Vimioso e os seus festivais
Festivais de Vimioso
Ciclos, jornadas, encontros e festivais de música e dança no Concelho
Festival da Gaita de Fole
Nos dias 9 e 10 de abril de 2022, em Caçarelhos (concelho de Vimioso, distrito de Bragança) decorre a III edição do Festival da Gaita de Fole.
Com mais de 200 tocadores confirmados em finais de março, a organização apresentava-o como o maior festival de gaitas de fole do país.
“O primeiro festival começou com 30 gaiteiros. No segundo ultrapassámos os 100 tocadores e atualmente já temos mais de 200 vindos de Lisboa, Porto, Coimbra, Minho, Terra de Miranda, Galiza e Barcelona (Espanha), entre outros territórios da raia nordestina. Creio que vamos ter o maior festival do país e um dos maiores da Península Ibérica”, explicou à Lusa o presidente da Junta de Freguesia de Caçarelhos, Licínio Martins.
De acordo com o autarca, o objetivo é promover naquela aldeia da Terra de Miranda o “maior” Festival da Gaita de Fole do país, com inscrições ainda abertas e num futuro próximo começar a preparar o maior festival da Península Ibérica, que pretende juntar meio milhar de tocadores deste instrumento tradicional.
O festival está inserido da Feira do Pão de Caçarelhos, certame que é montra dos produtos da terra e que atrai público de ambos os lados da fronteira.
De acordo com a Associação Portuguesa para o Estudo e Divulgação da Gaita-de-Foles, em Portugal é possível encontrar pelo menos três tipos principais de variedades do instrumento: a Gaita-de-foles da costa oeste, a de Trás-os-Montes e Alto Douro, chamada “Gaita Transmontana” ou “Gaita Mirandesa”, e ainda a Gaita-de-foles da Beira Litoral, que possui características ligeiramente diferentes das duas últimas.
Embora todas estas possam ser chamadas pelo mesmo nome, são instrumentos com diferenças claras entre si.
Outra da tónica prende-se com a afinação deste instrumento em que vai ser preciso fazer dois grupos: um de gaitas galegas e outro de gaita mirandesa para poderem tocar um tema em uníssono.
“Vamos ter dois grupos, e só assim é possível ouvir o toque das gaitas, porque têm afinações diferentes, para que não haja falhas”, vincou.
Na segunda metade do século XX, o instrumento tinha, praticamente, desaparecido. Com um número reduzido de intérpretes, menor ainda era o número de construtores deste instrumento com origem em processos tradicionais. Outro dos entraves à sua preservação era também um reduzido número de gaiteiros em processo de aprendizagem.
“Em 2019, ano anterior à pandemia, na minha escola tinha 80 alunos com idades entre os 7 e os 70 anos, o que prova a dinâmica que instrumento atingiu na Terra de Miranda”, observou Amadeu Soares.
O uso da gaita-de-foles ultrapassou os domínios do tradicional, podendo encontrar-se conjuntos constituídos por gaita mirandesa e outros instrumentos, inclusive de base eletrónica, como acontece com grupos mirandeses como os Galandum Galundaina ou Trasga, entre outros.
Fonte: Lusa