Povoação e as suas filarmónicas
Filarmónicas na Povoação
Bandas de música, história e atividades no Concelho
Os Açores têm 101 bandas filarmónicas espalhadas pelas nove ilhas do arquipélago, que desenvolvem, segundo o músico e professor Roberto Martins, um trabalho com um “valor cultural inestimável” e de “enorme relevo social”. (Lusa, 02 de setembro de 2022)
Sociedade Filarmónica Marcial Troféu
A 14 de abril de 1912, a Banda Marcial Troféu fez a sua primeira apresentação, ao incorporar-se na procissão do Sagrado Viático aos Enfermos que naquele ano se realizou na Vila da Povoação. No mesmo ano foram elaborados os primeiros estatutos que, a 23 de outubro de 1912 viriam a merecer a aprovação do então Governo Civil de Ponta Delgada, com o nome que hoje detém, Sociedade Filarmónica Marcial Troféu. A denominação adotada foi a mesma de uma primitiva banda que existiu nesta vila por volta do ano de 1860.
No ano seguinte ao da sua constituição, foram instalados os seus primeiros órgãos sociais. A Sociedade Filarmónica Marcial Troféu tem edifício sede, na Rua Padre Ernesto Jacinto Raposo desta Vila, edifício este construído e doado pela Câmara Municipal da Povoação, conforme escritura de doação lavrada a 23 de Julho de 1995. Desde a sua fundação, a Sociedade Filarmónica Marcial Troféu tem vindo a prosseguir os fins estatutários para que foi fundada, participando nas festas e solenidades públicas do concelho da Povoação e de fora deste.
Durante muitos anos, sempre que solicitada, esta Sociedade Filarmónica fez e faz animação de Verão, para além dos habituais concertos por ocasião das festas religiosas. Tem recebido e aceite vários convites para atuar nalgumas ilhas dos Açores, nas comunidades de emigrantes nos Estados Unidos da América e do Canadá e no continente português. A Sociedade Filarmónica Marcial Troféu tem uma escola de música.
Banda Marcial Troféu
Sociedade Musical Sagrado Coração de Jesus
A SMSCJ nasceu em 1891, na freguesia do Faial da Terra, por iniciativa do então pároco, Pe. António Pacheco Vieira. O primeiro regente foi Francisco do Rego Raposo, natural da Ribeira Grande, que iniciou, desde logo, a escola de música. A primeira escola teve a particularidade de todos seus aprendizes terem idade superior a 30 anos.
Outros regentes dirigiram a banda: António Fernandes Bonifácio, António Jácome Raposo de Medeiros. Nesta altura foi adquirida a primeira farda, de cor branca, com pequenos vivos azuis, investimento que só foi possível com o precioso auxílio dos emigrantes faialenses. Sucedeu-lhe Francisco Carreiro do Couto, conceituado músico da Filarmónica, o primeiro regente nascido e criado para a música na Banda. Foi adquirida uma sede, com a gentil oferta do Monsenhor António Pacheco Vieira, fundador da Banda, que na altura, estava nos Estados Unidos da América. Foi construído o coreto da freguesia com o auxílio de particulares. Ao maestro sucedeu-lhe o filho, Francisco Resendes do Couto, que renovou o repertório, adquiriu instrumental novo, e dois fardamentos num espaço de oito anos. Um cinzento e outro com casaco preto e calças de fantasia. É também com este regente que a banda começa a ter senhoras como executantes. Assumiu a presidência da Direção e foi o responsável pelas primeiras saídas da banda para fora da ilha de S. Miguel.
Em 1994, foi inaugurada a nova sede. Depois de Francisco Venâncio Couto, foi Fernando Leite, natural da Povoação, quem assumiu a batuta de regente. A seguir, assumiu a batuta o primeiro maestro oriundo da Banda Militar dos Açores, Aquiles Preto. Em seguida, outro militar, Marco Cabral, Laurindo Araújo, novamente Francisco Venância Resendes Couto, Carlos Sousa, um jovem natural da vizinha freguesia de Nossa Senhora dos Remédios. Com ele, em 2005, a banda desloca-se à ilha da Madeira, em 2007, à ilha Terceira para participar nas Festas da Praia da Vitória, em 2008, às ilhas do Faial e Pico, em 2009, novamente à ilha do Pico e em 2010, regressou à ilha do Faial para fazer parte do concerto de encerramento da festa “Semana do Mar”. Em 2008, que esta instituição se torna percursora, na ilha de S. Miguel, ao realizar o “I Workshop de Filarmónicas da ilha de S. Miguel”, que contou com a presença de 60 elementos de toda a ilha.
Nos anos seguintes, e com o número crescente de executantes, vêm participar no “III Workshop” músicos do Continente Português, abrindo, assim, os horizontes deste evento para fora da ilha. Em 2009, gravou o primeiro CD, – Sons do Presépio da Ilha – fazendo, assim, um registo para o futuro do trabalho de vários anos e da persistência de todos quantos por aqui passaram. Em 2012, gravou o seu segundo CD (não chegou a ser editado) no âmbito do programa Filarmonia da RDP Açores. João Pedro Resendes, filho e neto de anteriores regentes desta banda, assumiu a responsabilidade da direção técnica, interrompendo a sua atividade de regente em 2014, por motivos de saúde, porém regressou em 2015. Neste curto período da sua ausência, a direção técnica da filarmónica foi assumida pelo maestro Rafael Moniz Vieira, que acumulou as funções de maestro da Lira Nossa Senhora da Saúde, a sua banda de origem, e da Sociedade Musical do Sagrado Coração de Jesus.
Sociedade Musical Nossa Senhora da Penha de França
A SMNSPF, da freguesia de Água Retorta, foi fundada em 1947, sendo a única instituição recreativa da freguesia. Ao longo do ano, desenvolve a sua atividade em prol da comunidade, com tocatas, concertos, acompanhamento das festividades do Espirito Santo dos Impérios da freguesia e das procissões religiosas.
Mantém uma escola que forma os jovens músicos. Realiza concertos noutras freguesias e concelhos de São Miguel. Efetuou também uma deslocação à ilha de Santa Maria, a Portugal Continental, (Cabeceiras de Basto), e aos Estados Unidos da América, tendo participado nas Grandes Festas do Divino Espírito Santo da Nova Inglaterra. Tem cerca de 37 elementos com idades entre os 8 e 65 anos. Realiza, em média, cerca de 25 participações em eventos culturais.