. Vários concertos em celebração do aniversário de fundação terão sido realizados, como habitualmente, na sede da coletividade.
Nessa notável dinâmica concertística, especial reconhecimento mereceram os executantes e diretores aquando de duas digressões: ainda em 1909, a Filarmónica Artístico Madeirense apresentou-se nas festas de Maio de Santa Cruz de Tenerife, a convite da colónia de madeirenses, em dois concertos no Teatro Principal; volvido um quarto do século, por iniciativa de João Araújo, Presidente da Direcção, a Banda Distrital do Funchal rumou aos Açores, visitando sete ilhas e realizando três concertos em Ponta Delgada, Terceira e Faial.
Estreitavam-se as relações entre executantes, suas famílias e demais associados dos Guerrilhas aquando da celebração dos aniversários da fundação, em vários saraus, bailes, diversões ao ar livre e excursões e naqueles e noutros eventos festivos apresentava-se a banda e ainda vários outros ensembles da instituição. Ainda em 1925, executantes e associados da recém-renomeada Banda Distrital do Funchal – Os “Guerrilhas” – organizaram uma [nova] Orquestra, sob a regência de Costa Cardoso, um Grupo de Ocarinas e um Grupo Dinástico e de Variedades; em 1934 a coletividade acolhia um Grupo Dramático e em 1938 a Orquestra de Jazz “Os Sete do Céu Azul – Distrital Dance” (sob a regência de Amadeu Pestana) e em 1947 a Orquestra Brilhante (sob a direção de Alfredo Abreu). Em 1955, por iniciativa de Eduardo Brazão e Basílio Caldeira, iniciaram-se os míticos bailes de Carnaval dos Guerrilhas, animados pela Orquestra Brilhante sob a direção do vocalista Francisco Martins, e que perduraram até 1974.
Naqueles cem anos de atividade musical, assumiram a direção de Os Guerrilhas César José Coelho (1872 – ?), Ernesto Ciríaco, César Rodrigues do Nascimento, António de Aguiar (1906-1917), Manuel A. de Figueiredo (1918), Nascimento Cruz, Douwens, José de Freitas Gama, Amadeu de Moura Stoffel (1922), Graça (pai), Graça (filho), Tenente Fonseca, João Júlio da Costa Cardoso (c.1925; c.1934) Arnaldo de Vasconcelos (1929-?), João Paulo Ferreira (c. 1941), António Dias Júnior (c. 1943), Firmiliano Martins Cândido (c. 1949) e Abílio Pinto Ribeiro (1950-c.1969).
O assinalável labor artístico da Banda Distrital do Funchal – “Os Guerrilhas” – prosseguiu nas décadas posteriores à celebração do centenário da fundação, sob a regência de Abel Teixeira Mendes (1972-1985); Álvaro Manuel Vicente dos Reis (1985-1986); João Gomes Henriques de Sousa (1986-1993; 1998-2002); Aquilino Domingos da Silva (1993-1998) e Rafael Mendes, seu diretor artístico nas duas passadas décadas. Pelo seu valioso contributo à cultura popular, a Banda Distrital do Funchal foi distinguida pelo Governo Regional da Madeira, em 1989. Em anos recentes, a Banda Distrital do Funchal – “Os Guerrilhas” tomou parte no Dia da Região na Expo 98.
Merece especial destaque a recente recuperação das iniciativas de Carnaval, que testemunha a consciência histórica de diretores e executantes por uma manifestação cultural para a qual contribuiu tão significativamente a Banda Distrital do Funchal – Os Guerrilhas. Em festividades religiosas por toda a Ilha, em comemorações cívicas e eventos beneméritos, em concertos e outros iniciativas, a centenária coletividade continua a proporcionar entretenimento artístico às comunidades locais do arquipélago da Madeira e aos seus visitantes e, graças aos esforços de Rafael Mendes, seu diretor artístico, e de Cátia Macedo, Presidente da Direcção e docente da Escola de Música, a Banda Distrital do Funchal – Os Guerrilhas – possibilita iniciação musical e a tão salutar prática artística a várias crianças e jovens funchalenses.
Fonte: Rui Magno Pinto
BMF
Banda Distrital do Funchal
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Banda Municipal Do Funchal
Em 1850, um grupo de trabalhadores, liderado por Manuel de Nóbrega, fundou a “Filarmónica dos Artistas Funchalenses” para divulgação da arte musical e ocupação dos seus tempos livres. Foi na Capela do Amparo na Freguesia de São Martinho, Concelho do Funchal que, pela primeira vez, apareceram em público, abrilhantando o arraial de Nossa Senhora do Amparo.
Em 1927, foi em digressão até à Ilha de São Miguel (Açores), sob a regência do então Ten. Gustavo Coelho, onde executou obras de grande prestígio, (1812, Marcha Húngara, O Inferno, Rapsódia Portuguesa de Águeda, Barbeiro de Sevilha). Em 1925, como recompensa dos serviços prestados à Câmara Municipal do Funchal, recebeu o título de Banda Municipal do Funchal.
Em 1927, foi agraciada com a medalha de “Louvor Merecido”, pela Cruz Vermelha Portuguesa. Em 1931, tornou-se sócio do “Angustias Atlético Clube da Horta”, Açores. Por Decreto de 25 de Janeiro de 1951, do Governo da República, é-lhe conferido o Grau de Cavaleiro da Ordem de Instrução Pública, sendo-lhe concedidas honras e o direito ao uso das insígnias que lhe correspondem. Está inscrita na Federação Portuguesa das Coletividades de Cultura e Recreio, pela qual foi condecorada com a Medalha de Ouro. Foi 1ª Classificada no II Grande Concurso de Bandas de Música Civis na eliminatória insular (29-08-1968) «4ª na Final realizada em Lisboa» (16-10-1971), na sua categoria (2ª) e 2ª no Desfile geral. Participou no VI Festival de Bandas Amadoras do Concelho de Loures, em 24-11-1995.
BMF
Banda Municipal do Funchal
Atuou na EXPO 98, em Lisboa, em representação da Região Autónoma da Madeira. Apresentou-se na EXPO 2000, em Hanôver, em representação da Região Autónoma da Madeira. Participação no 5º Festival de Bandas dos Templários na cidade de Tomar, em representação da RAM. É constituída por 52 executantes, de diversas profissões (operários, funcionários públicos e estudantes) com escalão etário dos 13 aos 75 anos.